quarta-feira, 24 de julho de 2013

Eduardo Almeida Reis-Explicação‏

Se procurar na Zona Sul carioca, vai encontrar um monte de traficantes chiques 


Eduardo Almeida Reis


Estado de Minas: 24/07/2013 

Ao cabo de quatro semanas de manifestações nas ruas e nas estradas de um país grande e bobo, concluí, com a lucidez que caracteriza o meu philosophar, depois de ouvir dezenas de depoimentos e ler os textos de uma porção de analistas, que só existe uma culpada pelo que se vê.

Peço ao leitor que esqueça a tolice do aumento de 20 centavos nas tarifas, o indecoroso estado dos nossos hospitais públicos, a humilhante remuneração dos professores, o fato de o contracheque de ilustre deputado passar dos R$ 120 mil mensais, contra os R$ 850 de um professor, o abandono criminoso de nossas rodovias federais, a corrupção galopante em níveis municipais, estaduais e federais, a ridícula e/ou criminosa situação do nosso ensino público, os gastos espantosos com os estádios, a violência que mata mais gente do que a guerra civil da Síria, a corrupção pandêmica, o inexistente tratamento dos esgotos em 98% das nossas cidades, os problemas dos lixões e de adução de água, a inflação inflando, a ineficiência da administração pública em todos os níveis, a poluição que torna irrespirável os ares de muitas cidades – peço ao leitor que esqueça tudo isso e muito mais, para concordar na descoberta que fiz. Só houve uma responsável por tudo: a polícia militar do Oiapoque ao Chuí, onde, aliás, atende pelo nome de brigada militar.

Portanto, a julgar pelos depoimentos verbais e escritos de tantos gênios, é facílimo resolver todos os problemas brasileiros: basta acabar com as polícias militares, aproveitando a embalagem para acabar com as civis e com a maldita PF, que às vezes se mete onde não deve e grampeia malfeitos de uma primeira-dama-adjunta.

A impressão que tenho é a de que os comentaristas acham que o policial foi inventado para ser morto. Na invasão de um “bairro” do Complexo da Maré, no Rio, um sargento da PM foi morto e todos acharam perfeitamente normal que um brasileiro fardado, a serviço da sociedade, cumprindo ordens, ganhando uma tutameia, fosse morto a tiros, mas ficaram horrorizados com os traficantes mortos na troca de tiros com a PM.

Pormenor: a PM entrou na “comunidade” atrás de traficantes, mas no Brasil atual há traficantes em qualquer bairro vasculhado. Dia desses, a polícia do Rio prendeu um espanhol num triplex do mais alto luxo que abastecia de cocaína metade da Europa e boa parte da Oceania: Austrália, Nova Zelândia e adjacências. Se procurar na Zona Sul carioca, vai encontrar um monte de traficantes chiques. Adianta prender? Claro que não. Prende hoje, solta amanhã.


Comentaristas
É tempo de a tevê pensar na contratação de comentaristas sem compromissos com o bom-mocismo, com o politicamente correto e as abobrinhas, para contrabalançar a turma que lá está preocupada em dizer tolices. No episódio do voo de Evo Morales de volta da Rússia, todos afetaram imensa indignação com o tratamento dado por diversos países a um chefe de Estado, eleito democraticamente pelo povo, e disseram ver no fato uma agressão a toda a América Latina.

Vamos por parte: sou latino-americano e não me senti agredido. Juan Evo Morales Ayma, El Indio, nascido em outubro de 1959, é um cocalero que defende as lavouras de coca: fazem parte de sua cultura, isto é, da cultura boliviana. Ótimo que façam e continuem fazendo, mas sem forçar a exportação da pasta base para outros países. E sem dirigentes envolvidos com o narcotráfico.

Supõe-se que os povos andinos usem cocaína há pelo menos 1.200 anos, com os resultados que lá estão. É muito de desejar que continuem a consumir os seus chás e os seus pós sem encher o saco da humanidade com esta conversa de chefe de Estado eleito democraticamente. Quem foi que disse que boliviano pode votar?

Se os comentaristas querem ficar indignados, que se enfureçam com os bandidos que mataram um menino boliviano de 5 anos, em São Paulo, para roubar os R$ 3.500 que os pais do guri economizaram trabalhando 16 (dezesseis) horas por dia. Releva notar que o chefe dos bandidos saiu do presídio pelo Dia das Mães e não retornou na segunda-feira.

Desde quando bandido tem o direito de visitar sua mãezinha, a passar o Natal no seio da família? Se é sabido que cadeia não recupera ninguém, só existe uma solução para o facínora que matou o menino boliviano. Preciso dizer qual é?


O mundo é uma bola

24 de julho de 1883: o município de Campos dos Goytacazes, RJ, torna-se a primeira cidade da América Latina a ter iluminação pública. Em 1875, Patrice Mac-Mahon, presidente da França, havia decidido a favor de Portugal contra o Reino Unido sobre a posse da Região Sul de Moçambique.

Em 1911, o explorador e político norte-americano Hiram Bingham descobre as ruínas da cidade inca de Machu Picchu, no Peru. Em 1975, Samora Moisés Machel, presidente de Moçambique, decreta a nacionalização da saúde, da educação e da justiça.

Hoje no Brasil é o Dia da Iluminação Elétrica.

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