Zero Hora - 01/04/2013
Estava no meu quarto de hotel, em Salvador, Bahia, e tocou a campainha.
Abri a porta e um rapaz se apresentou: “Sou funcionário aqui do hotel.
Você poderia me dar um autógrafo?”. “É claro”, eu disse, pegando o CD do
rapaz: “Qual o teu nome?”. “Kleiton”, ele respondeu. Surpreso,
comentei: “Que coincidência...”. O rapaz abriu um sorriso: “E eu tenho
um irmão chamado Kledir. Nosso pai era fã da dupla”.
Temos encontrado alguns Kleitons e Kledires pelo Brasil afora.
Provavelmente são frutos de namoros embalados pelos sucessos de K&K
na década de 1980. Kleitons então, tem um monte. Não sei se é o caso,
mas houve uma época em que o Internacional tinha três titulares com
variações sobre o mesmo tema: Claiton, Cleitão e Cleiton Xavier. Pensei
em telefonar para o presidente do clube sugerindo contratar uns Cledires
para equilibrar melhor o time, mas acabei desistindo.
O Cordel do Fogo Encantado, ótima banda de Recife, tem um
guitarrista chamado Kleiton. E o apelido desse Kleiton pernambucano,
acredite se quiser, é Kledir.
Há pouco tempo, meu amigo Roberto Lima ligou pra contar que havia
nascido mais um Kleiton em Minas Gerais. O bebê teve parto normal e na
hora do “aí vem a placenta” foi que ficaram sabendo que havia outro.
Eram gêmeos. O pai não teve dúvida, batizou de Kledir aquilo que haviam
imaginado fosse apenas uma placenta. Tudo bem, estamos sobrevivendo, ele
e eu.
Antigamente, era costume batizar os filhos com o nome de grandes
vultos da história. Hoje em dia, pra você ver como está o mundo, até
Kledires existem por aí.
Dentro dessa tradição de homenagear ídolos, aparecem algumas
aberrações, como as que tentam reproduzir em português o nome de
celebridades americanas: Maicol Jéquisson, Uóxinton, Xarlixáplim.
Muitas vezes, um nome esquisito é resultado da soma dos nomes dos
pais. Conheço um Glaucimar, filho da Glaucia e do Ademar. Glaucimar tem
uma irmã chamada Adéa, que é o que sobrou da montagem anterior. Essa
mania de juntar dois nomes diferentes, ou batizar a criança com nome de
artista, faz muita gente passar vergonha o resto da vida. É o caso da
filha de Raimundo de Souza, de Vitória da Conquista. Fã ardoroso de
cinema, ele resolveu prestar uma homenagem às famosas atrizes Ava
Gardner e Gina Lolobrigida, e batizou a menina de Avagina Cinema Souza.
Parece brincadeira, mas é verdade.
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