quarta-feira, 10 de julho de 2013

Eduardo Almeida Reis-Disforia‏

Ficar de mãos dadas com Ivete Sangalo e vê-la tomar o avião de volta para a Bahia deprime qualquer cristão sério 


Eduardo Almeida Reis

Estado de Minas: 10/07/2013 

Fiquei curioso da notícia de que Marcelo Mendonça Rossi, de 46 anos, anda deprimido. Suponho que depressão seja o diabo, por isso comprei a revista que anunciava na capa o distúrbio psíquico que se exprime por períodos duráveis e recorrentes de disforia, concomitantemente com problemas reais ou imaginários ou com experiências momentâneas de sofrimento, podendo ser acompanhado de perturbações do pensamento, da ação e de um grande número de sintomas psiquiátricos.

Filho do bancário Antônio Rossi e de dona Wilma Mendonça Rossi, família católica de classe média, Marcelo nasceu em maio de 1967 e tem duas irmãs. Rompeu com Deus e o catolicismo aos 16 anos, e se diplomou em educação física da Universidade de São Paulo quando completou 22 anos.

Foi por esse tempo que se reconciliou com Deus e voltou a frequentar a igreja, decidindo dedicar-se ao sacerdócio. Fez os cursos de filosofia e teologia. Foi ordenado padre em dezembro de 1994 e é considerado o maior fenômeno artístico cristão da América Latina, com mais de 12 milhões de CDs e alguns milhões de livros vendidos. É o padre Marcelo, também conhecido como padre Marcelo Rossi. E agora, esta: depressão, distúrbio psíquico que se exprime por períodos duráveis e recorrentes de disforia, que vem do grego dysphoría 'sofrimento intolerável, agitação extrema' e significa, na rubrica psicopatologia, estado caracterizado por ansiedade, depressão e inquietude.

Ninguém precisa de um pós-doutorado em psiquiatria pela Universidade Harvard para descobrir as causas da depressão do filho de Wilma e Antônio Rossi. O remédio para transformar a disforia em euforia também é conhecidíssimo. Ficar de mãos dadas com Ivete Sangalo e vê-la tomar o avião de volta para a Bahia deprime qualquer cristão sério.


Ditados

Ditados são provérbios e provérbio é frase curta, geralmente popular, frequentemente com ritmo e rima, rica em imagens, que sintetiza um conceito a respeito da realidade ou de uma regra social ou moral. Houaiss dá como exemplo: “Deus ajuda a quem madruga”, suprimindo o “cedo” porque parece redundância. Quem já pelejou com a produção de leite nos trópicos, como o philosopho, sabe que “cedo madruga” não é redundante e tem cabimento, porque o fazendeiro madruga cedo ou tarde, mas madruga.

De outro lado, quem já morou em BH sabe que a conversa mais inteligente da capital de todos os mineiros acontece nos dias úteis, depois do almoço, no coração do Bairro Savassi, na roda de café que tem como estrela o psiquiatra Madruga em um grupo de profissionais que sempre se reúne antes do turno da tarde.

Estudiosos de português, com a chatura própria dos gramáticos, vivem dizendo que certos ditados foram deturpados pela patuleia, como por exemplo: “quem não tem cão caça com gato”, “batatinha quando nasce esparrama pelo chão”, “quem tem boca vai a Roma” e muitos outros. Argumentam, em socorro de sua monumental chatice, que o certo seria “caça como gato”, isto é, sozinho, “espalha a rama pelo chão” e “vaia Roma”, do verbo vaiar.

Ora, bolas: quem tem boca vai a Roma, vai a Bangcoc, vai a Montes Claros. Por que vaiar Roma em 2013, se há tantas cidades merecendo vaias? Que mal existe em caçar como gato? Se há ratos e você tem a sorte de contar com uma gata que goste de caçar, gata mesmo, de cauda e quatro patas, nada impede que você cace com gato, isto é, com a gata.

Releva notar que aquela história de gato caçar rato é balela. Há indivíduos, raríssimos, geralmente do sexo feminino, que caçam ratos. O resto é invenção do povo. Por derradeiro, que mal existe em confundir “esparrama” com “espalha a rama”? Você pode morar na roça a vida inteira sem tomar conhecimento do nascimento de uma batatinha. Quem deve plantar batatas, de quatro, é o chato do gramático.


O mundo é uma bola
10 de julho de 1499: o navegador português Nicolau Coelho retorna a Lisboa depois de participar da expedição de Vasco da Gama, que dobrou o Cabo da Boa Esperança e descobriu o caminho marítimo para as Índias. Em 1553 começou na Inglaterra o reinado de Jane Grey, que duraria nove dias: foi deposta por Mary I dia 19 de julho. Seria divertidíssimo estudar aquele período, não somente os nove dias, mas os fatos que fizeram de Jane Grey rainha da Inglaterra. Como é estudo demorado, deixo para outro dia.

Em 1859 o Big Ben badala em Londres pela primeira vez. Ao contrário do que muita gente pensa, a começar pelo philosopho, o Big Ben não é o famoso relógio do Parlamento Britânico, conhecido por sua precisão e tamanho, mas o nome do sino instalado no Palácio de Westminster durante a gestão de Sir Benjamin Hall, ministro de Obras Públicas. Alto e corpulento, Sir Benjamin tinha o apelido de Big Ben.

Em 1938, antes de ficar maluco de medo de bactérias, o milionário Howard Hughes bate o recorde mundial ao completar a volta ao mundo num voo de 91 horas.

Hoje é o Dia do Truco.


Ruminanças
“O milionário tem o privilégio de poder contemplar a baixeza desinteressada, pura, sem segunda intenção” (Gogol, 1809-1852)
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