Polícia afirma que médica suspeita de homicídio queria liberar leitos do SUS; prefeitura refuta essa hipótese
Ontem, suposta paciente relatou à Rede Globo que ouviu acusada pedir para que desligassem aparelhos
A investigação, que ocorre paralelamente à da Polícia Civil, tem o apoio de um auditor do Ministério da Saúde.
A polícia apura se a médica provocou a morte de pacientes na UTI geral do Hospital Universitário Evangélico. Ela nega as acusações.
Segundo a polícia, há indícios de que pacientes do SUS tenham sido mortos para "liberar" vagas para outros que pagariam pelo serviço.
O hospital tem uma dívida de cerca de R$ 260 milhões.
Para a comissão que investiga o caso, porém, essa suspeita não se sustenta.
"A gente acredita que é uma coisa isolada, de uma das UTIs e especificamente de uma pessoa. Não é ordem superior, não é política do hospital", afirma o auditor Mário Lobato da Costa.
Ele justifica que os convênios pagam quase a mesma diária que o SUS e são muito rigorosos ao avaliar despesas.
BILHETE
Bilhete divulgado ontem pelo site G1 mostra suposto pedido de uma paciente para que fosse retirada do hospital.
Ao "Jornal Nacional", a mulher disse que ficou internada em dezembro de 2012 e ouviu a médica mandando que desligassem seus aparelhos. "Se eu não conseguisse [sobreviver], eu não tinha chance. Só que daí uma enfermeira viu que eu estava 'agoniando' e ligou de novo."
Médica há 30 anos, Virgínia chefiava o setor desde 2006. "Ela mandava e desmandava naquele lugar", afirmou à Folha um colega.
A defesa, que afirma não haver provas contra Virgínia, diz que pedirá a liberdade dela.
FRASE
"A gente acredita que [a série de mortes] é uma coisa isolada, de uma das UTIs e especificamente de uma pessoa. Não é ordem superior, não é política do hospital"
PERFIL
Médica 'mandava e desmandava' na UTI, diz colega
DE CURITIBA
Os 14 leitos da UTI geral do Hospital Evangélico de Curitiba eram uma espécie de "reino" da médica Virgínia Helena Soares Souza, afirmaram funcionários ouvidos pela reportagem.
"Ela mandava e desmandava naquele lugar", disse à Folha um dos profissionais que trabalhava com ela.
Com fama de "difícil", a médica costumava gritar e acertar "tamancadas" em quem cometia erros ou a desagradava. Também fumava nos leitos e na sua sala, em frente à UTI, o que levou a Vigilância Sanitária a autuar o hospital, em 2010.
No ano seguinte, foi afastada por um mês após discutir com uma colega.
O marido dela, que também trabalhou no local, morreu num dos leitos.
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