SÃO PAULO - "Não tenho ouro nem prata'', falou o papa Francisco em português tranquilo e impecável, diante de uma plateia VIP que se abalou de Brasília até o Palácio Guanabara para lhe beijar a mão.
Foi a tradução mais explícita do estilo despojado, simples de Francisco, lembrado a cada gesto dele no Brasil, de fechar a porta do carro a dar dois beijinhos na bochecha da presidente Dilma Rousseff.
O contraste das palavras do papa era enorme não só com o tom empolado e marqueteiro da fala de Dilma, ademais bem maior que a do visitante, mas também com os atos da audiência empertigada que o aplaudia.
O anfitrião, o governador Sérgio Cabral, tem de pedir licença não para entrar no coração'' daqueles que governa, para citar outro trecho da singela mensagem papal, mas para sair de sua casa, cuja rua está interditada por manifestantes há semanas.
Já o prefeito Eduardo Paes se esqueceu do amor fraterno'' a que se referiu Francisco na sua fala e, há alguns meses, desferiu um soco na cara de um munícipe que o abordou num restaurante para xingá-lo e criticar a sua administração.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), tiveram de despender um tanto de ouro e prata'' para reembolsar os cofres públicos de voos em aviões oficiais que utilizaram para compromissos particulares --festividades como um jogo de futebol e um casamento.
Nada mais distante do papa, que fez todos os engravatados esperarem por um longo tempo porque, ao optar por se deslocar no Rio num carro simples, se perdeu no trânsito da capital e teve a passagem interrompida por pessoas ávidas por vê-lo.
Quantos ali puderam sentir o mesmo calor humano após os protestos de junho? Mais que isso: quais das autoridades que foram atrás de fotos e bênçãos do papa franciscano poderiam se dar ao luxo de passear pela avenida Rio Branco com os vidros do carro (não blindado) abertos?
Foi a tradução mais explícita do estilo despojado, simples de Francisco, lembrado a cada gesto dele no Brasil, de fechar a porta do carro a dar dois beijinhos na bochecha da presidente Dilma Rousseff.
O contraste das palavras do papa era enorme não só com o tom empolado e marqueteiro da fala de Dilma, ademais bem maior que a do visitante, mas também com os atos da audiência empertigada que o aplaudia.
O anfitrião, o governador Sérgio Cabral, tem de pedir licença não para entrar no coração'' daqueles que governa, para citar outro trecho da singela mensagem papal, mas para sair de sua casa, cuja rua está interditada por manifestantes há semanas.
Já o prefeito Eduardo Paes se esqueceu do amor fraterno'' a que se referiu Francisco na sua fala e, há alguns meses, desferiu um soco na cara de um munícipe que o abordou num restaurante para xingá-lo e criticar a sua administração.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), tiveram de despender um tanto de ouro e prata'' para reembolsar os cofres públicos de voos em aviões oficiais que utilizaram para compromissos particulares --festividades como um jogo de futebol e um casamento.
Nada mais distante do papa, que fez todos os engravatados esperarem por um longo tempo porque, ao optar por se deslocar no Rio num carro simples, se perdeu no trânsito da capital e teve a passagem interrompida por pessoas ávidas por vê-lo.
Quantos ali puderam sentir o mesmo calor humano após os protestos de junho? Mais que isso: quais das autoridades que foram atrás de fotos e bênçãos do papa franciscano poderiam se dar ao luxo de passear pela avenida Rio Branco com os vidros do carro (não blindado) abertos?
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