Penitencio-me do esforço que tenho feito para escrever nos conformes do imbeciloide Acordo Ortográfico, que há de ser esquecido
Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 30/06/2013
Há vida inteligente no planeta blog. Veja
o caro e preclaro leitor o aviso aos navegantes que encontrei: “A
partir de hoje (28/3/2012), para manter a coerência, vou ignorar
solenemente a ridícula nova ortografia, colocar acentos como sempre
coloquei, errar nos hífens como sempre errei. E estamos conversados!”.
Foi
no blog http://antesqueeumeesqueca.weebly.com de Marcia Lobo, carioca,
vascaína, jornalista da turma dos quase aposentados, viciada em
computador e estreante em sites. Ex um monte de coisas: repórter do
Jornal do Brasil e da revista Pais&Filhos, redatora do Jornal da
Tarde, redatora-chefe das revistas Eva e Nova e editora de Jornal dos
Jornais. Editora-executiva da revista Football, autora de Uma História
Universal da fêmea (Ed. Francis) e colunista da revista Bianchini.
O
adjetivo imperdível virou moeda de 10 centavos em nossa mídia, mas o
blog de Marcia Lobo é imperdível do tempo em que o adjetivo de dois
gêneros tinha muito valor. Donde se conclui, com o aval do Philosopho,
que ainda há inteligência na internet e lucidez ortográfica no reino dos
nossos textos. Penitencio-me do esforço que tenho feito para escrever
nos conformes do imbeciloide Acordo Ortográfico, que há de ser
esquecido.
Tens caneleiras?
Na
fazenda trirriense, houve tempo em que todos os vizinhos compravam
motos. Realmente, era mais prático do que mandar pegar o cavalo no
pasto, escovar, arrear, ver o que precisava ser visto, desarrear, lavar e
soltar o digno quadrúpede.
Naqueles idos, vosso philosopho ainda
não tinha noção de que um probleminha cerebral o impede de fazer curvas
e oitos para a direita, coisa que só aprendeu mais tarde na fazenda do
Dr. Alfredo Brandi, ao cavalgar Yamaha Teneré 600 tinindo de nova. É
verdade que com nove vodcas no bucho, porque o citado pecuarista
alimentava seus hóspedes a vodcas, mandando servir o almoço às 18h e o
jantar às 20h30 “para liberar as empregadas”.
Dei notícia dessa
originalidade numa crônica para grande jornal paulista, citando as
copeiras e as cozinheiras, que ficaram sensibilizadas de ver seus nomes
no jornal, motivo pelo qual passaram a reforçar as doses das vodcas do
hóspede.
No capítulo da minha intenção de comprar bela moto
escolhi o modelo, juntei os cobres e tive a fortuna de telefonar para um
amigo português, que tinha motas – em Portugal é assim que se diz – em
sua fazenda mineira para toda a família. Com a seguinte condição: se
visse um dos filhos a motocar sem capacete, tomava-lhe a mota.
Pelo
interurbano, depois de ouvir que o fazendeiro fluminense pretendia
comprar motocicleta, o saudoso amigo perguntou: “Tens caneleiras? Se não
tens, mando-te um par. São muito úteis para meter as canelas às
cercas”. Agradeci a oferta, antes de ouvir a segunda pergunta: “Tens
capacete? Se não tens, mando-te um, americano, próprio para trombadas a
até noventa quilômetros. Sim, porque a mais de noventa quebras o
pescoço”.
Ficaram faltando as joelheiras e as cotoveleiras,
porque desisti de comprar o veículo de duas rodas. Achei mais prudente
mandar buscar no pasto o saudoso Pensamento, manga-larga marchador, o
cavalo mais extraordinário e leal de que tive notícia. Mais que um
cavalo, foi um amigo.
Linha
Coisa que
muito me preocupa é saber onde fica a linha que separa o dipsomaníaco
do sujeito que gosta de beber e sempre foi bom copo? Deve existir
componente genético muito forte para fazer que milhões de pessoas,
muitas delas vitoriosas em suas profissões, sejam arruinadas pelo
álcool.
Todo santo dia temos notícia de que o Fulano e a Fulana –
escritores, artistas, cantores, empresários de nomeada – foram
destruídos pelo alcoolismo. Nunca fui cavalheiro de nomeada, isto é, de
bom conceito resultante de feitos ou talentos invulgares, mas a pergunta
deste belo suelto tem cabimento porque tive sorte: durante séculos bebi
muito e reduzi a ingesta alcoólica aparentemente sem sequelas, de livre
e espontânea, sem recomendação médica ou familial. Daí meu interesse
pela linha que separa o bom copo do dipsomaníaco, do alcoólatra.
O mundo é uma bola
30
de junho de 1793: inauguração do Teatro Nacional de São Carlos.
Localizado no Centro Histórico de Lisboa, na zona do Chiado, foi
construído para substituir o Teatro da Ópera do Tejo, destruído no
terramoto de 1755. Nele, São Carlos, são ambientadas algumas das
passagens mais deliciosas dos livros do Eça.
Em 1847, assinatura
da Convenção de Gramido, sobre a qual nunca ouvi falar, mas fui ao
Google para descobrir que o acordo, assinado dia 29 na Casa Branca do
lugar de Gramido, em Valbom, Gondomar, teve como objetivo pôr fim à
insurreição da Patuleia, ou Guerra da Patuleia, nome dado à guerra civil
entre Cartistas e Setembristas, na sequência da Revolução da Maria da
Fonte.
No Houaiss, patuleia virou sinônimo de plebe, povo, ralé.
Compete ao leitor apurar se a Convenção de Gramido foi assinada dia 29
ou no dia 30 de junho de 1847.
Em 1860, na Universidade de
Oxford, ocorre o debate sobre a Teoria da Evolução entre Thomas H.
Huxley e o bispo Samuel Wilberforce, coitado, que era uma besta e
acreditava no criacionismo.
Hoje é o Dia do Economista e o Dia do Caminhoneiro.
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