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Festinha com 'Asa Branca' como tema, acampamento, piquenique... As crianças adoram essas novidades
O primeiro ponto que percebo nessa mudança diz respeito ao consumo como ponto de inserção dos filhos nos grupos de seus pares. Não sei se você percebeu, caro leitor, que as famílias, no geral, se comportam, no que se refere aos filhos, de uma maneira semelhante, o que torna a vida das crianças muito parecida.
Por exemplo: a comemoração dos aniversários sofreu um processo de pasteurização tal que as próprias crianças, apesar de demandarem a mesma festa que os colegas tiveram, já estão entediadas porque sabem antecipadamente e com exatidão o que vai acontecer.
Bufês que oferecem os mesmos brinquedos e brincadeiras com monitores, convites distribuídos a todos os colegas de classe, sem distinção, doces, temas, enfeites e bolos sempre iguais. Que enfado!
Hoje, os temas começam a mudar, principalmente com crianças abaixo dos seis anos que frequentam escolas que as introduzem no mundo preferencialmente pela arte e pela cultura.
Para ilustrar, dois casos: uma garota quis que sua festa fosse inspirada em um poema de Cecília Meireles que havia trabalhado na escola e um garoto escolheu o tema "Asa Branca", que também estava pesquisando em classe. Não é encantador a criança conseguir escapar das armadilhas dos temas recorrentes dessas festas e, assim, afirmar sua identidade?
O número de convidados das comemorações encolheu e nem sempre são festas que dão o tom do aniversário. Conheço pais que foram acampar com o filho e alguns de seus amigos e outros que fizeram um piquenique em praça pública. É preciso dizer que as crianças adoraram tais novidades!
Os passeios com os filhos também estão mudando. Encontrei nestas férias muitas famílias em Inhotim --espaço cultural e botânico com arte contemporânea localizado em Brumadinho, MG. Vindas de vários Estados diferentes, elas lá estavam para explorar o espaço com as crianças. E deu gosto observar como as todas elas acompanhavam com interesse e curiosidade as diversas exposições do museu.
Ah! E não é que também as férias das crianças passaram a ser bem-vindas para muitos pais? Aprender a se relacionar com os filhos sem a rotina que a vida escolar impõe tem sido um desafio para os pais. Muitos não sabem o que fazer com as crianças em casa e com muito tempo livre. E não me refiro aqui aos pais que não podem tirar férias ao mesmo tempo que os filhos, que isso fique bem claro.
Pais que têm tempo para os filhos e, mesmo assim, os enviavam a programas de férias, descobriram que as crianças podem ficar em casa sem muita programação especial. O relacionamento entre eles e a descoberta da criança de que ela tem liberdade para escolher o que quer fazer estão marcando as férias de muitas famílias.
Finalmente: essas famílias estão em busca de escolas diferentes para seus filhos. O que esses pais procuram? Escolas que tratem as crianças como crianças mesmo quando elas frequentam o ensino fundamental, que agucem a curiosidade de seus alunos pelo conhecimento, que saibam se comunicar com crianças e jovens e, principalmente, que os ensinem a viver em grupo e a administrar os conflitos com os pares.
O problema é que as famílias têm encontrado muita dificuldade para achar escolas assim. Isso significa que é hora de repensar a organização escolar!
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