Se procurar na Zona Sul carioca, vai encontrar um monte de traficantes chiques
Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 24/07/2013
Ao cabo de
quatro semanas de manifestações nas ruas e nas estradas de um país
grande e bobo, concluí, com a lucidez que caracteriza o meu philosophar,
depois de ouvir dezenas de depoimentos e ler os textos de uma porção de
analistas, que só existe uma culpada pelo que se vê.
Peço ao
leitor que esqueça a tolice do aumento de 20 centavos nas tarifas, o
indecoroso estado dos nossos hospitais públicos, a humilhante
remuneração dos professores, o fato de o contracheque de ilustre
deputado passar dos R$ 120 mil mensais, contra os R$ 850 de um
professor, o abandono criminoso de nossas rodovias federais, a corrupção
galopante em níveis municipais, estaduais e federais, a ridícula e/ou
criminosa situação do nosso ensino público, os gastos espantosos com os
estádios, a violência que mata mais gente do que a guerra civil da
Síria, a corrupção pandêmica, o inexistente tratamento dos esgotos em
98% das nossas cidades, os problemas dos lixões e de adução de água, a
inflação inflando, a ineficiência da administração pública em todos os
níveis, a poluição que torna irrespirável os ares de muitas cidades –
peço ao leitor que esqueça tudo isso e muito mais, para concordar na
descoberta que fiz. Só houve uma responsável por tudo: a polícia militar
do Oiapoque ao Chuí, onde, aliás, atende pelo nome de brigada militar.
Portanto,
a julgar pelos depoimentos verbais e escritos de tantos gênios, é
facílimo resolver todos os problemas brasileiros: basta acabar com as
polícias militares, aproveitando a embalagem para acabar com as civis e
com a maldita PF, que às vezes se mete onde não deve e grampeia
malfeitos de uma primeira-dama-adjunta.
A impressão que tenho é a
de que os comentaristas acham que o policial foi inventado para ser
morto. Na invasão de um “bairro” do Complexo da Maré, no Rio, um
sargento da PM foi morto e todos acharam perfeitamente normal que um
brasileiro fardado, a serviço da sociedade, cumprindo ordens, ganhando
uma tutameia, fosse morto a tiros, mas ficaram horrorizados com os
traficantes mortos na troca de tiros com a PM.
Pormenor: a PM
entrou na “comunidade” atrás de traficantes, mas no Brasil atual há
traficantes em qualquer bairro vasculhado. Dia desses, a polícia do Rio
prendeu um espanhol num triplex do mais alto luxo que abastecia de
cocaína metade da Europa e boa parte da Oceania: Austrália, Nova
Zelândia e adjacências. Se procurar na Zona Sul carioca, vai encontrar
um monte de traficantes chiques. Adianta prender? Claro que não. Prende
hoje, solta amanhã.
Comentaristas
É tempo
de a tevê pensar na contratação de comentaristas sem compromissos com o
bom-mocismo, com o politicamente correto e as abobrinhas, para
contrabalançar a turma que lá está preocupada em dizer tolices. No
episódio do voo de Evo Morales de volta da Rússia, todos afetaram imensa
indignação com o tratamento dado por diversos países a um chefe de
Estado, eleito democraticamente pelo povo, e disseram ver no fato uma
agressão a toda a América Latina.
Vamos por parte: sou
latino-americano e não me senti agredido. Juan Evo Morales Ayma, El
Indio, nascido em outubro de 1959, é um cocalero que defende as lavouras
de coca: fazem parte de sua cultura, isto é, da cultura boliviana.
Ótimo que façam e continuem fazendo, mas sem forçar a exportação da
pasta base para outros países. E sem dirigentes envolvidos com o
narcotráfico.
Supõe-se que os povos andinos usem cocaína há pelo
menos 1.200 anos, com os resultados que lá estão. É muito de desejar que
continuem a consumir os seus chás e os seus pós sem encher o saco da
humanidade com esta conversa de chefe de Estado eleito democraticamente.
Quem foi que disse que boliviano pode votar?
Se os comentaristas
querem ficar indignados, que se enfureçam com os bandidos que mataram
um menino boliviano de 5 anos, em São Paulo, para roubar os R$ 3.500 que
os pais do guri economizaram trabalhando 16 (dezesseis) horas por dia.
Releva notar que o chefe dos bandidos saiu do presídio pelo Dia das Mães
e não retornou na segunda-feira.
Desde quando bandido tem o
direito de visitar sua mãezinha, a passar o Natal no seio da família? Se
é sabido que cadeia não recupera ninguém, só existe uma solução para o
facínora que matou o menino boliviano. Preciso dizer qual é?
O mundo é uma bola
24
de julho de 1883: o município de Campos dos Goytacazes, RJ, torna-se a
primeira cidade da América Latina a ter iluminação pública. Em 1875,
Patrice Mac-Mahon, presidente da França, havia decidido a favor de
Portugal contra o Reino Unido sobre a posse da Região Sul de Moçambique.
Em 1911, o explorador e político norte-americano Hiram Bingham
descobre as ruínas da cidade inca de Machu Picchu, no Peru. Em 1975,
Samora Moisés Machel, presidente de Moçambique, decreta a nacionalização
da saúde, da educação e da justiça.
Hoje no Brasil é o Dia da Iluminação Elétrica.
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