Será que as cidades têm estrutura para receber tanta gente? Água, esgotos, empregos, transportes, escolas não caem dos céus
Estado de Minas: 21/07/2013
O médico
diamantinense Juscelino Kubitschek de Oliveira faleceu em agosto de
1976, há quase 40 anos. Achei que houve falta de polidez da mídia no
tratamento dado ao leilão de alguns objetos pertencentes à senhora Maria
Lúcia Pedroso, hoje com 78 anos, chamada por quase todos os jornais de
“ex-amante de JK”. Ressalvo a nota do nosso Mario Fontana, que se
referiu à “namorada de Juscelino”, vocábulo mais suave do que amante.
Conheci
Maria Lúcia de vista, quando cruzamos num corredor do Copacabana Palace
há cerca de 44 anos. Ainda uma vez, o leitor pode e deve acreditar no
philosopho: na flor dos seus 34 aninhos, era fêmea da melhor
supimpitude, sexy, elegante e voltou do banheiro para o salão de
refeições sob os olhares gulosos de um jovem jornalista magro, queimado
de sol, elegantíssimo num terno de flanela inglesa.
Era casada
com o deputado José Pedroso, 20 anos mais velho, e namorava JK havia
cerca de 10 anos. O deputado foi cassado pelo presidente Costa e Silva,
que recebeu para jantar em seu apartamento da Avenida Atlântica, quando
lhe mostrou os armários em que alinhava 110 ternos feitos pelos melhores
alfaiates. Pormenor que teria irritado o presidente militar: ternos
alinhados em dégradé, que é quando se respeita a modificação gradual de
matizes: diz-se da cor que vai esmaecendo em tonalidades cada vez menos
vivas.
Consta que a viúva do ex-deputado, morto em 1980,
guarda 10 mil páginas de cartas que Juscelino lhe escreveu durante os
três anos em que esteve no exílio, correspondência que não foi leiloada.
Tanto quanto se saiba, Maria Lúcia nunca chefiou escritórios da
Presidência da República, jamais nomeou diretores das agências
nacionais, nunca se hospedou no quarto vermelho do Palazzo Doria
Pamphilj, na Piazza Navona, em Roma, a convite de um embaixador de
desonra o Itamaraty, nem foi vista desembarcando em Lisboa cheia de
malas de couro com milhões de euros.
Energia
Programa de tevê
sobre fontes de energia. Especialistas dizem que todas são necessárias e
complementares: eólica, hídrica, térmica, nuclear, solar etc. Por
enquanto, a eólica entra com 1,58% e a hídrica com mais de 60% do total
brasileiro. O país pensava construir 20 nucleares nos próximos anos e
reduziu os planos a zero, contentando-se com o término de Angra 3. Aí, o
repórter entrevista moradores da região da usina de Angra e fica
sabendo que, por lá, falta luz todo santo dia. Uma das entrevistadas tem
nome admirável: dona Lisarb, Brasil ao contrário. Era como o agrônomo
Lauriston Pousa Bicudo, meu colega na área de informação rural, sempre
se referia a um país grande e bobo.
Recém-formado em
agronomia, o excelente Bicudo plantou pequena lavoura de milho na
fazenda do sogro. Usou a melhor e mais moderna técnica daquele tempo,
enquanto o administrador plantava pelo método tradicional. Na hora da
colheita, a lavoura do sogro rendeu o que costumava render e a
lavourinha do genro foi um fiasco. Arrasado, Bicudo foi consultar o
velho administrador para saber onde tinha errado. Diagnóstico: “Acho que
o senhor botou muita ciência naquela roça, doutor”.
Chegando
Na
roça é muito usada a expressão “vamos acabar de chegar”, porque o
visitante já chegou e acabar de chegar significa entrar na casa para
tomar o pavoroso café aguado e açucarado que lhe será servido.
Preocupante, no meu entendimento de philosopho, é a imensa quantidade de
brasileiros que deseja acabar de chegar às nossas cidades. Não são
milhares, mas milhões, muitos e muitos milhões querendo morar nas
cidades.
Senhora de minhas relações contratou casal humilde,
cozinheira e caseiro mineiros, para sua residência urbana. Até aí, tudo
bem, salvo pelo fato de o casal contar com duas dúzias de irmãos e
cunhados, fora dezenas de sobrinhos, todos afinzões de mudança para a
cidade.
Haverá empregos para todos com as nenhumas aptidões que têm?
Será que as cidades têm estrutura para receber tanta gente? Água,
esgotos, empregos, transportes, escolas não caem dos céus.
O mundo é uma bola
21
de julho de 356 a.C., o imbecil do Heróstrato destrói o Templo de
Ártemis, uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo. O incendiário grego
foi executado e as autoridades o condenaram a uma posteridade obscura
proibindo a menção de seu nome, sob pena de execução. Contudo, o
historiador Teopompo registrou o nome do incendiário. Que se pode
esperar de um sujeito chamado Teopompo? Vejo que nasceu em Quíos, circa
378 e morreu no Egito, 323 a.C. Era riquíssimo e viajava muito.
Desconfio dos sujeitos que gostam de viajar.
Em 1904 terminou a
construção da Ferrovia Transiberiana unindo a Rússia ao Oriente. Tem
exatos 9.851 quilômetros de extensão. Mesmo com as máquinas atuais é
quilômetro que não acaba mais.
Em 1983 foi anotada na Antártica a
temperatura de -89,2ºC, a menor registrada no mundo até hoje. Rivaliza
com o frio que tem feito na Zona da Mata de Minas.
Em 1912
nasceu o cronista e historiador gaúcho Carlos Reverbel, morto em 1997.
Era um deus em Porto Alegre quando o conheci apresentado pelo grande
Cirne Lima.
Ruminanças
“Eu prefiro beber para garantir o emprego dos cervejeiros, do que ser egoísta e me preocupar com o meu fígado” (Jack Handy).
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