Estado de Minas: 10/07/2013
Que conceito de
desenvolvimento é esse que implica destruição do meio ambiente e a
exclusão de bilhões de pessoas do direito a uma vida digna e feliz? No
altar da concepção capitalista de desenvolvimento, 25 milhões de
pessoas, a maioria jovens, são condenadas ao desemprego nos países da
União Europeia. Em todo o mundo, uma insatisfação paira no coração dos
jovens. Ela não se reflete apenas na irreverência do corte de cabelo, no
jeans esfarrapado, nas tatuagens e nos piercings. Emerge principalmente
nas manifestações de rua que se propagam mundo afora: Seattle 1999 –
contra a Organização Mundial do Comércio (OMC); Davos 2000 – contra os
donos do dinheiro; Inglaterra 2010 – contra os cortes no orçamento da
educação; Tunísia 2010-2011 – derrubada do presidente; Egito 2011 –
derrubada do presidente; Nova York 2011 – Occupy Wall Street; Istambul
2013 – por mais democracia); Brasil 2013.
Há um denominador comum em todos esses movimentos: os jovens sabem o que não querem (ditadura, neoliberalismo, desemprego, corte de direitos sociais, alta do custo de vida etc.), mas não têm clareza do que propor. Devido ao alto índice de corrupção nos partidos políticos, e a cooptação operada pelo poder do capital, a ponto de a esquerda desaparecer na Europa, a juventude não identifica nos partidos condutos capazes de representar os anseios populares e criarem alternativas de poder.
Como previu Robert Michels em 1911, os partidos progressistas facilmente se deixam domesticar pelas benesses burguesas quando se tornam governo. Trocam o projeto de país pelo projeto de poder; afastam-se dos movimentos sociais e se aproximam de seus antigos adversários; deixam de questionar o capitalismo para propor medidas cosméticas de melhorias de vida dos mais pobres. A queda do muro de Berlim, o fracasso do socialismo no Leste europeu e o capitalismo de Estado na China fazem o socialismo se apagar no horizonte utópico dos jovens.
Na esperança de abrir alternativas, o Fórum Social Mundial propõe Um outro mundo possível, e a Teologia da Libertação resgata o sumak kawsay (bem viver) dos indígenas andinos e sugere Outros mundos possíveis, no plural, no qual a igualdade de direitos não ameace a diversidade de culturas. O capitalismo em crise tenta, de todas as maneiras, multiplicar os sete fôlegos do gato neoliberal. Ignora as recomendações da Organização das Nações Unidas (ONU) para a crise financeira (como fechar os paraísos fiscais) e se recusa a regulamentar o capital especulativo.
No esforço de se perpetuar, o sistema da idolatria do capital propõe remendos novos em pano velho: capitalismo verde; combate à pobreza por meio de programas sociais compensatórios (e não emancipatórios); troca da liberdade individual por segurança; desprestígio dos movimentos sociais; criminalização do descontentamento popular. O óbvio é que o capitalismo representa um êxito para apenas um terço da humanidade. Segundo a ONU, 4 bilhões de pessoas vivem abaixo da linha da pobreza. O sistema se mostra mais destrutivo que criativo. Até os partidos progressistas, outrora considerados de esquerda, já não têm proposta alternativa e, quando no poder, se restringem a ser meros gestores da crise econômica.
Foi preciso o Brasil ir às ruas para a presidente Dilma Rousseff propor a reforma política, a primeira medida estrutural em 10 anos de governo petista. Agora faltam as demais: agrária, tributária etc. Não basta denunciar as mazelas e os abusos do sistema, como costuma fazer a Igreja Católica. É preciso apontar causas e alternativas. Caso contrário, a insatisfação dos jovens se transformará em revolta, e esta em ninho aconchegante para o ovo da serpente: o nazifascismo.
Há um denominador comum em todos esses movimentos: os jovens sabem o que não querem (ditadura, neoliberalismo, desemprego, corte de direitos sociais, alta do custo de vida etc.), mas não têm clareza do que propor. Devido ao alto índice de corrupção nos partidos políticos, e a cooptação operada pelo poder do capital, a ponto de a esquerda desaparecer na Europa, a juventude não identifica nos partidos condutos capazes de representar os anseios populares e criarem alternativas de poder.
Como previu Robert Michels em 1911, os partidos progressistas facilmente se deixam domesticar pelas benesses burguesas quando se tornam governo. Trocam o projeto de país pelo projeto de poder; afastam-se dos movimentos sociais e se aproximam de seus antigos adversários; deixam de questionar o capitalismo para propor medidas cosméticas de melhorias de vida dos mais pobres. A queda do muro de Berlim, o fracasso do socialismo no Leste europeu e o capitalismo de Estado na China fazem o socialismo se apagar no horizonte utópico dos jovens.
Na esperança de abrir alternativas, o Fórum Social Mundial propõe Um outro mundo possível, e a Teologia da Libertação resgata o sumak kawsay (bem viver) dos indígenas andinos e sugere Outros mundos possíveis, no plural, no qual a igualdade de direitos não ameace a diversidade de culturas. O capitalismo em crise tenta, de todas as maneiras, multiplicar os sete fôlegos do gato neoliberal. Ignora as recomendações da Organização das Nações Unidas (ONU) para a crise financeira (como fechar os paraísos fiscais) e se recusa a regulamentar o capital especulativo.
No esforço de se perpetuar, o sistema da idolatria do capital propõe remendos novos em pano velho: capitalismo verde; combate à pobreza por meio de programas sociais compensatórios (e não emancipatórios); troca da liberdade individual por segurança; desprestígio dos movimentos sociais; criminalização do descontentamento popular. O óbvio é que o capitalismo representa um êxito para apenas um terço da humanidade. Segundo a ONU, 4 bilhões de pessoas vivem abaixo da linha da pobreza. O sistema se mostra mais destrutivo que criativo. Até os partidos progressistas, outrora considerados de esquerda, já não têm proposta alternativa e, quando no poder, se restringem a ser meros gestores da crise econômica.
Foi preciso o Brasil ir às ruas para a presidente Dilma Rousseff propor a reforma política, a primeira medida estrutural em 10 anos de governo petista. Agora faltam as demais: agrária, tributária etc. Não basta denunciar as mazelas e os abusos do sistema, como costuma fazer a Igreja Católica. É preciso apontar causas e alternativas. Caso contrário, a insatisfação dos jovens se transformará em revolta, e esta em ninho aconchegante para o ovo da serpente: o nazifascismo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário