Juíza que acompanha internação psiquiátrica diz que liberação, ainda sem data, é 'um fato' após aval de médico
Magistrada diz, porém, não ter como garantir que ele não cometerá outro crime; cartunista foi morto em 2010
Não há data para a saída de Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, o Cadu, 27. Mas a juíza Telma Aparecida Alves, que acompanha o processo, disse à Folha que a liberação "é um fato" e tem respaldo médico. Segundo ela, Cadu teve "evolução positiva" no tratamento psiquiátrico.
A juíza diz, por outro lado, que é impossível garantir que ele não voltará a cometer um crime. "Qualquer um de nós, mesmo em perfeito estado, pode um dia agredir alguém. Não tem como eu dizer que ele nunca fará nada."
"Por mais que se tenha prova, ele foi absolvido porque não teve capacidade de entender o que fazia", diz a juíza.
Glauco e Raoni foram mortos em Osasco (Grande SP), em março de 2010. Cadu, ex-frequentador da igreja Céu de Maria, fundada por Glauco, confessou o crime. Declarado inimputável pela Justiça, ficou num complexo médico penal no Paraná (onde foi preso após fugir) e, em outubro de 2012, foi transferido a Goiânia, a pedido da família.
Cadu passou por clínicas vinculadas ao Paili (Programa de Atenção ao Louco Infrator), da Secretaria de Saúde de Goiás. O advogado de Cadu em Goiás, Sérgio Divino Carvalho Filho, diz que ele teve evolução no tratamento depois da transferência.
"Imagina um manicômio, sem cela, mas com grades. É onde ele estava antes. Como deixa de ser prisão, é outra perspectiva", diz o advogado.
Segundo a coordenadora do Paili, Maria Aparecida Diniz, após sair da clínica, o paciente segue para tratamento ambulatorial, com acompanhamento. "O que extingue é a relação com a Justiça, mas não com o tratamento."
O advogado da família de Glauco, Alexandre Khuri Miguel, vai à Justiça para impedir a liberação. "Ele já teve problemas com arma e com droga antes de surtar", diz.
Segundo Miguel, a família sofre pelo ocorrido. "É preocupante. A juíza vai assinar salvo-conduto para esse rapaz matar quem quiser."
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