quinta-feira, 11 de julho de 2013

Vexame da véspera corrigido às pressas-Amanda Almeida e Juliana Braga‏

Senadores aprovam em meia hora proposta rejeitada um dia antes que reduz número de suplentes e proíbe parentes na mesma chapa. Projetos de iniciativa popular ganham força 


Amanda Almeida e Juliana Braga

Esatado de Minas: 11/07/2013 


Brasília – Anunciada como resposta às reclamações das ruas, a agenda positiva da Câmara e do Senado tropeça na disputa entre as duas Casas pelo protagonismo das iniciativas e no corporativismo da classe política. Ontem, porém, diante da repercussão negativa da derrubada, na véspera, da proposta de emenda à Constituição (PEC) que proibia senadores de escolherem seus parentes como seus substitutos, os parlamentares recuaram e fizeram andar a pauta prioritária, com a aprovação da PEC dos Suplentes e do projeto que facilita a apresentação de propostas de iniciativa popular.

Em uma manobra da Mesa Diretora, o Senado votou ontem novamente as mudanças nas suplências da Casa e, embora tenha diminuído os substitutos de dois para um por senador e proibido parentes e cônjuges de participar da mesma chapa, optou por manter a posse deles, popularmente conhecidos como sem voto ou biônicos, em casos de vacância do cargo. A proposta, que seguirá para análise da Câmara dos Deputados, foi aprovada em pouco mais de meia hora nos dois turnos. No segundo, a matéria obteve 60 votos a favor, apenas um contra – do senador Pedro Simon (PMDB-RS), que pediu para retificar o voto – e uma abstenção – Lobão Filho (PMDB-MA), suplente do pai, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão.

A rejeição das três mudanças, na noite de terça-feira, havia criado constrangimento entre os parlamentares e derrubado um dos itens da agenda positiva montada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Quando uma matéria é rejeitada, outras que tratam sobre o mesmo tema são automaticamente prejudicadas e só podem ser avaliadas numa próxima sessão legislativa. Assim, as mudanças na suplência só poderiam ser votadas em 2015. Renan, no entanto, disse que, como estava apensada a outras matérias que tratam do mesmo tema e compõem a pauta prioritária, outra proposta sobre o mesmo assunto poderia ser votada. Em reunião de líderes, à tarde, a avaliação foi de que a rejeição das mudanças desgastou a imagem da Casa e era preciso “consertar o erro”.

Embora tenham reforçado em plenário que estavam proibindo parentes e cônjuges como suplentes, os senadores resolveram não tratar de um dos assuntos mais criticados por entidades da sociedade civil: o caso dos sem voto. Atualmente, nas eleições, os suplentes são indicados pelos partidos ou coligações, ou seja, não passam pelo crivo direto do eleitor. Hoje, há 16 senadores em exercício que substituem os titulares.
Mais cedo, antes de articular o acordo, Renan havia admitido a derrota da proposta devido aos interesses de alguns parlamentares: “Qualquer emenda constitucional para ser aprovada precisa, no Senado, de 49 votos. Como o Senado é composto por alguns suplentes, isso dificulta politicamente a equação. Acho que vamos ter oportunidade para dar essa resposta à sociedade no momento certo”. Mas, após a aprovação da PEC, fez o comercial da Casa: “Essa foi uma importante resposta do Senado Federal, que, ao continuar a apreciação da matéria, deliberou como cobrado pelas manifestações populares acontecidas em todo o Brasil”.

Internet nos projetos populares


À noite, os senadores aprovaram em plenário, por 59 a favor, sem abstenções ou manifestações contrárias, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 3/2011, que facilita a apresentação de projetos de iniciativa popular. Apresentado pelo senador Rodrigo Rollemberg (PSD-DF), o texto, que segue para a Câmara, reduz pela metade o número de assinaturas de eleitores necessárias para propor leis e permite o uso da internet no processo.

A PEC prevê que as assinaturas deverão representar 0,5% do eleitorado nacional, o que corresponde a cerca de 650 mil pessoas. Atualmente, são necessárias firmas equivalentes a 1% dos eleitores habilitados – aproximadamente 1,3 milhão. “Há uma distorção. Para criar um partido, que tem o monopólio da representação política, são necessárias 500 mil assinaturas”, compara Rollemberg. No projeto original, a ideia era exigir 0,5% de votos válidos nas eleições anteriores, ou seja, 150 mil votos a menos.

Outro ponto da PEC diz respeito aos mecanismos utilizados para a arrecadação de assinaturas e institui a “cidadania eletrônica”, assim denominada no relatório do senador Lindbergh Farias (PT-RJ). Citando a Lei da Ficha Limpa, projeto de iniciativa popular, Lindbergh classificou como “ridícula” a falta de estrutura para conferir as assinaturas exigidas para a apresentação de um projeto. “Sabem como esses projetos chegaram aqui? Em carrinhos de supermercado. E o mais grave na discussão da segurança: vocês sabem o que aconteceu? Era impossível a conferência daquele 1,5 milhão de assinaturas. Quem acabou apresentando o projeto foi um grupo de parlamentares, porque não existiam meios de conferência”, pontuou.

Os parlamentares incluíram no plenário a possibilidade de, com o apoio de pelo menos um partido com representação na Câmara e no Senado, aprovar a prioridade do projeto. Isso significa que, quando a pauta estiver trancada por uma medida provisória, por exemplo, o projeto de iniciativa popular pode ser votado. 

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