terça-feira, 22 de janeiro de 2013

DNA tem forma de hélice quádrupla‏

Britânicos descobrem que molécula responsável por armazenar informações genéticas das pessoas assume estrutura diferente da de duas fitas em espiral. Estudo pode ajudar no combate ao câncer 

Estado de Minas: 22/01/2013 
Londres – Em 1953, os norte-americanos Francis Crick e James Watson mostraram ao mundo que o DNA tem a forma de uma dupla hélice toda enrolada no núcleo das células. Desde então, a figura das duas fitas que dão voltas uma em torno da outra foi reproduzida infinitas vezes, fazendo parte do imaginário das pessoas. Passados 60 anos da descoberta dos cientistas norte-americanos, um novo estudo – publicado na revista Nature Chemistry e realizado na Universidade de Cambridge – mostra que essa não é a única forma que a molécula pode assumir dentro do corpo humano.
 Uma equipe liderada pelo professor Shankar Balasubramanian, do Departamento de Química da instituição britânica, visualizou células humanas com DNAs em forma de hélice quádrupla. Além de o feito ser um “grande avanço”, como os próprios pesquisadores descrevem na pesquisa, o estudo pode ajudar no combate ao câncer, uma vez que essas moléculas são mais comuns em células de crescimento muito acelerado, como as cancerígenas.
Estruturas de ácido nucleico de quatro fitas, chamadas  G-quadruplex, atraem há algum tempo o interesse dos cientistas. Em experimentos de laboratório, essa formação já havia sido observada, o que gerou a hipótese de que ela poderia ocorrer em células no interior do corpo.
Comprovar essa teoria foi o principal feito do time de pesquisadores de Cambridge. Eles foram bem-sucedidos ao criar um anticorpo que se liga especificamente a essas estruturas. Depois, eles o inseriram em células humanas in vitro e observaram com poderosos instrumentos se o anticorpo se ligaria a algo, o que acabou se confirmando.
Armadilha No estudo, os pesquisadores afirmam que o anticorpo criado funciona como uma espécie de armadilha para o DNA quádruplo que permite uma interferência no seu funcionamento. “Os achados fornecem evidências substanciais da formação de estruturas G-quadruplex no genoma de células de mamíferos e corrobora com a aplicação de ligantes em um contexto celular para buscar G-quadruplexes e interferir em suas funções”, escrevem os especialistas.
É essa possibilidade trazida pelo anticorpo criado para identificar as estruturas que torna promissora a busca por novas abordagens de combate ao câncer. Apesar de admitir que muitos estudos ainda precisam ser feitos, Balasubramanian se mostra muito empolgado, afinal, sua equipe já sabe ser capaz de identificar o DNA quádruplo, estabilizá-lo e influenciar em seu funcionamento.
“A estrutura de hélice quádrupla do DNA pode ser a chave para novas formas de inibir seletivamente a proliferação de células cancerígenas. A confirmação de sua existência em células humanas é um verdadeiro marco”, afirmou o cientista ao jornal britânico The Independent. “Temos observado uma relação entre prender o quadruplex e paralisar a divisão celular, o que é muito excitante. A pesquisa indica que os G-quadruplexes são mais propensos a ocorrer em genes de células que estão se dividindo rapidamente, como as células de câncer”, completou Balasubramanian.

Informações
DNA é a sigla em inglês para ácido desoxirribonucleico. Trata-se de uma molécula que abriga todas as instruções genéticas que orientam o desenvolvimento e o funcionamento de todos os organismos. Ele fica no núcleo das células, e caso fosse desenrolado, chegaria a 2m de comprimento. Todas as informações sobre um indivíduo, como cor de cabelo, predisposição para doenças e mutações etc –  estão lá dentro.

Bases
O nome G-quadruplex vem do fato de essa formação estar ligada a uma grande quantidade de guanina, uma das quatro bases nitrogenadas que compõem o DNA. As outras três são: adenina, citosina e timosina.

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