quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Elton John abre turnê brasileira hoje em São Paulo, disparando clássicos de seu piano

folha de são paulo

Rock sentado
THALES DE MENEZESEDITOR-ASSISTENTE DA “ILUSTRADA”"Piano e rock? Não dá certo, essas coisas não combinam. O cara toca sentado! Não existe um pianista 'cool' no rock inglês. Exceto Elton John, é claro!"
Se estivesse hoje em São Paulo, o autor da declaração, o falastrão Noel Gallagher (ex-Oasis), certamente iria às 20h30 ao Jockey Club, onde Elton John abre turnê brasileira que irá a quatro cidades.
Aos 65 anos, o cantor inglês vem tocar no Brasil pela quarta vez. Fez curtas excursões em 1995 e 2009 e foi uma das atrações da noite de abertura do Rock in Rio de 2011.
Antes dessas visitas, ele esteve no Rio em 1978, mas a passeio. Curtiu (muito) o Carnaval com dois colegas roqueiros ilustres: Rod Stewart e Peter Frampton. Os três estavam então no auge da popularidade mundial e no ápice da voragem sexual.
O Elton que volta ao Brasil é diferente. Tranquilo, casado com o cineasta canadense David Furnish, às vezes viaja com dois filhos, frutos de sigilosas inseminações artificiais e barrigas de aluguel.
Mas a energia economizada com a vida pessoal caseira é canalizada para as duas horas e meia de duração previstas para o show de hoje.
Elton cumpre agora a turnê comemorativa dos 40 anos da música "Rocket Man", do álbum "Honky Château", lançado em 19 de maio de 1972. Tornou-se o primeiro sucesso mundial de sua carreira.
Pelos cinco anos seguintes, ele foi o maior vendedor de discos no planeta, enfileirando hits como "Crocodile Rock", "Saturday Night's Alright for Fighting", "Goodbye Yellow Brick Road" e "Philadelphia Freedom".
O segredo do sucesso de Elton John tem alguns componentes claros. Um deles é o ataque feroz ao piano, indo de passagens suaves a trechos furiosos.
FIEL AO PIANO
Ao contrário de outros tecladistas da mesma geração, como Keith Emerson (Emerson, Lake & Palmer), Jon Lord (Deep Purple) e Rick Wakeman (Yes), Elton não foi seduzido pelos sintetizadores. Sempre foi fiel ao piano.
O que outros conseguiam com efeitos eletrônicos, Elton alcançava com seu domínio espantoso de harmonia, capaz de criar melodias assobiáveis em profusão. É como se John Lennon e Paul McCartney tivessem priorizado piano no lugar de guitarra.
Por fim, a combinação perfeita com Bernie Taupin, que escreve versos cantados por Elton desde seu primeiro disco, "Empty Sky", de 1969.
A música produzida por ele nos anos 1970 foi responsável pela maior fatia de cerca de 450 milhões de discos vendidos em sua carreira, contabilizando álbuns e singles.
Embora seu ritmo de gravações na década seguinte não tenha diminuído, o consumo de álcool e cocaína ofuscou o brilho do compositor. Os discos são fracos, com um grande hit aqui ou ali.
Desintoxicado, emprestou em 1994 seu talento à produção da trilha sonora do filme "Rei Leão" e liderou os mais vendidos pela última vez.
Nos últimos anos, se dedica a discos mais suaves, de baladas. E, ainda bem, a shows explosivos como deve ser o de hoje à noite, diante de 15 mil paulistanos.

    Desta vez, cantor vai encontrar sua plateia verdadeira
    DO EDITOR-ASSISTENTE DA “ILUSTRADA”Elton John tem tudo para fazer hoje um show mais emocionante do que sua apresentação anterior no Brasil. Desta vez, ele estará diante do público certo.
    Anunciado como um dos maiores nomes do último Rock in Rio, em 2011, ele protagonizou um momentos quase constrangedor no evento.
    No palco, foi o Elton de sempre, carismático e dono de um caminhão de hits. O problema estava no público do gigantesco palco carioca.
    Ele foi escalado para a primeira noite, entre shows de duas cantoras favoritas das novíssimas gerações, Katy Perry e Rihanna. E a imensa maioria do público de 100 mil pessoas estava lá para vê-las.
    Depois da alegre apresentação de Katy Perry, as meninas da plateia passaram o show de Elton comprando lanche ou dedilhando mensagens nas redes sociais, enquanto esperavam Rihanna.
    Para elas, estava no palco um "tiozinho" cantando músicas do horário de flashback das rádios FM. Só isso. Quem prestava muita atenção eram os poucos pais quarentões, bem lá atrás, deleitados.
    Diante de seus fãs "históricos" que vão comparecer ao Jockey, a química de Elton com a plateia deve acender. Principalmente pelo caráter retrospectivo da turnê.
    As anteriores que passaram pelo Brasil davam bom espaço às músicas dos discos mais recentes. Desta vez, é o melhor de Elton John. (TM)

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