Mundo animal
Tenho aqui no escritório minha foto ao
lado de uma onça-parda, que abati a tiro de mosquetão no ano de mil
novecentos e muito antigamente
Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 22/11/2013
Os jornais
noticiaram que dia 13 de setembro a cidade em que resido inteirou 100
homicídios, contra 99 de todo o ano de 2012. A maioria relacionada com o
tráfico de drogas e as brigas de gangues, idiotice que virou moda. Pelo
fato de morar no Bairro X, os imbecis acham que devem brigar com os
idiotas moradores do Bairro Y – e vice-versa ao contrário.
Concomitantemente,
uma onça-parda foi atropelada e morta na BR-040, em Dias Tavares,
distrito de Juiz de Fora. Morreu, coitada, quando degustava uma
capivara. É o terceiro felino atropelado em menos de um mês. Os outros
foram uma jaguatirica e um gato-mourisco, o jaguarundi (Puma
yagouaroundi), mamífero da família dos felídeos encontrado desde os
Estados Unidos até ao norte da Argentina. Pesa seis quilos, tem 60cm de
corpo e 45cm de cauda. Alimenta-se de mamíferos e de aves, dando
preferência a presas de grande porte.
Meses atrás, uma
onça-parda foi vista e filmada no estacionamento do Tribunal de Contas
da União, em Brasília, DF. Quase todas as semanas aparecem suçuaranas
(Puma concolor) nos galinheiros e nas garagens de cidades de São Paulo,
prova de que a espécie, com a proibição da caça, já não corre o risco de
extinção.
Nos Estados Unidos a onça atende pelo nome de cougar
(mountain lion), palavra adotada no final do século 18 através do
francês couguar, do guarani cuguaçuarana. Rola da internet o filme de um
cougar caçando pequeno urso, filmagem tão extraordinária que a gente
desconfia. Ali tem coisa; não atinei com o truque.
Onça-parda,
cougar ou suçuarana, segundo felino mais pesado do Novo Mundo (perde
para a onça-pintada) por sua vasta distribuição geográfica do Canadá aos
Andes tem uma infinidade de nomes e subespécies. Machos adultos medem
2,4 metros do focinho à cauda, pesando de 53 a 100 quilos, mas já foram
registrados exemplares de 120 quilos. As fêmeas pesam geralmente de 29 a
64 quilos. São menores perto do equador e maiores nas regiões mais
próximas dos polos.
Politicamente incorreto, tenho aqui no
escritório minha foto ao lado de uma onça-parda, que abati a tiro de
mosquetão no ano de mil novecentos e muito antigamente. Hoje, basta
passar de automóvel pela BR-040 para desfalcar a espécie Puma concolor.
Naquele tempo, exigia o dia inteiro de viagem do Rio a Corumbá num DC-3,
mais hora e meia em teco-teco e dois dias a cavalo antes de posar para a
Rolleiflex, sorriso idiota, ao lado de uma suçuarana defunta.
Robusto philosophar
Calculando
por baixo e sem qualquer exagero, até hoje devo ter fumado 105 mil
charutos. Ibrahim Sued, também charuteiro, certa feita disse aos demais
passageiros de um elevador: “Estou queimando cinco dólares”, mas o dólar
daquele tempo era muito mais verde que o atual. Charuto de cinco
dólares, hoje, só no mercado paralelo cubano, mesmo assim de segunda
linha.
Ok, fiquemos nos cinco dólares do Turco para concluir que
devo ter queimado, até ontem, cerca de US$ 525 mil, mais que um milhão
de reais. Não me arrependo. Dinheiro limpo, fruto do meu trabalho, gasto
onde quiser. Melhor que isso: não me considero viciado e passo
perfeitamente sem charutos nos resfriados, nas viagens aéreas, em
lugares onde fumar é proibido ou deselegante.
Charutos e seus
fumantes pedem estudos do pessoal da área psi. Tudo na vida passa pela
área psi. Por que fumo charutos desde os 18 aninhos? Talvez porque meu
pai e seu sogro, meu avô, fumassem o dia inteiro: espírito de imitação. O
prazer, o deleite ou lá o contentamento provocado pelo charuto depende
de uma série de fatores.
De uns tempos a esta parte, venho
fumando um Cohiba Robusto pela manhã, ou dois matinais, na dependência
dos compromissos rueiros. Cada um dura menos que duas horas. Pois muito
bem: nesta manhã primaveril, caprichando nestas bem traçadas, acendi um
Robusto às 7h e andei com ele até às 11h45: quase cinco horas!
Noite
muitíssimo bem dormida, um monte de coisas para escrever, temperatura
civilizada, café da manhã, telefone pouco usado: um único charuto
durante cinco horas, período mais que suficiente para queimar dois. E
isso, caro e preclaro leitor, relatado por um philosopho que não se
considera viciado.
O mundo é uma bola
22
de novembro de 1546: Calvino edita um decreto que regulamenta os nomes
que devem ser dados e os que são proibidos aos recém-nascidos em
Genebra. Não morro de amores por J. Calvino (1509-1564) e sua obra, mas é
forçoso reconhecer que no tal decreto acertou em cheio. Algo do gênero
deveria ser feito neste país grande e bobo para impedir os milhões de
Maiconjéquissons que estão sendo registrados por aí.
Em 1537,
pensando no futuro nascimento de Roldão Simas Filho, o cacique temiminó
Arariboia, em tupi “cobra da água de arara”, funda a cidade de Niterói
no Rio de Janeiro.
Em 1963, assassinato de John F. Kennedy em Dallas, Texas. Hoje é o Dia do Músico.
Ruminanças
“Onde há música, não pode haver coisa má.” (Cervantes, 1547-1616)
Nenhum comentário:
Postar um comentário