Filha de Raul Seixas lança o CD Geração
da luz, com remixes de algumas das mais populares músicas do pai.
Material foi recolhido em arquivos de várias gravadoras
Ailton Magioli
Estado de Minas: 01/04/2013 04:00
Censurada em 1973, a versão original de Como
vovó já dizia (Óculos escuros), de Raul Seixas (1945–1989), mais
conhecida pela verso “quem não tem colírio usa óculos escuro”, é
destaque no repertório de Geração da luz, o primeiro disco solo da DJ
Vivi Seixas, de 31 anos, filha do cantor e compositor. “Na época, meu
pai teve de mudar a letra para poder gravar a canção”, conta a filha,
admitindo que o lendário roqueiro baiano ficaria feliz com a iniciativa
dela.
Depois de perambular pelas gravadoras que tiveram Raul em
seu cast, Vivi teve acesso a uma série de fitas originais, nas quais o
pai registrou alguns de seus clássicos a capela. Agora finalmente ela
teve oportunidade de trabalhar todas, remixando e regravando o material
com a ajuda de músicos como Arnaldo Brandão (baixo e guitarra),
Donatinho (teclados) e Plínio Profeta (baixo, guitarra e theremin), com
quem divide a produção do CD, ao lado de Mike Frugaletti.
Ainda atual
“Agradar
a todos é impossível”, consola-se Vivi, reagindo às críticas ao disco,
que já começam a rolar nas redes sociais. “Há fãs de meu pai que não
aceitam a música eletrônica, há os meus fãs e os do meio, que já
gostam”, justifica a artista, cuja estreia fonográfica ocorre nove anos
depois da estreia profissional como DJ. “Comecei, na verdade, em 2004”,
recorda Vivi Seixas, que dois anos depois já tinha o registro da
profissão. Na opinião de Vivi, depois de perceber que ela não era
cantora, mas DJ, os fãs começam a entender o trabalho dela.
A
demora em gravar, diz, se deve a seu desejo de consolidar a carreira de
DJ, ser respeitada na cena. “Queria separar as coisas, ser boa no que
faço”, justifica a moça, que conquistou vários prêmios e ficou em
terceiro lugar na categoria de Melhor DJ Feminino de House, do DJ Sound
Awards, promovido pela revista DJ Sound.
Segundo Vivi, a letra
da música que dá título ao CD, Geração da luz, foi feita pelo pai em
parceria com a mãe, Kika Seixas, para incentivar as novas gerações. “Eu
já ultrapassei a barreira do som/ Fiz o que pude às vezes fora do tom/
Mas a semente que eu ajudei a plantar já nasceu!!!”, dizem os versos da
canção. Na abertura do disco, o próprio Raul saúda os jovens, em
discurso à maneira originalíssima dele.
Mas, afinal, o que o
remix acrescenta à música de Raul? “A música de meu pai é que acrescenta
à eletrônica”, diz Vivi Seixas, para quem a música eletrônica não passa
mensagem. “As letras de meu pai por si só já trazem mensagem, além de
ser atemporais. Nem parece que ele morreu há 20 anos. As músicas de Raul
podem até ser antigas, mas as letras são atuais”, defende a filha.
O
lançamento oficial de Geração da luz será dia 10, na Galeria Café,
Ipanema, no Rio de Janeiro. A turnê nacional ainda está sendo avaliada
pela DJ, que pretende incorporar os músicos que participaram da
gravação. “Tenho de ver a disponibilidade do Donatinho e do Arnaldo
Brandão”, diz, admitindo que provavelmente eles possam viajar apenas em
ocasiões especiais.
EM ESPANHOL
A versão de
Metamorfose ambulante em espanhol é outro destaque do disco de Vivi
Seixas, que incluiu também no repertório Rock das aranhas, Mosca na
sopa, Só pra variar e Conversa pra boi dormir, entre outras. Clássico
dos clássicos de Raulzito, a gravação de Gita à capela se perdeu nos
arquivos das gravadoras. Mas Vivi Seixas diz que tem repertório para um
segundo volume. Além de Vivi, Raul Seixas teve mais duas filhas: Scarlet
Vaquer Seixas e Simone Andrea Vannoy.
Nenhum comentário:
Postar um comentário