Senadores aprovam em meia hora proposta 
rejeitada um dia antes que reduz número de suplentes e proíbe parentes 
na mesma chapa. Projetos de iniciativa popular ganham força 
  
Amanda Almeida e Juliana Braga
    Esatado de Minas: 11/07/2013 
Brasília
 – Anunciada como resposta às reclamações das ruas, a agenda positiva da
 Câmara e do Senado tropeça na disputa entre as duas Casas pelo 
protagonismo das iniciativas e no corporativismo da classe política. 
Ontem, porém, diante da repercussão negativa da derrubada, na véspera, 
da proposta de emenda à Constituição (PEC) que proibia senadores de 
escolherem seus parentes como seus substitutos, os parlamentares 
recuaram e fizeram andar a pauta prioritária, com a aprovação da PEC dos
 Suplentes e do projeto que facilita a apresentação de propostas de 
iniciativa popular. 
Em uma manobra da Mesa Diretora, o Senado 
votou ontem novamente as mudanças nas suplências da Casa e, embora tenha
 diminuído os substitutos de dois para um por senador e proibido 
parentes e cônjuges de participar da mesma chapa, optou por manter a 
posse deles, popularmente conhecidos como sem voto ou biônicos, em casos
 de vacância do cargo. A proposta, que seguirá para análise da Câmara 
dos Deputados, foi aprovada em pouco mais de meia hora nos dois turnos. 
No segundo, a matéria obteve 60 votos a favor, apenas um contra – do 
senador Pedro Simon (PMDB-RS), que pediu para retificar o voto – e uma 
abstenção – Lobão Filho (PMDB-MA), suplente do pai, o ministro de Minas e
 Energia, Edison Lobão.
A rejeição das três mudanças, na noite de 
terça-feira, havia criado constrangimento entre os parlamentares e 
derrubado um dos itens da agenda positiva montada pelo presidente do 
Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Quando uma matéria é rejeitada, 
outras que tratam sobre o mesmo tema são automaticamente prejudicadas e 
só podem ser avaliadas numa próxima sessão legislativa. Assim, as 
mudanças na suplência só poderiam ser votadas em 2015. Renan, no 
entanto, disse que, como estava apensada a outras matérias que tratam do
 mesmo tema e compõem a pauta prioritária, outra proposta sobre o mesmo 
assunto poderia ser votada. Em reunião de líderes, à tarde, a avaliação 
foi de que a rejeição das mudanças desgastou a imagem da Casa e era 
preciso “consertar o erro”.
Embora tenham reforçado em plenário 
que estavam proibindo parentes e cônjuges como suplentes, os senadores 
resolveram não tratar de um dos assuntos mais criticados por entidades 
da sociedade civil: o caso dos sem voto. Atualmente, nas eleições, os 
suplentes são indicados pelos partidos ou coligações, ou seja, não 
passam pelo crivo direto do eleitor. Hoje, há 16 senadores em exercício 
que substituem os titulares. 
Mais cedo, antes de articular o 
acordo, Renan havia admitido a derrota da proposta devido aos interesses
 de alguns parlamentares: “Qualquer emenda constitucional para ser 
aprovada precisa, no Senado, de 49 votos. Como o Senado é composto por 
alguns suplentes, isso dificulta politicamente a equação. Acho que vamos
 ter oportunidade para dar essa resposta à sociedade no momento certo”. 
Mas, após a aprovação da PEC, fez o comercial da Casa: “Essa foi uma 
importante resposta do Senado Federal, que, ao continuar a apreciação da
 matéria, deliberou como cobrado pelas manifestações populares 
acontecidas em todo o Brasil”. 
Internet nos projetos populares
    
    
    
  
  
  
    
    
  
  
    
      
À noite, os 
senadores aprovaram em plenário, por 59 a favor, sem abstenções ou 
manifestações contrárias, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 
3/2011, que facilita a apresentação de projetos de iniciativa popular. 
Apresentado pelo senador Rodrigo Rollemberg (PSD-DF), o texto, que segue
 para a Câmara, reduz pela metade o número de assinaturas de eleitores 
necessárias para propor leis e permite o uso da internet no processo.
A
 PEC prevê que as assinaturas deverão representar 0,5% do eleitorado 
nacional, o que corresponde a cerca de 650 mil pessoas. Atualmente, são 
necessárias firmas equivalentes a 1% dos eleitores habilitados – 
aproximadamente 1,3 milhão. “Há uma distorção. Para criar um partido, 
que tem o monopólio da representação política, são necessárias 500 mil 
assinaturas”, compara Rollemberg. No projeto original, a ideia era 
exigir 0,5% de votos válidos nas eleições anteriores, ou seja, 150 mil 
votos a menos.
Outro ponto da PEC diz respeito aos mecanismos 
utilizados para a arrecadação de assinaturas e institui a “cidadania 
eletrônica”, assim denominada no relatório do senador Lindbergh Farias 
(PT-RJ). Citando a Lei da Ficha Limpa, projeto de iniciativa popular, 
Lindbergh classificou como “ridícula” a falta de estrutura para conferir
 as assinaturas exigidas para a apresentação de um projeto. “Sabem como 
esses projetos chegaram aqui? Em carrinhos de supermercado. E o mais 
grave na discussão da segurança: vocês sabem o que aconteceu? Era 
impossível a conferência daquele 1,5 milhão de assinaturas. Quem acabou 
apresentando o projeto foi um grupo de parlamentares, porque não 
existiam meios de conferência”, pontuou.
Os parlamentares 
incluíram no plenário a possibilidade de, com o apoio de pelo menos um 
partido com representação na Câmara e no Senado, aprovar a prioridade do
 projeto. Isso significa que, quando a pauta estiver trancada por uma 
medida provisória, por exemplo, o projeto de iniciativa popular pode ser
 votado. 
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