Nos EUA, 'clones' de séries amargam vida curta
'Smash', produzida por Spielberg, tentou sem sucesso surfar na onda da musical 'Glee'
A série "Smash" tinha tudo para dar certo, mas virou um grande fracasso na competitiva TV americana, em que os canais abertos, menos afeitos a riscos do que os pagos, reproduzem fenômeno já visto no cinema comercial: o lançamento (invariavelmente malsucedido) de derivados de um único sucesso.
"Smash" quis ser o "Glee" adulto. Vendeu-se como uma série sobre o nascimento de estrelas da Broadway, com números musicais inspirados na música pop.
Depois da audiência decepcionante da primeira temporada, Spielberg trocou produtores, roteiristas e parte do elenco (escalando até a vencedora do Oscar Jennifer Hudson), além de tentar imitar o sucesso "Girls" --o novo musical da trupe era ensaiado no Brooklyn, com "hipsters" de butique. Os poucos espectadores que tinham restado trocaram de canal. (Essa segunda leva é exibida atualmente no Brasil às terças, no Universal.)
O fenômeno se repetiu com "The New Normal", série sobre um casal gay que contrata uma barriga de aluguel para ter um filho (versão sem graça do sucesso "Modern Family") e "1600 Penn", comédia de risos amarelos sobre a vida na Casa Branca, que casava "Family" e bastidores de Washington, à la "Veep".
Nenhuma das duas terá um segundo ano. Séries com vampiros e mortos-vivos que tentam pegar carona em sucessos como "True Blood" e "The Walking Dead" tampouco convenceram.
NASCE UMA ESTRELA
"Smash" até parte de uma boa premissa: a criação de um musical contando a vida de Marilyn Monroe (1926-1962). Ao mostrar a seleção da atriz que dará vida à mítica protagonista, radiografa o surgimento de uma diva --as inseguranças, trapaças, assédios e a bajulação que rondam uma nova estrela.Com atores vindos da Broadway, recebeu ótimas críticas nos primeiros episódios e teve bom ibope. Mas diversas subtramas novelescas, com adultos infantilizados --especialidade de Spielberg--, acabaram tirando o foco do que interessava. O público pediu o ingresso de volta.
Quando a Folha visitou as filmagens em Nova York, Messing não disfarçava a frustração, e a grande Huston, pouco diva e comemorando a mudança para a cidade depois de anos na Califórnia, perguntava ao repórter se ele queria comer algo.
Se tivesse chegado à terceira temporada, talvez "Smash" fosse transplantada para Washington, cenário dos atuais sucessos "House of Cards" e "Scandal", o que nos obrigaria a espiar deputados e lobistas sapateando. Por sorte, não será necessário.
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