Depois de análise de controle de medicamento, técnicos da Anvisa sugerem
que substância prescrita para emagrecer permaneça no mercado, mas com
restrição de venda. Decisão final sai na semana que vem
Julia Chaib
Estado de Minas: 27/03/2013
Polêmico, o
emagrecedor sibutramina deve continuar no mercado brasileiro. A venda do
remédio foi colocada em xeque pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) que, durante o ano passado fez uma nova análise do
produto. A avaliação teve o objetivo de definir se o medicamento
entraria na classe dos inibidores de apetite já suspensos no país, como
os anfetamínicos mazindol, femproporex e anfepramona. A sugestão de não
proibir a substância veio de técnicos da agência que monitoraram o
produto e será levada à pauta da mesa diretora do órgão, que aprovará ou
não a decisão, na semana que vem. Em outubro de 2011, a sibutramina
passou a ser vendida com restrições.
O diretor- presidente da Anvisa,
Dirceu Barbano, disse ontem em audiência pública na Câmara dos
Deputados, que o relatório técnico comprovou que o controle feito em
torno da substância foi eficaz (ver Memória). “A indicação da área
técnica é de manter o produto sendo vendido com o controle feito
atualmente”. Segundo Barbano, a conclusão dos técnicos mostram que não
houve aumento considerável no consumo do produto. “Não houve migração de
pacientes que usavam os emagrecedores suspensos para o uso da
sibutramina e isso é positivo”, comentou.
Atualmente, no momento da
prescrição de remédios à base de sibutramina, pacientes e profissionais
de saúde devem assinar um termo de responsabilidade e as receitas têm
validade de um mês. Além disso, médicos, empresas detentoras de registro
e farmácias são obrigadas a notificar o Sistema Nacional de Vigilância
Sanitária sobre casos de reações adversas relacionados ao uso de
medicamentos que contêm a substância. Alguns dos possíveis efeitos
colaterais são riscos de infarto do miocárdio e derrame cerebral. Os
Estados Unidos e países da União Europeia proibiram a venda do
medicamento.
O relatório técnico da Anvisa mostra que houve aumento
no número de notificações de reações adversas à sibutramina. Antes de
haver um maior controle na venda do produto, eram feitas uma média de
duas notificações por mês, sendo que, ao longo do ano passado, a Anvisa
recebeu cerca de cinco notificações ao mês. A maioria dos registros era
relacionado a quadros de hipertensão e arritmia nos pacientes. “Isso dá a
entender que nossas medidas foram eficazes e indica que há uma maior
vigilância dos efeitos colaterais dos usuários e que isso é devidamente
reportado à agência”, acrescentou Barbano.
Logo depois de passar a
ser vendida com rigor, as prescrições médicas ficaram em cerca de 150
mil prescrições por mês e, nos últimos meses de 2012, esse número subiu
para cerca de 200 mil receitas. Para o diretor-presidente da Anvisa, o
aumento tem a ver com a questão de a validade da receita ser de apenas
um mês.
Membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e
Metabologia, a médica Rosane Kupfer esteve ontem na audiência pública e
achou positiva a manutenção da substância no mercado, mas acredita que
os outros emagrecedores também deveriam ser liberados. “Temos um
problema sério de obesidade no país e os medicamentos eram fortes
aliados no tratamento de obesos severos, cujo excesso de peso é
caracterizado como doença crônica”, avalia. Estudo feito pela
Universidade de Brasília (UnB), divulgado na semana passada, revelou que
o Sistema Único de Saúde (SUS) gastou, em 2011, R$ 488 milhões com as
26 principais doenças relacionadas ao excesso de peso no país. No
Brasil, uma média de 15,8% da população é obesa. Para Dirceu Barbano, a
liberação dos remédios não seria a solução para tratar o quadro. “Não
pode se pensar em medidas imediatas para tratar a obesidade, tem que se
pensar em longo prazo”.
Campanha de gripe
O
ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou ontem o lançamento da
15ª Campanha Nacional de Vacinação contra a gripe, que ocorre de 15 a 26
de abril. O público-alvo representa aproximadamente 39,2 milhões de
pessoas. A meta é vacinar 31,3 milhões de brasileiros, o que equivale a
80% do público-alvo. Podem ir aos postos em busca da imunização crianças
entre 6 meses e 2 anos, gestantes, maiores de 60 anos, profissionais da
saúde, povos indígenas e população prisional. Este ano, o ministério
incluiu mulheres em puerpério (45 dias após o parto) porque este grupo
apresenta as mesmas condições de saúde das gestantes e também pelo fato
de que, na amamentação, a vacina ajuda a proteger o bebê. O dia 20 será a
data da mobilização em massa. Para a parcela restante da população o
caminho é buscar a imunização em
clínicas particulares.
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