ALCIONE ARAÚJO
ESTADO DE MINAS: 05/11/2012
Dias atrás, saiu anúncio no jornal com título “Empresário”, e texto: “Posição social elevada, separado, procura moça de ótima aparência, de 30 a 40 anos, para relacionamento sério. Carta com foto de corpo inteiro para o jornal”. Foi um frisson de curiosidade. Em vez de buscar via internet, pagou R$ 15 mil pelo anúncio destacado, sem nome, foto ou idade. Alheio ao ato antiquado e patético, oferece status econômico, e faz exigências. O anúncio é atraente e enigmático como uma cilada. Instigante e pitoresco, logo fisgou a imprensa.
Nota e reportagem, sem nome, idade ou foto, reuniram dados do casadoiro solitário. Carioca de Copacabana, mestrado em direito e economia, frequenta o Teatro Municipal, Jockey Clube, bons restaurantes, e foge das redes sociais. Atua na área de imóveis e mora numa cobertura duplex na Barra da Tijuca.
Mudo sobre a idade, admite que pinta de preto cabelo e bigode. Pôs o anúncio porque foi como conheceu, há 10 anos, a ex-mulher, mãe do filho, que vive em Boston. Libriano, diz-se arrojado nos negócios, sentimental e tímido. Fã de Gisele Bündchen, admira Ivete Sangalo, é doido por Juliana Paes. Dispensa as candidatas de ter curso superior, cultura e riqueza. Mas exige muita classe.
Não é ciumento, mas é rígido na exigência: tem que ser magra! Prefere a pele e os olhos claros e cabelos longos, mas não exclui outros tons e cortes. Sendo pessoa humilde, sem roupas adequadas, ele irá ao subúrbio. Acha que está à altura, fisicamente. Não é magro, mas não tem barriga de chope. Sobre a vida sexual, promete dedicação à causa. Em troca, ela terá todo o conforto, muito carinho e atenção. Pediu resposta por carta, em vez da internet, para fazer leitura mais íntima, até da letra. E a foto impressa é mais nítida que no site.
Decepcionado por receber apenas uma carta por dia, publicou outro anúncio. Mesmo texto, sem foto e novo título: “Sim, eu existo!”, advertiu os incrédulos, reforçando as suas intenções. Nova decepção. Concluiu que o sigilo inibia as mulheres, e decidiu findar o mistério sobre sua pessoa. Saiu do anonimato: chama-se Carlos Brito e, sem falar em idade, se mostrou de corpo inteiro.
Na foto, a figuraça! Jaquetão azul com botões dourados, gravata vermelha, calça bege. Moreno claro, cabelo preto feito a asa da graúna e bigode que descai até o cavanhaque. Vaidoso e convincente, tem suas preferências, mas se a pessoa não se ajusta ao seu modelo, não significa que não goste dela. O objetivo maior é arrumar esposa, mas acha um prazer fazer novas amigas. Ele crê, com infantil fervor, que esse arranjo pode ensejar um verdadeiro amor.
Eis que cai o véu que ocultava a verdade e levou ao ato antiquado e patético de pagar R$ 30 mil de anúncios para expor sua carente fragilidade. Apesar da sociedade da informação, dos meios de comunicação, das redes sociais e sites de relacionamentos, o encontro amoroso anda difícil numa cidade como o Rio de Janeiro, onde 3 milhões de solteiros, mais da metade da população, sonha encontrar sua cara-metade. Diz Carlos Brito que, afora os jogadores de futebol, com as “Marias Chuteira”, e artistas de TV, o homem comum tem vivido a pão e água. Das fotos recebidas, se encantou por uma nutricionista de 40 anos, que não gosta de cozinhar e perde o humor quando está com fome. A mulher de hoje dispensa homem exigente, mesmo sendo um antigo partidão.
Nota e reportagem, sem nome, idade ou foto, reuniram dados do casadoiro solitário. Carioca de Copacabana, mestrado em direito e economia, frequenta o Teatro Municipal, Jockey Clube, bons restaurantes, e foge das redes sociais. Atua na área de imóveis e mora numa cobertura duplex na Barra da Tijuca.
Mudo sobre a idade, admite que pinta de preto cabelo e bigode. Pôs o anúncio porque foi como conheceu, há 10 anos, a ex-mulher, mãe do filho, que vive em Boston. Libriano, diz-se arrojado nos negócios, sentimental e tímido. Fã de Gisele Bündchen, admira Ivete Sangalo, é doido por Juliana Paes. Dispensa as candidatas de ter curso superior, cultura e riqueza. Mas exige muita classe.
Não é ciumento, mas é rígido na exigência: tem que ser magra! Prefere a pele e os olhos claros e cabelos longos, mas não exclui outros tons e cortes. Sendo pessoa humilde, sem roupas adequadas, ele irá ao subúrbio. Acha que está à altura, fisicamente. Não é magro, mas não tem barriga de chope. Sobre a vida sexual, promete dedicação à causa. Em troca, ela terá todo o conforto, muito carinho e atenção. Pediu resposta por carta, em vez da internet, para fazer leitura mais íntima, até da letra. E a foto impressa é mais nítida que no site.
Decepcionado por receber apenas uma carta por dia, publicou outro anúncio. Mesmo texto, sem foto e novo título: “Sim, eu existo!”, advertiu os incrédulos, reforçando as suas intenções. Nova decepção. Concluiu que o sigilo inibia as mulheres, e decidiu findar o mistério sobre sua pessoa. Saiu do anonimato: chama-se Carlos Brito e, sem falar em idade, se mostrou de corpo inteiro.
Na foto, a figuraça! Jaquetão azul com botões dourados, gravata vermelha, calça bege. Moreno claro, cabelo preto feito a asa da graúna e bigode que descai até o cavanhaque. Vaidoso e convincente, tem suas preferências, mas se a pessoa não se ajusta ao seu modelo, não significa que não goste dela. O objetivo maior é arrumar esposa, mas acha um prazer fazer novas amigas. Ele crê, com infantil fervor, que esse arranjo pode ensejar um verdadeiro amor.
Eis que cai o véu que ocultava a verdade e levou ao ato antiquado e patético de pagar R$ 30 mil de anúncios para expor sua carente fragilidade. Apesar da sociedade da informação, dos meios de comunicação, das redes sociais e sites de relacionamentos, o encontro amoroso anda difícil numa cidade como o Rio de Janeiro, onde 3 milhões de solteiros, mais da metade da população, sonha encontrar sua cara-metade. Diz Carlos Brito que, afora os jogadores de futebol, com as “Marias Chuteira”, e artistas de TV, o homem comum tem vivido a pão e água. Das fotos recebidas, se encantou por uma nutricionista de 40 anos, que não gosta de cozinhar e perde o humor quando está com fome. A mulher de hoje dispensa homem exigente, mesmo sendo um antigo partidão.
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