O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), decidiu fazer uma reorganização nos ciclos e nos currículos da rede municipal de ensino.
A proposta em estudo prevê que possa haver reprovação em até cinco séries do ensino fundamental, ante as atuais duas. E, em alguns casos, poderá haver a dependência de matérias.
O documento com a proposta, obtido pela Folha, foi enviado pela Secretaria Municipal de Educação há cerca de dez dias a dirigentes da rede para discussão.
Ainda pode haver mudanças até a apresentação oficial, em cerca de 15 dias.
Hoje, os alunos só podem ser retidos ao final do 5º e do 9º anos, séries que finalizam os ciclos atuais. O mesmo acontece na rede estadual.
Hoje, os alunos só podem ser retidos ao final do 5º e do 9º anos, séries que finalizam os ciclos atuais. O mesmo acontece na rede estadual.
A proposta é que os ciclos passem a terminar na 3ª, na 6ª e na 9ª séries (com possibilidade de reprovação) e que possa haver retenção também na 7ª e na 8ª.
Editoria de arte/Folhapress |
Desde o início da gestão, o secretário da Educação, Cesar Callegari, tem sinalizado a possibilidade de adotar a reprovação no 3º ano, destacando que seria apenas em casos graves, em que o aluno precise rever o conteúdo ao final do ciclo de alfabetização.
Como hoje a primeira retenção só pode ocorrer no 5º ano, a avaliação do secretário é que se demora muito para recuperar um aluno que não foi alfabetizado. Não havia sido apresentada, até então, a possibilidade de reprovação no 7º e no 8º anos, que estão no meio de ciclo.
A possibilidade de reprovação é vista por parte dos professores como uma forma de inibir a indisciplina nas salas e de evitar que alunos avancem sem saber o conteúdo.
Já educadores apontam que um repetente tende a ter desempenho pior para todo o restante da vida escolar, com mais chances até de evadir -e que alguns estudantes precisam de mais tempo para aprender o mesmo conteúdo.
A melhoria da qualidade do ensino fundamental é um dos principais desafios do prefeito Haddad. Hoje, a rede municipal de ensino da cidade de São Paulo São Paulo tem cerca de 1 milhão de alunos.
Nos últimos anos, o município não atingiu as metas federais, que consideram desempenho dos alunos em português e matemática e a taxa de aprovação. Haddad, ex-ministro da Educação, tem participado pessoalmente das discussões sobre as mudanças na área.
SEM DETALHAMENTO
Chamado de minuta para consulta pública, o documento não aborda o risco de aumento de reprovação.
Afirma apenas que, para as três séries finais do ensino fundamental, há a possibilidade de o aluno ficar de dependência -ou seja, se reprovar em português, por exemplo, o aluno refaz apenas essa disciplina, mas passa de série. Ainda não há um detalhamento sobre como fica a situação do estudante que ficar de dependência em uma matéria no último ano ou daquele que mudar de rede.
Na proposta, também ainda não estão definidas quantas matérias seriam necessárias para reprovar totalmente o estudante.
Procurada pela reportagem, a gestão de Fernando Haddad afirmou que não comentaria as ideias do documento por ele poder ainda passar por alterações.
Outra proposta da gestão é que haja ao menos duas avaliações por semestre aos estudantes (hoje as escolas definem quantas aplicarão), e as notas devem ser enviadas às famílias, para que elas sejam mais envolvidas no cotidiano escolar.
A minuta enviada aos dirigentes de ensino prevê ainda a possibilidade de uma mesma unidade de ensino infantil abrigar crianças de 0 a 5 anos. Hoje, elas ficam divididas em dois tipos de escolas, de 0 a 3 anos e de 4 a 5 anos. O texto não explica o porquê da alteração
Mudança poderá alterar metas de alfabetização
Objetivo da prefeitura é alfabetizar aluno até os oito anos, enquanto proposta do Estado é de sete anos
Alteração no currículo da rede municipal de ensino segue o mesmo modelo defendido pelo governo federal
Se aprovada a proposta de mudança estudada pela Prefeitura de São Paulo, as redes municipal e estadual paulista terão metas diferentes de alfabetização de alunos.
A prefeitura paulistana aponta como objetivo alfabetizar seus alunos até os oito anos de idade, seguindo o proposto pelo governo federal (modelo desenhado pelo atual secretário municipal de Educação, Cesar Callegari, quando ele trabalhou no Ministério da Educação).
Já o governo estadual anunciou neste mês que traçou como meta a alfabetização até os sete anos.
Cada uma das opções propostas possui elogios e críticas de especialistas ouvidos pela reportagem.
A alfabetização aos oito anos é vista como ideal para as crianças que não passaram pelo ensino infantil, pois poderia ser muito forçado exigir que um jovem de seis ou sete anos já tenha tal capacidade após dois anos, no máximo, de contato com a escola.
Já os defensores do segundo modelo apontam que as crianças da rede pública de ensino não podem ficar em desvantagem em relação às das escolas privadas, que, em geral, buscam alfabetizar até os seis ou sete anos de idade.
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