Mariana Peixoto
Estado de Minas: 11/02/2013
Gerente de cinema da Fundação Clóvis Salgado, professor e crítico, Rafael Ciccarini cita três tipos de alunos com quem já trabalhou: aquele que coloca a mão na massa ,“quer pegar na câmera, às vezes não tem paciência para estudar”; o cinéfilo que tem veia mais reflexiva, “gosta mais da parte teórica, está interessado na crítica”; e a pessoa que simplesmente gosta de cinema “e pretende aprofundar essa relação”. Ofertas de cursos para cada um desses tipos existem em Belo Horizonte. Com maior ou menor compromisso, gratuitas ou pagas, as opções vão de palestras à formação em nível superior.
Porta de entrada de muita gente que atua no meio, a Escola Livre de Cinema chegou em janeiro aos 10 anos. Foi criada em 2003, por Cláudio Costa Val, que utilizou como modelo o curso que fez voltado para televisão na Universidade Internacional de Andaluzia, na cidade espanhola de Huelva. “Peguei o conceito de módulos sequenciais. O aluno tem a mobilidade de construir sua grade, de acordo com seu interesse, ou então fazer todas as disciplinas.” Com sede em Santa Tereza, tem três turmas (manhã, tarde e noite, com aulas três vezes por semana). A formação em cinema dura um ano e os alunos produzem, nesse período, três curtas.
Nessa década, a escola já formou 1,5 mil alunos, que produziram 120 filmes (os trabalhos das turmas de 2012 serão exibidos no dia 16, em sessão às 9h30 no Cine Humberto Mauro). “A procura maior é de pessoas que têm vontade de trabalhar na área, ou que já atuam e querem se aperfeiçoar”, continua Costa Val. De acordo com ele, saíram da escola produtoras, coletivos, blogs. “A galera mais nova é muito desencanada. O pessoal mais antigo só fazia filme quando tinha dinheiro. Os de hoje se juntam em coletivos, entram com projeto de lei. Eles mesmos montam, distribuem.”
O Centro Universitário Una criou, há sete anos, o curso de cinema e audiovisual. Com duração de três anos e meio, é o único de graduação em Belo Horizonte. “A grande maioria dos alunos é egressa do ensino médio, mas de 20% a 30% são mais velhos. É um número alto, pois um curso de cinema acaba tendo o pendor da realização de um sonho. Tem gente que opta como um segundo curso”, comenta o coordenador, Júlio Pessoa.
Ainda que por diletantismo haja aquele estudante que resolve voltar para a universidade por causa de uma paixão pelo cinema, Pessoa diz que a imensa maioria quer mesmo é trabalhar diretamente com o meio. “Mas hoje, dificilmente, há o aluno que quer fazer o filme hollywoodiano. A maioria tem intenção de fazer um trabalho autoral. E a situação é mais complexa, o campo de atuação mudou muito com as novas tecnologias. Hoje, o telefone tem tela de vídeo, há ainda o computador, TVs por internet. Então, há uma demanda muito alta por conteúdo (que não passe obrigatoriamente pela tela do cinema).”
Teoria obrigatória Sazonalmente, principalmente durante as férias, são oferecidos cursos livres. De curta duração e concentrados, de maneira geral em um só período ou autor, são complemento para estudo mais formal. Ataídes Braga, que está completando 30 anos como professor de cinema, já perdeu a conta de quantos cursos ministrou. Admite sentir certa nostalgia dos tempos em que o Centro de Estudos Cinematográficos (CEC) promovia cursos constantes, pelo menos a cada dois meses. “Há um certo vazio. O problema das novas gerações é que elas não têm a oportunidade que havia entre os anos 1980 e 2000. Foram duas décadas em que o CEC formou muita gente. Ele foi um centro formador desse público ávido pelos cursos livres”, continua ele, que ainda dá aulas na graduação da Una.
Sua primeira grande escola foi a sala de cinema, que frequenta desde criança. “Minha formação foi autodidata. Foi lendo e vendo filmes. A escola deu formalidade e títulos (tem mestrado em cinema). Tem muita gente que tem como objetivo fazer um filme. Mas para estudar cinema a teoria é obrigatória”, continua Braga. Em 2012, via Lei Municipal de Incentivo à Cultura, ministrou cursos gratuitos no Centro de Cultura Belo Horizonte de história do cinema brasileiro e de crítica no Cine Humberto Mauro. Pretende fazer o mesmo este ano, só que de roteiro.
Idosos inclusive Como complemento a retrospectivas de cineastas como Luis Buñuel e Charles Chaplin, foram realizados no Cine Humberto Mauro, há alguns meses, cursos com críticos e especialistas nas obras dos diretores. “A ideia é de que isso nunca pare, pois o Humberto Mauro sempre foi conhecido como espaço de exibição e de formação. São pelo menos três cursos por fora, além de palestras e debates”, diz Rafael Ciccarini, também professor da Una e do Instituto de Educação Continuada da PUC Minas (IEC). O público desses cursos é bem diverso. “No Humberto Mauro, como espaço público, é mais ainda. Há desde o cinéfilo ultraespecialista até a pessoa que está ali por curiosidade. E chama ainda muito a atenção a quantidade de idosos”, finaliza.
Porta de entrada de muita gente que atua no meio, a Escola Livre de Cinema chegou em janeiro aos 10 anos. Foi criada em 2003, por Cláudio Costa Val, que utilizou como modelo o curso que fez voltado para televisão na Universidade Internacional de Andaluzia, na cidade espanhola de Huelva. “Peguei o conceito de módulos sequenciais. O aluno tem a mobilidade de construir sua grade, de acordo com seu interesse, ou então fazer todas as disciplinas.” Com sede em Santa Tereza, tem três turmas (manhã, tarde e noite, com aulas três vezes por semana). A formação em cinema dura um ano e os alunos produzem, nesse período, três curtas.
