Acendo a luz, é certo, mas há relógios
nos quais, mesmo de óculos e com as luzes acesas, o sujeito não consegue
ver que horas são
Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 18/07/2013
Jornalista,
blogueira, 33 anos, gorducha, Nádia Lapa tem duas tatuagens, uma delas
no braço direito misturando vagina com tulipa, erva bulbosa da família
das liliáceas. Seu livro Cem homens em um ano vem fazendo sucesso, como
sempre fez seu blog, mas ela diz que não passaram de 35, que não é
sensual e só adora transar. É aquela conversa de trocar sucos vitais, de
que já falava Laurita Mourão, senhora muito avançada para os anos 60.
O
sobrenome da Nádia é mais que sugestivo, a começar pelo bairro carioca:
“A Lapa está voltando a ser a Lapa, a Lapa confirmando a tradição, a
Lapa é o pedaço melhor do mapa do Distrito Federal, salve a Lapa!”
cantávamos no Rio antes da invenção de Brasília.
Em Montes
Claros, norte de Minas, havia a Fazenda Lapa Grande, onde um rio se
metia por baixo de imensa rocha formando recinto muito procurado para
estripulias sexuais. Pelo Decreto 44.204, de janeiro de 2004, uma área
de 7.000 hectares foi transformada em Parque Estadual da Lapa Grande com
o objetivo de proteger e conservar o complexo de grutas e abrigos da
região em que ficam os mananciais que abastecem os montes-clarenses.
Havia
por lá bela fazenda sempre invadida pelos casais afinzões de trocar
sucos vitais, obrigando o fazendeiro a invadir a lapa montado a cavalo,
revólver em punho, para expulsar os intrusos que cortavam suas cercas e
deixavam tudo cheio de lixo. Certa feita, o fazendeiro encontrou três
jovens pares, as moças de calcinha e sutiã, os rapazes em cuecas, que se
assustaram com o revólver: “Nós somos geólogos!”, e o pecuarista, do
alto de seu manga-larga: “Que mané geólogo, cês tão é de meteção!”.
O
sobrenome da jornalista e blogueira, sinônimo de furna e gruta, já é
meio caminho andado, se bem que uma centena de homens em um ano me
pareça muito homem, mas foram somente 35. A partir daí entram no livro,
que ainda não li, considerações técnicas, científicas, calistênicas,
teatrais e as mais que o leitor do Estado de Minas possa imaginar, em
que o teatro é o cenário do sofá da sala, o canto da mesa de refeições
etc. e a calistenia – espécie de ginástica rítmica, sem uso de
aparelhos, para dar beleza, força e vigor ao corpo – faz parte da
procura do prazer pela moça, que diz: “Eu não sou sensual”.
Nádia
nasceu em Manaus e mora em São Paulo: “Já faço sexo casual há muito
tempo. Os olhares tortos fazem parte do meu cotidiano. Não vou me
justificar explicando por qual razão eu faço isso ou aquilo. A maior e
melhor justificativa é uma só: eu quero. Incontestável. Eu quero. Eu
desejo”.
Com todo esse entusiasmo e somente 33 aninhos, a
manauara andou às voltas com um tipo de menopausa precoce e perdeu a
libido, que felizmente recuperou com a corda toda. Deixo a análise do
palpitante caso por conta do pessoal da área psi. Entendo alguma coisa
de produção de leite e Nádia informa que não deseja ter filhos.
Portanto, não carece de leite.
Normalidade
Que
é normal? É conforme a norma, a regra, regular, usual, comum, natural.
Diz-se da pessoa cujo comportamento é considerado aceitável. Sem
defeitos ou problemas físicos ou mentais, as pessoas são consideradas
normais.
Toco no delicado assunto porque padeço de anormalidade
que muito me preocupa. Obcecado pelo cumprimento dos horários, chegando
sempre na hora marcada ou um pouco antes, não tenho a menor vontade de
comprar relógio caro.
Vejo os anúncios de páginas inteiras dos
Rolex, dos Hublot, dos Breitling e outras marcas famosas, sei que é
normal desejar um deles, até porque tenho amigos normais que não os
dispensam – e nunca tive a menor vontade de comprar ou ganhar um dos
produtos anunciados. Basta-me o Festina de 250 reais, quartz, que
funciona perfeitamente e tem a sublime virtude de ser visível sem
óculos, à noite, quando vou ao banheiro.
Acendo a luz, é certo,
mas há relógios nos quais, mesmo de óculos e com as luzes acesas, o
sujeito não consegue ver que horas são.
O mundo é uma bola
18
de julho de 64: um grande incêndio destrói grande parte de Roma.
Acusa-se o imperador Nero de ter visto o incêndio de longe, tocando sua
lira, que era instrumento de cordas dedilháveis ou tocadas com plectro,
vulgo palheta. Mais maluco do que sempre foi, seria Nero fantasiado de
bombeiro fingindo apagar o grande incêndio, a exemplo daquele político
gaúcho.
Em 1824, desembarcam em Porto Alegre os primeiros 39
colonos alemães para trabalhar no Rio Grande do Sul. Seus descendentes
sofreram com muitos desgovernos gaúchos, nomeadamente com o doutor Tarso
Fernando Herz Genro.
Em 1841, dom Pedro II é coroado imperador
do Brasil. Tinha o gravíssimo defeito de ser honesto e alfabetizado,
motivos pelos quais foi deposto. Em 1925, Adolf Hitler publica Mein
Kampf, que parece ter seguido à risca.
Hoje é o Dia do Trovador.
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