segunda-feira, 29 de julho de 2013

Eduardo Almeida Reis-Sexualidade‏


Estado de Minas: 29/07/2013 


Delícia de história é a do pastor Alan Chambers, da Exodus International, Igreja que vendia franquias há 37 anos e tinha várias franqueadas nos Estados Unidos, todas dedicadas à cura gay.

O piedoso missionário escreveu skip to main | skip to sidebar às comunidades homossexuais, bissexuais e transexuais pedindo desculpas pela dor e sofrimento que lhes causou, de mesmo passo em que confessou sentir forte atração pelas pessoas de seu sexo. Resumindo: saiu do armário depois de faturar uma nota e encerrou as atividades de sua obra missionária: “Vários anos atrás eu, de forma conveniente, omiti minha atração pelo mesmo sexo. Eu tinha medo de dividir isso. Hoje, entretanto, aceito esse sentimento como parte de minha vida” escreveu Chambers numa carta publicada pelo site Gawker, dizendo que a organização cristã liderada por ele terá outra diretriz a partir de agora.

Até o gato lá de casa, se houvesse, saberia que a homofobia esconde forte atração pelo mesmo sexo. Todos sabemos que homossexualismo não é defeito, mas inclinação, força que orienta espontânea ou voluntariamente uma pessoa no sentido de um objeto, um objetivo, um gosto; tendência, propensão, vocação.

Nada nos irrita mais do que descobrir nossas tendências nos outros. O forreta critica o munheca, o pinguço verbera o alcoólatra, o apedeuta odeia o analfabeto, o corrupto detesta o ladrão – e assim por diante.

Tive um amigo, doce figura humana, que dirigia a 35 km/h. Excepcionalmente, numa descida de ótimo asfalto, estrada deserta, permitia que seu carro chegasse a 40 km/h. Pois muito bem: quando encontrava um veículo circulando a menos de 30 km/h, o excelente brasileiro tratava de ultrapassá-lo, gritando pela janela de sua Variant: “Eh morrinha!”.

Cracídeos


Tenho amigo que divide seu dia em várias etapas, a saber: caminhar no câmpus da UFJF, avinhar-se, charutear e ler, sendo que o verbo avinhar, pronominal, em nosso idioma desde 1576, no caso do ilustrado patrício não significa “beber imoderadamente, embriagar-se”, mas curtir o seu vinho diário como homem de bem e de tino.

Dia desses, escrevi sobre uma jacutinga pousada na janela aqui do escritório, equivalente a um quarto andar, dando para mata de cinco hectares, pertinho da avenida principal e mais movimentada de uma cidade de 600 mil habitantes.

O leitor me disse que em suas caminhadas pelo câmpus tem visto muitas aves parecidas, que lhe pareciam galiformes, família dos cracídeos, gênero Penelope, de garganta nua vivamente colorida, que grasnam e gargalham, conhecidas como jacus.

Em defesa de sua tese, mandou-me vídeo de 10 minutos sobre jacus, jacutingas e jacupembas. Fartei-me de ver fotos coloridas de cracídeos no vídeo interminável e concluí que errei ao classificar como jacutinga a ave galiforme aqui da janela do escritório: era um jacu, possivelmente macho em período reprodutivo, pois tinha barbela vivamente colorida.

Opções de lazer

São Paulo, a maior cidade do país e capital estado mais rico do Brasil, anda às voltas com um negócio chamado pancadão, por falta de opções de lazer para os adolescentes. Não se trata de pancada violenta ou de mulher vistosa e atraente, um peixão, substantivo masculino (pancada + ão) dicionarizado pelo Houaiss, mas de uma balada nas ruas, ao ar livre, reunindo menores desde a mais tenra idade até paulistanos de maior, dos vários sexos conhecidos.

Até outro dia, a polícia tinha identificado cerca de 350 pancadões regulares nas noites de quinta, sexta e sábado, só na Zona Leste da cidade. Álcool e drogas vendidos livremente a todos os frequentadores, dos mais velhos às crianças. O barulho rivaliza com o das turbinas de aviões a jato e o sexo, insinuado ou praticado, corre solto e à vista de todos.

Cada pancadão reúne até três mil criaturas e criaturinhas. Escusado é dizer que os residentes nas imediações de um pancadão passam as noites sem dormir e a polícia, chamada, é agredida pela multidão. O fenômeno não é afegão ou paquistanês, mas paulistano, e lá está para quem quiser ver. Na reportagem que a tevê exibiu, ouvia-se claramente um brasileiro anunciando aos berros: “Aqui, o bagulho é do bom!”. Vejo no Houaiss que bagulho, na acepção 7, regionalismo brasileiro, significa maconha

O mundo é uma bola

29 de julho de 1588: a Invencível Armada espanhola é vencida pelos ingleses na Batalha de Gravelines, próxima da costa francesa. Em 1648, fundação de Paranaguá, onde hoje existe um porto, o maior para exportação de produtos agrícolas de um país grande e bobo. São tantos os buracos nas estradas de acesso à zona portuária, que os caminhões perdem mais que 10% do milho e da soja transportados, para alegria das aves e dos ratos, que se alimentam dos grãos. Quando chove, o que é comum por lá, milho e soja apodrecem e o cheiro fica insuportável, mas o DNIT vai muito bem, obrigado.

Em 1836, inauguração em Paris do Arco do Triunfo, obra que conheço de fotografia, mas tenho amigos que vivem comendo queijos e bebendo vinhos nacionais olhando para a obra da arquitetura francesa e não conhecem o Arco do Triunfo de Caicó, (RN), estado natal do ilustre presidente da Câmara Federal.

Ruminanças
“Porto: lugar em que os navios abrigados das tempestades estão expostos à fúria da alfândega” (Ambrose Bierce, 1842–1914).

Um comentário:

  1. Perguntinha que não quer calar? Será que o pessoal, daquela região barulhenta, são eles tão barulhentos e mal-educados quanto aqueles de quem eles se queixam????

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