segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Ricardo Feltrin

folha de são paulo

NO SOFÁ - RICARDO FELTRIN
Fora das passarelas, exclusivas da Globo, TVs recorrem a bastidores e 'beiradas' do Carnaval
UMA CÂMERA no ombro, um microfone na mão, nenhuma pauta e um monte de besteiras na cabeça. Essa foi mais uma vez a fórmula da maioria dos programas de bastidores do Carnaval na TV aberta.
Chamar a essas coisas de "programa de bastidores do Carnaval" é bondade. Alijados pela eterna exclusividade da Globo nas passarelas de São Paulo e Rio (dona Globo, está duro aguentar a overdose de efeitos especiais nos desfiles e no merchandising, hein?) cabe aos canais concorrentes ficar na "rabeira" -seja migrando para outros Estados, fuxicando camarotes VIP ou incomodando o cidadão comum em festas de salão.
De certa forma, ver o Carnaval pela TV tem lá suas vantagens. Você não fica sem voz de tanto gritar e tampouco tem o constrangimento de presenciar como todo bufê boca-livre em camarotes no Anhembi é atacado por convidados com fome etíope.
Só mesmo a TV pode ceder ao telespectador cenas tão ridículas, como o falso Psy que a RedeTV! colocou no ar para procurar bundas perfeitas; ou ouvir o confuso cantor neosertanejo Mariano ser entrevistado pelo SBT e, ao final, mandar um simpaticíssimo "abraço ao pessoal do Band Folia".
As crianças de "Carrossel", por sua vez, já estão se parecendo mais com o elenco de "Os Miseráveis". Cansadas, com olheiras, há meses elas são arrastadas de um lado para outro pelo destino, digo, pela direção do SBT.
Na RedeTV!, achar uma celebridade de quarto escalão equivale a encontrar um bilhete de loteria premiado. A emissora que passou os últimos dois anos em crise reservou a maior pegadinha carnavalesca para o telespectador: a estreia de João Kleber. E, creiam, ele voltou gritando ainda mais que o Marcio Canuto.
Destaque positivo mesmo só para os dropes do "Carnaval MTV", que colocou um repórter blasé cobrindo uma viagem de navio na qual só se toca rock anos 90. Podia ser pior. Podia ser funk carioca.

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