segunda-feira, 5 de novembro de 2012

"Dilma é um tanque, tem instinto político" - Thomas Skidmore


ENTREVISTA
DO ENVIADO A WESTERLY
Lucas Ferraz/Folhapress
Thomas Skidmore, em seu quarto em asilo na cidade de Westerley
Thomas Skidmore, em seu quarto em asilo na cidade de Westerley


Aposentado desde 2001 da Universidade de Brown, Thomas Skidmore segue estudando o Brasil. Ele recebe do amigo David Fleischer, professor da Universidade de Brasília, uma compilação semanal de notícias sobre o país.
Com dificuldades para pronunciar palavras por causa do Alzheimer, seja em inglês ou português, ele diz que o trunfo do Brasil foi ter conseguido equilibrar o jogo ideológico.(LF)
Folha - O que mais o fascina no Brasil?
Thomas Skidmore - O Brasil tem uma capacidade de assimilação grande, que em certo sentido se parece com os EUA. É um país formado por imigrantes. Veja a relação Dilma e Bulgária. Parece improvável. O pluralismo é uma grande lição do Brasil.
O sr. tem acompanhado essa excitação internacional em torno do país?
O Brasil criou um modelo único, entre o público e o privado, que funciona muito bem. E soube equilibrar o jogo ideológico, que o levou a outra categoria. Por isso todo mundo está olhando para ele.
O que acha de Dilma?
Gosto dela, a Dilma é um tanque, tem um instinto político muito bom, admiro a maneira como ela trata o governo. É muito difícil para uma mulher governar um país latino-americano, você precisa mostrar que tem um pouco de característica de homem.
O sr. jantou com o embaixador americano no Brasil em 31 de março de 1964, um dia antes do golpe. Ficou sabendo o que aconteceria?
Sim, ele indicou naquela noite o que estava vindo. Era óbvio que a embaixada americana ajudava a oposição. No jantar, [o embaixador Lincoln] Gordon foi passar um telegrama para Lyndon Johnson [presidente dos EUA] contando as novas e pedindo que o governo americano reconhecesse o regime. Ele disse que tinha ganhado. Foi um momento de clímax.

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