Poeta, oferecia drinque à morte
GUSTAVO FIORATTIDE SÃO PAULOOs homens que passaram pela companhia de teatro Cemitério de Automóveis, sediada em São Paulo desde os anos 1990, têm um tipo meio parecido: prezam pela vida boêmia, usam roupas fora de moda, amolecem-se com a poesia da geração beatnik.O ator paulista Paulo de Tharso pertencia a essa turma. Dava aulas de francês para ganhar a vida e completava a renda como ator, escritor e músico. Casou-se 13 vezes, mas não teve filhos.
Como cantor, violonista e guitarrista, participou de bandas com nomes bem humorados, como A Casa Caiu e Big Balls ("bolas grandes", em tradução literal).
Em seu extenso repertório de espírito punk, compôs músicas em parcerias com Jorge Mautner, Fernando Carvalho, Alexandre Bessa e outros músicos e poetas.
Entre os trabalhos com o Cemitério de Automóveis, atuou nas peças "Música para Ninar Dinossauros" e "Medusa de Ray Ban".
Atualmente, estava no elenco da peça "Borrasca", que entrou em cartaz na semana passada no pequeno teatro do grupo, com direção e texto de Mário Bortolotto.
O diretor da companhia conta que musicou uma letra de Tharso. Em uma estrofe, a canção diz o seguinte: "Há muito tempo que eu brinco com a morte/ pra ver quem é mais forte, eu e ela jogamos assim/ todo santo dia eu abro uma garrafa de gin/ uma dose pra ela e outra pra mim".
O artista, que tinha 52 anos, foi encontrado morto anteontem por seu pai no apartamento em que morava, na avenida São Luís, centro de São Paulo. A causa da morte ainda está sendo investigada.
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