Aplicativos de troca de mensagens para smartphones, como o Snapchat, ameaçam receitas da rede em aparelhos móveis
Isso pode parecer improvável, dadas as impressionantes estatísticas de uso móvel que a empresa registra --estima-se que um quinto do tempo de uso de smartphones ocorra em sua rede social. No primeiro trimestre deste ano, o Facebook gerou 30% de sua receita de publicidade neste segmento, um ano da veiculação de seus primeiros anúncios nesse tipo de aparelho.
Mas uma nova geração de apps leves para mensagens ameaça tal domínio.
Ao contrário do Facebook, eles já foram concebidos para o mundo móvel, e não adaptados de um site. A maioria começou buscando incorporar mensagens de texto. Tendo encontrado espaço nos aparelhos, agora os novos serviços de chat estão determinados a devorar o território ocupado pelos apps sociais, de jogos, fotos e vídeos.
Um sinal disso surgiu no mês passado, em rodada de capitalização que estimou o valor do Snapchat --que usa fotos instantâneas como moeda de suas mensagens--, em cerca de US$ 800 milhões.
As fotos e os textos que os usuários trocam por esse app têm um truque: elas se destroem em até dez segundos depois de abertas.
Ainda que tenha sido criado apenas em 2011, o Snapchat já supera o Instagram, adquirido pelo Facebook, em número de fotos subidas para a rede. Quase um terço das imagens compartilhadas on-line neste ano serão trocadas por ele, de acordo com Mary Meeker, analista de internet da consultoria KPCB.
"Evan Spiegel e Bobby Murphy [fundadores do Snapchat] são exemplos da nova geração de empreendedores que cresceram com smartphones e mal sabiam o que era a web quando existia apenas em um navegador de desktop", define Dennis Phelps, sócio da Institutional Venture Partners, um dos maiores grupos de investimentos do mundo que listou o Snapchat como bom alvo.
Diversos outros apps de mensagens têm anotado sucesso viral semelhante. E a concorrência que está se desenvolvendo parece mundial: as redes que ganharam espaço incluem a WeChat, Line e KakaoTalk, da Ásia, e WhatsApp e Viber, americanas.
E o mercado não parece destinado a ser controlado por um único ganhador, e sim a seguir padrões regionais. A tendência provavelmente será acentuada com os esforços dos governos nacionais para reprimir redes de mensagens que eles não possam controlar ou monitorar, e pelos avanços de preferências culturais específicas.
O Line, por exemplo, explora o apreço pelos emoticons, que é forte na Ásia.
Aproveitando a onda viral, alguns dos recém-chegados conquistaram vantagem inicial. Entre eles, WeChat, WhatsApp e Line, que têm 750 milhões de usuários --número semelhante ao de pessoas que usam o Facebook nos celulares a cada mês. Eles não são só divertidos, mas também permitem que os usuários evitem pagar os salgados preços dos serviços de mensagens das operadoras.
Mas o teste real está apenas começando. Será que os apps de chat conseguirão encontrar maneiras de ganhar dinheiro em um mercado no qual as barreiras de entrada são baixíssimas, as modas passageiras predominam e os usuários não apreciam a intrusão de publicidade?
O Line e o WeChat avançaram mais, se posicionando como redes de distribuição para outros aplicativos.
Usar redes de mensagens para a distribuição de conteúdo digital é um sonho antigo. Era uma das ideias que embasavam a malfadada aquisição da Time Warner pela AOL, em 2000. Mas a definição de conteúdo mudou bastante daqueles dias para cá.
A segunda forma evidente de receita é o marketing social. Os predecessores dos apps nas redes sociais experimentaram misturar publicidade a comunicações pessoais, mas há riscos. O mais valioso para um anunciante seriam mensagens comerciais que usuários adotem e difundam por meio de suas redes pessoais. Nessas redes, as etiquetas e as fotos serão a moeda dos anunciantes.
Nada disso significa que os 750 milhões de usuários móveis do Facebook vão deixar de postar fotos das pessoas queridas na rede social. Mas a empresa vem sendo mais seguidora do que líder.
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