Bruna Sensêve
Estado de Minas: 22/01/2013
Falta de alternativas não é o problema. “Brinco que já fiz dieta de A a Z. Tomei medicamentos, me submeti a uma intervenção cirúrgica, tentei de tudo”, relata Andreia Palazzo, de 38 anos. Ainda assim, há mais de 20 anos a psicóloga se vê em um campo de batalha com altos e baixos. Até perde medidas significativas, mas as recupera rapidamente, voltando ao peso anterior à última dieta. “Desde os meus 15 anos, brigo com a balança. Nessa época, comecei a sentir o aumento de peso. Era pouco, uns 10 quilos acima do normal, mais fácil de perder. Desde então, não parei mais de fazer regime”, conta. “É uma angústia muito ruim. A gente se acha incapaz. Fico me perguntando por que todo mundo dá conta menos eu.”
A dúvida que domina a mente de Andreia também fez parte dos questionamentos feitos pela equipe de pesquisadores do Registro Nacional de Controle de Peso, nos Estados Unidos. E eles acreditam ter encontrado algumas respostas para ela. O grupo composto por professores de diversas universidades americanas analisou os relatos reunidos durante 15 anos de mais de 6 mil pacientes em luta com a balança sobre comportamento alimentar, atividade física, peso corporal e outros fatores relacionados à saúde física e psicológica, e chegou a uma lista com os principais comportamentos negativos e positivos identificados para a perda de peso. Subestimar aquela única mordida em um sanduíche e verificar o peso semanalmente estão entre os hábitos.
A nutricionista Isadora Fadul, do Centro Terapêutico Máximo Ravenna, com clínicas em São Paulo, Salvador e Brasília, alerta para o que chama de efeito de compensação, que também faz parte da lista. A dieta é realizada durante a semana, mas no sábado e no domingo não existe qualquer censura à mesa. O mesmo pensamento serve para a atividade física. “A pessoa malha para poder comer. Durante a semana, faz atividade física intensa e depois come em uma lanchonete fast food. Quando a gente fala em um paciente com sobrepeso ou obesidade, percebemos esse efeito de compensação. é por isso que ele não consegue uma mudança significativa e duradoura”, observa.
Dos participantes da pesquisa americana, 91% haviam se engajado em diferentes tentativas de perda de peso, alcançando um emagrecimento total de 122 quilos em 15 anos. As tentativas normalmente foram seguidas de recuperação de massa. Os participantes que conseguiram se manter mais magros, ao comparar a tentativa final e bem-sucedida com as anteriores, relataram ter maiores razões sociais, de saúde ou ambas para perder peso definitivamente.
“Um maior compromisso de fazer mudanças de comportamento e o uso de abordagens mais intensivas também é comum durante a tentativa bem-sucedida. Esses achados sugerem que as pessoas fazem várias tentativas de perda de peso e frequentemente experimentam a recuperação dele antes de conseguir a manutenção a longo prazo de um emagrecimento substancial”, avalia John Thomas, um dos autores do estudo e pesquisador da Universidade de Brown.
Ele acredita que o dado pode servir de conforto para os indivíduos que lutam com a manutenção de peso, já que um histórico de tentativas anteriores não parece impedir o sucesso a longo prazo.
Traumas Filha de Andreia, Amabilys Palazzo, de 17 anos, recebe acompanhamento profissional há cinco anos, desde que começou a ter um aumento de peso significativo: cerca de 10 quilos a cada ano. Hoje, ela sofre de síndrome metabólica. A doença é diagnosticada quando o paciente tem pelo menos três de cinco fatores graves de saúde: circunferência abdominal acima de 88cm para mulheres e 102cm para homens, pressão arterial elevada, nível de glicose no sangue acima do considerado normal, alto índice de triglicerídeos, e HDL, o colesterol bom, abaixo de 45 mg/dl. O diagnóstico da doença faz parte da decisão atual de emagrecer. Somente no último mês, a jovem conseguiu diminuir sete quilos.