Nessa década, a escola já formou 1,5 mil alunos, que produziram 120 filmes (os trabalhos das turmas de 2012 serão exibidos no dia 16, em sessão às 9h30 no Cine Humberto Mauro). “A procura maior é de pessoas que têm vontade de trabalhar na área, ou que já atuam e querem se aperfeiçoar”, continua Costa Val. De acordo com ele, saíram da escola produtoras, coletivos, blogs. “A galera mais nova é muito desencanada. O pessoal mais antigo só fazia filme quando tinha dinheiro. Os de hoje se juntam em coletivos, entram com projeto de lei. Eles mesmos montam, distribuem.”
O Centro Universitário Una criou, há sete anos, o curso de cinema e audiovisual. Com duração de três anos e meio, é o único de graduação em Belo Horizonte. “A grande maioria dos alunos é egressa do ensino médio, mas de 20% a 30% são mais velhos. É um número alto, pois um curso de cinema acaba tendo o pendor da realização de um sonho. Tem gente que opta como um segundo curso”, comenta o coordenador, Júlio Pessoa.
Ainda que por diletantismo haja aquele estudante que resolve voltar para a universidade por causa de uma paixão pelo cinema, Pessoa diz que a imensa maioria quer mesmo é trabalhar diretamente com o meio. “Mas hoje, dificilmente, há o aluno que quer fazer o filme hollywoodiano. A maioria tem intenção de fazer um trabalho autoral. E a situação é mais complexa, o campo de atuação mudou muito com as novas tecnologias. Hoje, o telefone tem tela de vídeo, há ainda o computador, TVs por internet. Então, há uma demanda muito alta por conteúdo (que não passe obrigatoriamente pela tela do cinema).”
Teoria obrigatória Sazonalmente, principalmente durante as férias, são oferecidos cursos livres. De curta duração e concentrados, de maneira geral em um só período ou autor, são complemento para estudo mais formal. Ataídes Braga, que está completando 30 anos como professor de cinema, já perdeu a conta de quantos cursos ministrou. Admite sentir certa nostalgia dos tempos em que o Centro de Estudos Cinematográficos (CEC) promovia cursos constantes, pelo menos a cada dois meses. “Há um certo vazio. O problema das novas gerações é que elas não têm a oportunidade que havia entre os anos 1980 e 2000. Foram duas décadas em que o CEC formou muita gente. Ele foi um centro formador desse público ávido pelos cursos livres”, continua ele, que ainda dá aulas na graduação da Una.
Sua primeira grande escola foi a sala de cinema, que frequenta desde criança. “Minha formação foi autodidata. Foi lendo e vendo filmes. A escola deu formalidade e títulos (tem mestrado em cinema). Tem muita gente que tem como objetivo fazer um filme. Mas para estudar cinema a teoria é obrigatória”, continua Braga. Em 2012, via Lei Municipal de Incentivo à Cultura, ministrou cursos gratuitos no Centro de Cultura Belo Horizonte de história do cinema brasileiro e de crítica no Cine Humberto Mauro. Pretende fazer o mesmo este ano, só que de roteiro.
Idosos inclusive Como complemento a retrospectivas de cineastas como Luis Buñuel e Charles Chaplin, foram realizados no Cine Humberto Mauro, há alguns meses, cursos com críticos e especialistas nas obras dos diretores. “A ideia é de que isso nunca pare, pois o Humberto Mauro sempre foi conhecido como espaço de exibição e de formação. São pelo menos três cursos por fora, além de palestras e debates”, diz Rafael Ciccarini, também professor da Una e do Instituto de Educação Continuada da PUC Minas (IEC). O público desses cursos é bem diverso. “No Humberto Mauro, como espaço público, é mais ainda. Há desde o cinéfilo ultraespecialista até a pessoa que está ali por curiosidade. E chama ainda muito a atenção a quantidade de idosos”, finaliza.
Braço cubano
Mariana Peixoto
Em funcionamento desde setembro, na Região da Pampulha, com oito salas de aula e uma pequena sala de exibição, o Lugar de Cinema é o braço brasileiro da tradicional Escuela Internacional de Cine y TV (EICTV) de San Antonio de los Baños, em Cuba. A iniciativa visa ao aperfeiçoamento de quem já trabalha no meio. “Não há iniciação. Chamamos os cursos de imersões. Trazemos professores de fora do Brasil para duas semanas de aulas em todas as áreas do cinema: produção, direção, roteiro, fotografia, som”, explica o diretor Leonardo Andrade Maia, ele mesmo ex-aluno da EICTV.
Cada um dos cursos realizados até agora teve 15 alunos. “Como os professores vêm somente para Belo Horizonte para um curso que não ocorre em nenhum outro lugar, pelo menos metade dos alunos é de fora”, continua. Em 2012, houve aulas de roteiro com o cubano Eliseo Altunaga e fotografia com o uruguaio Arauco Hernández, entre outros. Para este ano, serão ofertados cursos de edição e finalização de som (com o mexicano Miguel Hernández), operação de câmera e steadycam (com o espanhol Juan Ramos), edição (com o argentino Miguel Pérez) e direção para série de TV (com o britânico Charles McDougall). Todos os professores contam com assistentes (que atuam também como tradutores), que foram alunos de San Antonio de los Baños.
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