EDUARDO GRAEFF
TENDÊNCIAS/DEBATES
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Feliz 2015
Difícil fazer um trabalho bom quando a base governista ocupa sem limite a máquina estatal. O clientelismo imediatista é ruim à própria coalizão hoje no poder
Se Papai Noel aceitar um pedido atrasado, eu queria um novo pacto político para o Brasil.
A ideia é velha, mas viria bem neste ano novo. O povo não sabe, mas a sensação de bem-estar dos últimos anos está a perigo.
Como evitar que a economia em 2013 seja uma reprise de 2011-2012? O realinhamento de juros e câmbio ajuda, mas não resolve. Mais estímulos ao consumo não vão transformar o "pibinho" num "pibão".
Melhor tentar outra coisa, antes que a retração do investimento bata forte no emprego e na renda. Senão, quando a maioria dos trabalhadores/consumidores acordar, pode faltar tempo e capital político ao atual governo para organizar uma reação.
Não vou chorar se isso custar a reeleição de Dilma Rousseff. Mas me aflige pensar nas oportunidades perdidas do país hoje e nos sacrifícios do povo amanhã se o intervencionismo atabalhoado levar a um desarranjo econômico mais grave.
A inquietação da presidente indica que ela sabe dos riscos. Suponho que também saiba, em linhas gerais, o que precisaria ser feito para o Brasil não empacar na posição de menos emergente dos emergentes. Se não faz, não é porque não sabe ou não quer, mas porque não pode. E não pode não por causa de limites da economia, mas por restrições da política.
Controlar o gasto e reforçar a capacidade de investimento público; racionalizar a carga tributária; impor padrões decentes de gestão dos órgãos e empresas federais; engajar a iniciativa privada na recuperação da infraestrutura; estimular a inovação em empresas e centros de pesquisa; qualificar os jovens para a nova economia. Tudo isso figura nas declarações de intenção do governo.
Mas como trabalhar consistentemente por isso com uma base governista que aposta sua sobrevivência na ocupação sem limites da máquina estatal?
Como equilibrar as contas e profissionalizar a gestão pública sem alvoroçar os companheiros e aliados empregados no governo e a clientela pendurada em suas tetas?
Como convencer investidores privados a se arriscar com um sistema de poder sofregamente clientelista na ação e vagamente anticapitalista em pensamento? Só com dinheiro do próprio governo emprestado pelo BNDES...
As hesitações sem fim do governo sobre privatizações de infraestrutura são uma consequência econômica visível desse impasse, e a desmoralização do Congresso Nacional é um efeito dramático desse modo de governar sobre as instituições políticas.
Gostaria de acreditar que nem a presidente, nem o Brasil estão condenados a passar os próximos dois anos presos nessa armadilha. O governo ainda tem aliados capazes de discutir, por exemplo, regras mais transparentes de preenchimento dos famigerados cargos de confiança -desde que as regras também se apliquem ao PT, naturalmente. É pouco? Seria um alento para projetos de investimento público e privado encalhados nos ministérios, agências e empresas estatais.
Não precisa ser um gênio político para entender que passou da hora de trocar vantagens imediatas por perspectivas de médio prazo mais favoráveis ao país e à própria coalizão governista. A oposição, sem abrir mão do seu papel fiscalizador, não deixaria de encorajar isso.
Pacto político é como pênalti no futebol: tão importante que deveria ser batido pelo presidente do clube pessoalmente. Dilma, talvez porque se conheça, pediu direto um "pibão" de presente, poupando-se das horas e dias de negociação para reorganizar sua base política e melhorar suas chances de sucesso na gestão da economia. Papai Noel, eu acredito, fará o melhor possível.
EDUARDO SANOVICZ
TENDÊNCIAS/DEBATES
Viagens com menos transtornos
As empresas do setor aéreo estão trabalhando para que os transtornos em aeroportos nos meses de dezembro e janeiro deixem de acontecer
Nos últimos anos, o período de festas e férias, nos meses de dezembro e janeiro, no Brasil, vem associado a aeroportos lotados e pouco amistosos para muitos passageiros.Tal percepção fez sentido há pelo menos cinco anos, quando o sistema aéreo enfrentou inúmeras dificuldades. De lá pra cá, entretanto, este quadro mudou e hoje as empresas aéreas, em uma ação coordenada com os órgãos do setor, vêm trabalhando para garantir que as viagens nesta época ocorram com menos transtornos.
Uma das ações desenvolvidas pelas empresas do setor foi a criação da Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas), instituída este ano pela Avianca, Azul, Gol, Tam e Trip. Com a missão de incentivar e, portanto, aumentar o hábito de voar, uma de suas primeiras iniciativas, junto a todos aqueles que usam o transporte aéreo, foi coordenar um plano para evitar eventuais desconfortos e garantir o embarque sem sobressaltos nos aeroportos do país.
A estimativa da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) é que, na média, 414 mil pessoas passaram ou irão passar diariamente pelos principais aeroportos brasileiros neste final de ano. Para atender bem a todos, as empresas, como vem fazendo há alguns anos, já reforçaram e treinaram suas equipes para os dias de maior movimento, ampliando ainda o número de funcionários trabalhando nos aeroportos e internamente.
Os passageiros também podem contribuir para diminuir atrasos e filas antecipando procedimentos por meio do check-in on line (web e celular) ou dos totens de autoatendimento disponíveis nos principais aeroportos. É importante não esquecer os documentos exigidos para menores de idade e respeitar o volume da bagagem. Essas medidas podem garantir mais agilidade no embarque.
Há pelo menos 17 aeronaves reservas para atender demandas não previstas, como atraso ou cancelamento de voos por problemas climáticos. Mesmo tomada essa precaução, o objetivo das maiores empresas aéreas é reduzir o números de voos cancelados ou com atraso, cujos percentuais já caíram em 2011 em relação à temporada do ano anterior.
De 2011 a 2012, os atrasos somaram 14,2% dos voos, contra 20,2% no período entre 2010 e 2011. Os cancelamentos recuaram de 5,6% para 3,6%. Entretanto, uma série de fatores pode impactar na regularidade e pontualidade das operações, como questões meteorológicas, problemas de infraestrutura aeroportuária, manutenção não programada de aeronaves, entre outros. Esses fatores externos são responsáveis por entre 50% e 80% dos cancelamentos.
Mas, caso ocorram atrasos, as empresas estão preparadas para seguir as normas da resolução 141 da Anac, como o auxílio aos passageiros (alimentação, transporte, hospedagem e reacomodação, por exemplo). O valor gasto em 2011 no atendimento a passageiros nestas condições superou R$ 70 milhões, o que comprova o compromisso das empresas.
Esperamos, dando sequência a medidas como estas, que em 2013 possamos debater e desenvolver soluções e, assim, superar os temas geradores dos problemas que enfrentamos todos (passageiros e empresas), como a evolução dos custos de insumos e impostos, e os desafios quanto às mudanças em implantação na infraestrutura aeroportuária.
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