Momentos traumáticos de consciência do próprio peso permeiam grande parte da tomada de decisão de emagrecer. Cerca de 77% dos participantes da pesquisa americana foram capazes de identificar um evento que engatilhou a perda de peso bem-sucedida. Grande parte deles está relacionada a condições médicas ligadas ao sobrepeso, como diabetes, apneia do sono, cansaço e dores nas articulações. Uma porção menor declarou ter passado por uma situação de estresse emocional, como ser provocado por outras pessoas por estar fora do peso. Segundo Andreia, o momento mais traumático dessa angustiante rotina foi cruzar a fronteira dos três dígitos na balança. “Foi uma passagem terrível e ocorreu logo depois da minha segunda gestação. Ganhei muito peso durante a amamentação”, lamenta. Andreia e a filha contam com a ajuda de especialistas para perder peso.
Ações para o fracasso
1.Subestimar a quantidade de calorias consumidas. Escrever tudo o que é consumido, incluindo bebidas, mordidas e provas de comida, pode evitar esse erro. Preste atenção nas porções e use copos de medição.
2.Valorizar excessivamente a atividade física e as calorias queimadas. O exercício não é uma desculpa para comer mais. Uma meta viável seria tentar aumentar as atividade físicas ao longo do dia para fazer mudanças na alimentação.
3.Dar folga à dieta. Não adianta ter uma alimentação equilibrada durante a semana e exagerar no sábado e no domingo. Isso cria um ciclo prejudicial, que desencoraja a perda de peso.
4.Dormir inadequadamente. Estudos têm mostrado que as pessoas que dormem menos de seis horas têm níveis mais altos de grelina, hormônio que estimula o apetite, especialmente por alimentos de alto teor calórico e de carboidratos.
5.Traçar metas irrealistas. As pessoas muitas vezes definem objetivos vagos e relacionados com resultados pontuais, como alcançar determinado peso até o verão. Na verdade, os objetivos devem ser específicos e atingíveis. Comece por tentar perder 10% do peso corporal.
6.Reagir mal aos contratempos. Ao aprender a dirigir, a praticar um esporte ou a tocar um instrumento musical, é normal que você cometa erros. Por isso existe um instrutor para orientá-lo. As recaídas da dieta podem ter o efeito minimizado se forem divididas com um amigo ou acompanhadas por um profissional especializado.
2.Valorizar excessivamente a atividade física e as calorias queimadas. O exercício não é uma desculpa para comer mais. Uma meta viável seria tentar aumentar as atividade físicas ao longo do dia para fazer mudanças na alimentação.
3.Dar folga à dieta. Não adianta ter uma alimentação equilibrada durante a semana e exagerar no sábado e no domingo. Isso cria um ciclo prejudicial, que desencoraja a perda de peso.
4.Dormir inadequadamente. Estudos têm mostrado que as pessoas que dormem menos de seis horas têm níveis mais altos de grelina, hormônio que estimula o apetite, especialmente por alimentos de alto teor calórico e de carboidratos.
5.Traçar metas irrealistas. As pessoas muitas vezes definem objetivos vagos e relacionados com resultados pontuais, como alcançar determinado peso até o verão. Na verdade, os objetivos devem ser específicos e atingíveis. Comece por tentar perder 10% do peso corporal.
6.Reagir mal aos contratempos. Ao aprender a dirigir, a praticar um esporte ou a tocar um instrumento musical, é normal que você cometa erros. Por isso existe um instrutor para orientá-lo. As recaídas da dieta podem ter o efeito minimizado se forem divididas com um amigo ou acompanhadas por um profissional especializado.
Hábitos para o sucesso
1. Comprometa-se a fazer uma hora de atividade física moderada por dia. A prática não precisa ser consecutiva. Faça três caminhadas rápidas de 20 minutos ou some uma série de atividades, como subir as escadas e limpar a casa, que cheguem aos 60 minutos.
2.Assista a menos de 10 horas de televisão por semana. Muitos argumentam que não têm tempo para fazer exercício, mas se contarem as horas que passam em frente à televisão ou na internet, vão ver que há disponibilidade para as atividades físicas.
