segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Sérgio Rizzo e Thales de Menezes

folha de são paulo


FOLHATEEN
Não confunda
Quatro livros que vão virar filmes, um romance entre humanos e seres fantásticos; parece "Crepúsculo", mas é "Dezesseis Luas"
THALES DE MENEZESEDITOR-ASSISTENTE DA “ILUSTRADA”A corrida em busca de um novo fenômeno literário e cinematográfico como a saga "Crepúsculo" segue forte. Agora chegou um concorrente de peso: "Dezesseis Luas", que estreia nos cinemas nesta sexta-feira.
A moçada mais afinada com o idioma inglês e com esse filão de livros chamado "young adult" ("jovens adultos", no fim da adolescência) já conhece a história como "Beautiful Creatures" (Belas Criaturas), de 2009.
As autoras Kami Garcia e Margaret Stohl receberam boas e más críticas, mas, diante de tanta aceitação, nem devem ter se preocupado muito com as negativas.
Com um best-seller nas mãos, prolongaram a história em mais três livros:
"Beautiful Darkness" (Bela Escuridão), "Beatiful Chaos" (Belo Caos) e "Beautiful Redemption" (Bela Redenção).
O título brasileiro do primeiro livro vem de um trecho que envolve Ethan, Lena e a canção "16 Moons".
Ah, sim, Lena e Ethan são a nova versão do casal Bella e Edward, de "Crepúsculo"
Nesta aventura, a criatura fantástica muda de gênero. O humano é o menino, alma rebelde sufocada em Gatlin, uma cidadezinha retrógrada. Ethan começa a ter sonhos recorrentes com uma garota.
Eis que esta aparece na escola, muito misteriosa. Lena integra o clã dos Ravenwood. A menina está próxima de completar 16 anos, quando, segundo a tradição familiar, se transformará em bruxa.
ENTRE O BEM E O MAL
O drama, além da evidente rejeição da família a um namorado humano, é que Lena pode se transformar tanto numa bruxa boa quanto numa que seja o mal encarnado.
E, por uma série de fatores fantásticos, ela será a mais poderosa de todas.
Assim como eram Kristin Stewart e Robert Pattinson no primeiro "Crepúsculo", os intérpretes principais ainda estão longe da fama: Alice Englert, 18, e Alden Ehrenreich, 23, vão virar estrelas agora.
Mais conhecida é Emmy Rossum. A atriz vive a prima mais velha de Lena, Ridley, que se tornou um ser das trevas aos chegar aos 16 anos. Ela já tem no currículo filmes como "O Fantasma da Ópera" e "Poseidon".
Quem não quiser esperar pelos próximos filmes pode acompanhar o desenrolar da trama nos livros. A editora Record já publicou as edições brasileiras dos três primeiros volumes da saga.


    CRÍTICA FANTASIA
    Longa foge do modelo tradicional destinado a plateias adolescentes
    SÉRGIO RIZZOCOLABORAÇÃO PARA A FOLHAPersonagens que leem Kurt Vonnegut Jr. ("Matadouro 5") e Charles Bukowski ("O Amor é um Cão dos Diabos"), que conversam sobre livros e que reconhecem a importância da literatura nas suas vidas? Em um filme sobre adolescentes?
    Alguém faria a gentileza de me beliscar? "Dezesseis Luas" não se parece com o tradicional combo de cinema "teen" que junta romance, fantasia, personagens sobrenaturais e atores bonitinhos.
    É isso tudo também, de olho no imenso público que curte o gênero -como o êxito de "Crespúsculo" demonstra. Mas, quase subversivo, "Dezesseis Luas" vai além, ao sugerir que a arte alimenta mentes rebeldes.
    E, se a arte faz isso, deve ser combatida. É o que pensa a ultraconservadora população da cidade onde vive Ethan (Alden Ehrenreich, de "Tetro", de Francis Coppola).
    Nesse fim de mundo do qual só não escapam os medíocres ou covardes, a comunidade decide quais autores podem ser lidos.
    ROMEU E JULIETA
    Ethan não cabe nesse lugar atrasado, de gente aborrecida. Como ainda não tem idade para pular fora, a porta de fuga são livros. Até que uma aluna nova surge e... uau!
    A moça é Lena (Alice Englert, atriz novata em ascensão), que pertence a uma família malvista na cidade, de supostos adoradores de Satã. Seria apenas um exagero reacionário contra qualquer um que pense por conta própria?
    Na segunda parte da história, descobrimos quem é Lena e por que seu tio recluso (Jeremy Irons) tem tantos desafetos. O sobrenatural entra em cena e "Dezesseis Luas" se atrapalha com a necessidade de dar informações.
    Essa dificuldade ajuda a entender por que o filme não estreou bem nos EUA, com uma arrecadação modesta para as expectativas.
    O que pode ser injusto com os simpáticos Ethan e Lena, mas é castigo merecido para a cafonice de Irons e os exageros de Emma Thompson (como a líder religiosa local).

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