Pela má causa
Henrique Eduardo Alves e Carlos Sampaio devem explicar atitudes contrárias ao interesse da população
Dois deputados, distinguidos na Câmara pelos postos que ocupam, estão devendo explicações sobre recentes atitudes contrárias ao interesse da sociedade.São eles o próprio presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, e o líder da bancada do PSDB, Carlos Sampaio. Por que, em iniciativas separadas, pediram ao deputado Givaldo Carimbão que retirasse do seu relatório, sobre inovações na Lei de Drogas, a obrigatoriedade de advertência contra os males do álcool nas garrafas de bebidas alcoólicas?
O crescente consumo de álcool por adolescentes, e já vulgarizado entre os jovens, é uma hoje preocupação médica tão intensa quanto derrotada pelo gasto em publicidade da indústria de bebidas alcoólicas. O Brasil é o provável recordista nos três itens: o consumo pela juventude, a preocupação médica e a publicidade de cerveja voltada para toda a vida jovem.
Ainda que não existissem os fatores de preocupação, não se vislumbraria nem um único motivo aceitável, um que fosse, para evitar a advertência oportuna sobre as possíveis consequências do consumo de álcool. Qualquer que tenha sido, portanto, e não é difícil imaginar a respeito, a motivação dos dois deputados não se vincula a uma boa causa. Nem ao menos a causa neutra.
Henrique Eduardo Alves e Carlos Sampaio devem explicar, se puderem, como se consideram representantes do povo com atitudes contrárias a interesse tão amplo e sério da população. E tão idênticas ao bem recompensado serviço de lobista junto a deputados e senadores.
ENGANO
A decisão do governo Alckmin de recompensar com bônus, de até R$ 10 mil semestrais, os policiais que reduzam a criminalidade em suas áreas de ação leva a questões de ordem administrativa e de justiça. Os garis, por exemplo, terão bônus se varrerem as ruas como é de sua obrigação? Os médicos terão bônus se tratarem direito os pacientes nos hospitais públicos? E os demais servidores também com encargos definidos e respectiva remuneração, serão incluídos na nova política de recompensa pelo cumprimento das obrigações? A não ser assim, estará instituído um privilégio.No longo período em que o Rio viveu situação similar à atual em São Paulo, foram tentadas diversas formas de estímulos financeiros. O governo de Marcello Alencar foi inigualável em ideias cretinas, como a de premiar pela quantidade de tiros dados nas saídas do policial: PMs forjavam confrontos fazendo disparos para o alto, na serenidade da noite, e faturavam o extra com a prova dos cartuchos vazios.
Todas as recompensas asseguradas e fáceis acabaram em fraudes. Prêmio que funciona é o que vem a posteriori e ganha o sentido de premiação mesmo, não de compra banal da eficiência devida. Esta corrompe.
PRESENTE
A eficiência do vice-presidente Michel Temer em domar os vivaldinos do PMDB está muito além do que seria esperável. Discreto, sereno, todos os dias responde sem palavras aos que criticaram sua escolha para a vice ou, há pouco, tentavam já encaixar outro ao lado de Dilma Rousseff no ano que vem.E, melhor, não constam cobranças pessoais pela eficiência.
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