3.Mantenha uma dieta consistente. Procure comer os mesmos alimentos regularmente e não exagere no consumo de alimentos altamente calóricos nos fins de semana, nos feriados ou em ocasiões especiais.
4.Não pule o café da manhã. Alimentar-se até uma hora após despertar pode impulsionar o metabolismo em até 20% no resto do dia. O ideal é tentar incorporar à primeira refeição proteína, que é um combustível mais duradouro.
5.Mantenha o controle da alimentação durante todo o dia. Evite comer exageradamente em resposta a estímulos emocionais ou externos, como a pressão no trabalho ou a disponibilidade de comidas altamente saborosas.
6.Pese-se uma vez por semana. A detecção precoce de qualquer recuperação do peso permite ajustar o comportamento de acordo com o pequeno ganho reconhecido.
2.Assista a menos de 10 horas de televisão por semana. Muitos argumentam que não têm tempo para fazer exercício, mas se contarem as horas que passam em frente à televisão ou na internet, vão ver que há disponibilidade para as atividades físicas.
3.Mantenha uma dieta consistente. Procure comer os mesmos alimentos regularmente e não exagere no consumo de alimentos altamente calóricos nos fins de semana, nos feriados ou em ocasiões especiais.
4.Não pule o café da manhã. Alimentar-se até uma hora após despertar pode impulsionar o metabolismo em até 20% no resto do dia. O ideal é tentar incorporar à primeira refeição proteína, que é um combustível mais duradouro.
5.Mantenha o controle da alimentação durante todo o dia. Evite comer exageradamente em resposta a estímulos emocionais ou externos, como a pressão no trabalho ou a disponibilidade de comidas altamente saborosas.
6.Pese-se uma vez por semana. A detecção precoce de qualquer recuperação do peso permite ajustar o comportamento de acordo com o pequeno ganho reconhecido.
Respeito à fome
A dificuldade em perder peso, segundo o nutrólogo José Ernesto dos Santos, está vinculada também à inabilidade do homem de distinguir dois sentimentos li-gados ao equilíbrio nutricional: a fome e a saciedade. O especialista da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo afirma que é preciso entender que a fome é algo fisiológico, e saciedade, algo natural. “Estamos desacostumados a sentir fome porque comemos simplesmente porque está na hora de comer. Quem vai a um rodízio, vai para dar prejuízo. Ninguém tem fome de 24 pedaços de pizza”, argumenta. Santos recorre a hábitos rotineiros para exemplificar o descaso com a saciedade. “Comemos no cinema, vendo televisão e sem perceber que é o suficiente.”
A nutricionista Isadora Fadul destaca ainda que deve haver uma preocupação em adequar o alimento ao horário em que ele é ingerido. Caso contrário, alerta, a pessoa corre o risco de cair na armadilha das compensações noturnas. “Ela pensa que como não comeu nada durante o dia e não tomou café da manhã pode compensar e comer bastante no jantar. Exatamente na hora em que devemos comer menos. O organismo se prepara para descansar, e em vez disso está tentando digerir uma quantidade enorme de comida.”
A endocrinologista Rosana Radominski, presidente do Departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, ressalta que esse comportamento é conhecido como anorexia noturna. “A pessoa não tem fome de dia, mas come muito à noite. Isso pode ser mudado. Se ela conseguir comer menos à noite, vai sentir fome pela manhã, com certeza”, ensina.
Uma alimentação menos reforçada à noite melhora outra importante questão para o emagrecimento: o sono. Segundo Radominski, ainda não se sabe exatamente qual é o papel biológico da ausência das longas horas de sono no organismo, mas uma associação desse comportamento com a obesidade já é conhecida. Estudos mostram que poucas horas de sono aumentam os níveis de cortisol, o hormônio do estresse, o que pode levar ao ganho de peso. Ao mesmo tempo, pessoas que passam menos de seis horas dormindo têm níveis mais altos de grelina, um hormônio que estimula o apetite, principalmente por alimentos de alto teor calórico e por carboidratos. (BS)
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