ALAN GRIPP
SÃO PAULO - O prefeito Fernando Haddad (PT) tem usado o termo "insolvente" para definir a situação financeira de São Paulo.Ontem, ele reuniu o conselho recheado de celebridades criado para assessorá-lo na tarefa de governar e pintou um horizonte financeiro nebuloso para a cidade, a depender de algumas variáveis em jogo.
Em conversas reservadas, as tintas ainda são mais dramáticas. Juntando a gigantesca dívida paulistana, na casa dos R$ 60 bilhões, a um possível novo revés, a prefeitura terminaria o ano "quebrada".
A maior preocupação são os famigerados precatórios, dívidas com contribuintes que a Justiça já mandou pagar e que formam uma fila maior do que a de carros na avenida Rebouças sexta-feira à tarde.
Esse buraco é, hoje,de R$ 16,9 bilhões, quatro vezes mais que o valor devido por todos os demais 5.564 municípios do país. Juntos.
A bola está com o STF (Supremo Tribunal Federal), que dirá, em breve, exatamente como a fatura deve ser honrada. Se a corte decidir que o pagamento deve ser feito imediatamente, diz o discurso catastrofista, é melhor passar a chave na prefeitura e atirar pelo viaduto do Chá.
O prefeito está na dele. O jogo de pressões é legítimo, especialmente em tempos de protesto. Mas o discurso do caos deve ser relativizado.
Vem aí, até o fim do ano, uma enxurrada de dinheiro federal. Ao menos R$ 6 bilhões desembocarão em São Paulo, dizem os mais bem informados das coisas federais.
Nem poderia ser diferente. Mesmo com a economia claudicante, Dilma Rousseff terá de mostrar algo em seu principal palanque, se quiser continuar a comandar o país.
Sobre os precatórios, poucos acreditam que o STF vai querer arcar com o ônus de empurrar a maior cidade do país precipício abaixo.
Trocando em miúdos, Haddad comporta-se como mercador do apocalipse, mas está de olho no título de salvador da pátria.
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