Meio cheio, meio vazio
BRASÍLIA - Um clima de indignação reina na equipe da presidente Dilma. Seus assessores reclamam de um pessimismo generalizado em relação ao Brasil que, segundo eles, está superdimensionado.
Vamos ao rosário desfiado por um assessor da petista. O desemprego segue baixo, a renda, alta, e o crescimento não será uma maravilha, mas melhor do que 2012.
A Petrobras captou US$ 11 bilhões lá fora. Uma seguradora do Banco do Brasil realizou a maior oferta pública inicial de ações deste ano no mundo, cerca de R$ 11 bilhões.
O governo fez um leilão, com sucesso, de áreas de petróleo fora do pré-sal. Fará um do pré-sal em outubro e pode pôr no caixa mais R$ 10 bilhões. Ainda neste ano serão realizados os leilões de concessão dos aeroportos de Confins e Galeão, de rodovias, ferrovias e portos. Bem atrasados, mas devem ser feitos.
Sem dúvida, um cenário, visto deste ponto de vista, de copo meio cheio na economia brasileira.
Vendo por outro prisma, até bem pouco tempo o Brasil era o queridinho do mundo, nada ia nos segurar. O país iria bombar com as obras da Copa do Mundo e da Olimpíada. Havíamos descoberto o pré-sal, nosso passaporte para o futuro.
Construímos um mercado interno forte, carro-chefe do nosso crescimento, que subiu para taxas superiores a 4%. Esse seria, por sinal, o novo piso para o PIB brasileiro.
De repente, o paraíso prometido foi adiado. A inflação subiu e forçou o Banco Central a elevar os juros. O crescimento ficou medíocre, o consumo caiu e os empresários seguraram os investimentos. Nossas contas externas se deterioraram.
Um cenário, diríamos, de copo bem meio vazio, de frustração. Tudo bem, não estamos uma tragédia. Estamos melhores do que muitos países mundo afora. Mas poderíamos estar pelo menos perto do céu.
Enfim, algo saiu errado e não dá para culpar só o cenário externo. É tempo de reflexão. E de ação.
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