segunda-feira, 13 de maio de 2013

Eduardo Almeida Reis-Fama‏

A 'limpeza' anual da Pampulha custa à prefeitura centenas de milhões de reais e não parece ter solução. A cidade precisa de árvores 


Estado de Minas: 13/05/2013 

Antes do BBB e da Ilha de Caras, celebridade era sinônimo de dificuldade. O sujeito cavoucava durante anos, competentíssimo em sua profissão, e morria sem ter alcançado a fama, o renome, o estrelato de um ex-BBB. Saudoso amigo, uma geração anterior à minha, formou-se em direito na grande escola de Belo Horizonte, a mesma que hoje, na imbecilidade do trote, pinta mocinha de preto e põe bigodinho de Hitler num calouro.

Rapaz brilhante de família modesta, o novo advogado, quando chamado para fazer um desquite, um inventário, agradecia e recusava o convite: “Sou falencista”. É palavra que até hoje não se encontra na maioria dos dicionários, mas significa advogado especialista em falências, concordatas, insolvências, quebras, bancarrotas.

Assim, a capital de todos os mineiros passou a ter notícia de um advogado especializado em falências. Enfim contratado, ganhou a primeira causa, porque era realmente brilhante, e acabou titular de um escritório que ocupava 11 salas no melhor ponto de BH, um fenômeno naquele tempo de escritórios pequenos com um ou dois advogados.

Dizer-se falencista, quando precisava desesperadamente de dinheiro, foi recurso bem bolado naquele imenso grupo de advogados recém-formados. Grupo que se transformou em enxame, exorbitância de formados com a profusão de faculdades particulares vendendo diplomas ao arrátel, que, como sabe o leitor, é diacronismo antigo, unidade de medida de peso correspondente a 16 onças, ou 459 gramas: uma libra.

No Piscinão de Ramos são comuns as damas e os cavalheiros que se intitulam escritores. Não há lei que os impeça. Ainda não foi capitulado nos códigos o crime de exercício ilegal da escrita, como existe na medicina e noutras profissões. Assim, o espiroqueta se diz escritor e a humanidade aceita.
Divertem-me sobremaneira diversos “escritores” que vejo por aí, com ênfase para os que se dizem cronistas. Está para nascer brasileiro que não se considere cronista. Mesmo jornais antigos e de larga expressão no Rio e em São Paulo, que tiveram craques no gênero crônica, têm hoje cada cronista que vou lhe contar.

Genial!


Raras vezes li sugestão brilhante como a do leitor João Gilberto Parenti Couto, em nossa edição de 8 de abril: transformar a Lagoa da Pampulha numa espécie de Central Park belo-horizontino. Vejo no Google que João Gilberto é cientista político, autor do livro O Brasil das profecias 2003/2063, os anos decisivo. Livro que deve ser ótimo, a julgar por sua ideia para a Pampulha.

O que é melhor: morar às margens de lagoa imensa e malcheirosa, ou em volta de imenso parque arborizado? Não creio que exista alguém que prefira o mau cheiro da Pampulha. O plano de Otacílio Negrão de Lima, executado por Juscelino Kubitschek de Oliveira, foi ótimo, mas os tempos são outros. A “limpeza” anual da Pampulha custa à prefeitura centenas de milhões de reais e não parece ter solução. A cidade precisa de árvores: um parque arborizado pelos melhores critérios dendrológicos viria a calhar. Dendrologia, sabemos todos, é o ramo da botânica dedicado ao estudo de árvores.

Em três semanas, um engenheiro florestal como o professor Osvaldo Ferreira Valente aprontará projeto primoroso para florestamento da lagoa aterrada. Cobertura com terra que será muito facilitada pelo fato de a Pampulha estar assoreada. Basta estudar a canalização dos córregos que abastecem a lagoa, mantendo e melhorando as estações de tratamento de esgotos. Deve ser muito mais fácil conservar limpo um canal cimentado o que torrar milhões de reais numa “limpeza” até hoje sem sucesso.

As obras de Niemeyer não seriam prejudicadas e a população de BH lucraria com o imenso parque arborizado. No Google, vejo num trabalho do biólogo Rafael Resck que o espelho d’água, antes com 300 hectares, hoje está reduzido a 195, área equivalente a 195 campos de futebol, como gosta de explicar o novo jornalismo, que não é aparentado com o new journalism. A área do Central Park é de 3,4 km2. Compete ao leitor, craque em matemática, transformar os 3,4 km2 em campos de futebol. Aliás, competia, porque acabo de descobrir no mesmíssimo Google que são 341 hectares, pouco mais que o espelho d’água original da Pampulha.

Cês viram?


 No Triângulo Mineiro foram presos cinco sujeitos, piloto e copiloto de um teco-teco abalroado pelo carro da Polícia Federal e três que esperavam a carga de 246 quilos de pasta-base de cocaína. O apresentador do telejornal informou que os cinco são “suspeitos” de traficar drogas, donde se conclui que os traficantes somos nós, philosopho e leitores.

O mundo é uma bola


13 de maio de 1408: Yusuf III torna-se o 13º rei nasrida de Granada para reinar até morrer em 1417. Nasrida foi a última dinastia muçulmana na Península Ibérica, fundada, como estudamos no primário, por Muhammad I ibn al-Ahmar na sequência da derrota dos Almóadas na Batalha de Navas de Tolosa, em 1212, que provocou o colapso do Califado de Córdoba em várias taifas, as terceiras na história política do al-Andalus. Houve 20 reis, sultões ou emires de Granada entre 1238 e 1492, quando o sultão Boabdil se rendeu aos Reis Católicos.

Hoje é o Dia da Fraternidade, do Automóvel, da Estrada de Rodagem, da Abolição da Escravatura, do Chefe de Cozinha e do Zootecnista, que sonhei ser.

Ruminanças


“Em italiano, affitto é aluguel; afito, em português, é diarreia. Faz sentido: pagar aluguel é jogar dinheiro no vaso.” (R. Manso Neto)

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