segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Aécio Neves

folha de são paulo

Turismo
Parafraseando Gilberto Gil, o Carnaval brasileiro continua lindo. E continua sendo.
Seja de que parte do mundo for, não há quem permaneça indiferente à sua grandiosidade como festa popular.
No entanto, apesar de contarmos com alavancas poderosas como esta, o Brasil vem perdendo posições no ranking mundial de competitividade no setor de turismo. Como já observei aqui, na sua última edição de 2011, o relatório do Fórum Econômico Mundial colocou o país sede da Copa e da Olimpíada na 52ª posição entre 139 países avaliados. Em 2009, éramos o 45º.
Enfrentamos uma lamentável e enorme contradição. Detemos a melhor pontuação entre todos os países do mundo no que tange aos recursos naturais e a 23ª em recursos culturais, mas em políticas para o setor, e em competitividade de preços, ocupamos a 114ª posição. Em infraestrutura de transportes terrestres, a 116ª.
Não é difícil perceber a dimensão das oportunidades e dos desafios que temos pela frente e que, infelizmente, não se restringem à ausência de políticas públicas eficazes e às dificuldades operacionais.
Para que o turismo possa cada vez mais ser fortalecido como eixo concreto de desenvolvimento e de geração de renda não há como deixar de considerar que existem ainda questões complexas a serem vencidas, como o inaceitável turismo sexual.
Esse é um desafio que cresce diante da proximidade dos grandes eventos que ocorrerão no Brasil nos próximos anos e que, pelo número de visitantes que trarão a nossas cidades, poderão ter como consequência indesejada a expansão de organizações criminosas que atuam em torno da exploração sexual.
São muito bem vindas as notícias que demonstram a solidariedade internacional que o Brasil receberá para o enfrentamento deste problema.
Como recentemente foi divulgado, organizações não-governamentais europeias, em parceria com entidades nacionais, articulam uma campanha de mobilização internacional para conscientização sobre essa prática criminosa, com ênfase no combate à exploração sexual de crianças e de adolescentes.
As ONGs preveem advertências aos chamados "turistas de ocasião", lembrando que crime sexual pode ser enquadrado em acordos internacionais, o que permitiria, inclusive, que o criminoso fosse julgado no seu país de origem, ameaçando, assim, os princípios de impunidade e de anonimato que acabam por acobertar este tipo de violência.
Esse é um bom momento para lembrarmos também que os esforços que reúnem autoridades, instituições e voluntários brasileiros na ampliação da rede de proteção às nossas crianças e jovens mais vulneráveis merecem o apoio de toda a sociedade.

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