Chico Amaral lança livro sobre a obra de
Milton Nascimento, destacando a importância do compositor para a música
popular brasileira. Bituca abriu o coração para o parceiro
Eduardo Tristão Girão
Estado de Minas: 18/07/2013
Que
biografias são indispensáveis para o mergulho na vida e na obra de um
artista isso não se discute. O passo além é que demonstra a relevância
de cada um, como fica claro em A música de Milton Nascimento, do
compositor belo-horizontino Chico Amaral. O autor se dedicou
exclusivamente ao exame minucioso das canções que fizeram Bituca ganhar o
mundo. O lançamento será no dia 30, no Museu Histórico Abílio Barreto,
na capital mineira.
Chico fez cerca de sete entrevistas com
Milton, cada uma com cerca de três horas de duração, e optou por não
transformar a montanha de informações em texto corrido. Adotou o formato
pergunta e resposta, preservou a espontaneidade do registro e teve a
boa ideia de inserir na conversa trechos de outras entrevistas (com
Wagner Tiso, Eumir Deodato e Wilson Lopes, entre outros músicos). Pelas
histórias, bastidores e detalhes (e pelo fato de ele próprio ser músico
talentoso), o livro é imperdível.
A motivação para escrevê-lo
partiu de um incômodo: “Vi problema no modo como a história da MPB é
contada. Costuma-se dizer que, depois da bossa nova, o movimento mais
importante foi o tropicalismo, mas a coisa mais inovadora que surgiu
depois disso foi o Milton Nascimento. E não apenas em relação a
diferenças, mas à evolução”. O trabalho de Chico é uma forma de
esclarecer origem e influências da música de Bituca.
Com prefácio
do crítico Tárik de Souza, o volume traz dois ensaios escritos por
Chico, além de discografia comentada e entrevistas centradas em Milton
feitas por ele com Wagner Tiso, Nivaldo Ornelas, Nelson Ângelo, Tavinho
Moura e Amilton Godoy. Os músicos terão interesse especial pela seleção
de partituras acompanhada por comentários do autor, que evidencia
intenções e sutilezas impressionantes.
MEMÓRIA INVEJÁVEL
Sabidamente
tímido e reservado, Milton Nascimento recebeu Chico Amaral em sua casa,
no Rio de Janeiro. “Surpreendentemente, ele falou bastante.
Impressionei-me com a soltura dele”, conta o autor. Chico está longe de
ser apenas entrevistador: além de compositor bem-sucedido (suas
parcerias com o Skank são as mais conhecidas) e conhecedor da obra
“miltoniana”, escreveu duas canções com ele, Pietá e Boa noite. Assim,
Chico conseguiu se aprofundar em aspectos diversos da carreira de
Bituca, dono de memória invejável. Chega a se lembrar de conversas
rápidas, sensações e passagens aparentemente sem grande importância
vividas cinco décadas atrás. Isso esclarece muita coisa, como sua
complicada relação com Tom Jobim. O livro traz DVD de 25 minutos,
incluindo o depoimento de Milton.
A MÚSICA DE MILTON NASCIMENTO
De Chico Amaral
Editora Gomes, 96 páginas, R$ 40
Depois do dia 30, o livro estará à venda em livrarias de BH e na produtora cultural Via Social
Informações: (31) 3342-1692
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