quarta-feira, 15 de maio de 2013

Sobre a liberação das terapias de reversão de sexualidade


  • Marco Feliciano põe em votação o projeto de lei do deputado João Campos, do PSDB, que propõe a liberação das terapias de reversão de sexualidade, a famosa "cura gay". Aos que se preocupam, digo: é bem provável que a proposta seja aprovada, já que a Comissão dos Direitos Humanos hoje em dia é dominada por fundamentalistas pentecostais. Só que o fato de ela ser aprovada nada significa - ela vai ser barrada em instâncias superiores. Também gostaria de lembrar que Feliciano, no presente caso, é peixe pequeno. Ele apenas colocou em pauta um projeto que tem pai. Um pai com nome e partido: João Campos, do PSDB. Muito me espanta que o PSDB, um partido que tem uma história positiva [não ideal, mas positiva] no que tange aos homossexuais fique quietinho diante de uma ideia tão esdrúxula, que propõe considerar que gays e lésbicas procurem tratamento para sua inadequação sexual.

    Vale também notar que se existem gays e lésbicas psicologicamente perturbados por conta de serem o que são, isso se deve ao discurso patologizante e homofóbico destas mesmas igrejas que agora oferecem uma "cura". Notem a circularidade: as tais igrejas patologizam a sexualidade alheia. A pessoa que cresceu neste ambiente se sente mal, doente. Então, procura a ajuda de um psicólogo intitulado "psicólogo cristão" [tipo uma Marisa Lobo da vida] e pede para ser curado. Mas curado de que? Da doença inventada pelos próprios pentecostais?

    Digamos que a proposta passe e não seja barrada, o que seria escandaloso para o Brasil no que concerne aos Direitos Humanos. Seria uma vergonha internacional. A proposta diz que o psicólogo pode propor terapias de reversão de preferência sexual caso o sujeito queira. Já pensaram que delícia a cena abaixo?

    Paciente: - Doutora, te procuro porque sinto desconforto com minha sexualidade, e quero mudá-la.
    Marisa Lupus, psicóloga cristã: - Fez bem, fez bem. Há quanto tempo você percebe que é gay?
    Paciente: - Mas eu não sou gay!
    Marisa Lupus: - Não? Mas...
    Paciente: - Eu estou desconfortável com minha heterossexualidade, e quero revertê-la. Quero ser gay.
    Marisa Lupus: - Mas... mas como? Por que?
    Paciente: - Estou cansado, me sinto infeliz. Meus amigos gays parecem todos felizes e são mais divertidos. A comunicação entre pessoas do mesmo sexo parece ser melhor. Tem também a questão econômica: além de não ter filhos e assim podermos viajar mais, nós podemos usar as roupas um do outro.
    Marisa Lupus: - Mas os filhos... a procriação... o pecado...
    Paciente: - Ah doutora, o mundo está cheio de gente. E eu não gosto de crianças. Prefiro ajudar financeiramente as instituições que cuidam de crianças. E aí, a senhora vai me ensinar a reverter minha heterossexualidade ou não vai?
    Marisa Lupus: - Eu não posso fazer isso...
    Paciente: - Claro que pode! A lei diz que se a pessoa não se sente satisfeita com sua própria sexualidade, pode procurar tratamento. E aí, podemos começar? Como sugestão, eu trouxe uns filmes pornôs pra gente ver juntos.

    Liga o DVD. Insere o disco. Título do filme: O SENHOR DOS ANAIS.

    Marisa Lupus se atira pela janela aos gritos, e a gravidade se revela inexorável. Chegando ao céu, dá de cara com um antigo amor de infância, uma garota gostosona, a quem ela rechaçou por causa da religião. A gostosona olha pra cara da doutora Lupus e diz, enquanto dezenas de anjos gays dourados cantam My Heart Will Go On:

    - Bobinha. Não era pecado!
    daqui

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