Zero Hora - 04/08/2013
Quem foram os 10 homens mais influentes da história humana?
Outro dia, escrevi a respeito. A revista Aventuras na História apresentou sua lista e eu, metido que sou, fiz a minha.
Não se trata de escolher os homens mais poderosos, nem os maiores,
nem os mais geniais, e sim os mais influentes. Os que, de uma forma ou
de outra, pelo bem ou pelo mal, mudaram o mundo. A lista da revista:
Albert Einstein, Jesus Cristo, Karl Marx, Adolf Hitler, Vladimir
Lenin, Sigmund Freud, Abraham Lincoln, Mao Tsé-Tung, Josef Stalin e
Charles Darwin.
A minha, muito melhor do que a deles, por ordem cronológica:
Moisés, Buda, César Augusto, Jesus, Maomé, Darwin, Marx, Freud, Hitler e Mao.
Note, inteligente leitor, que citei sete homens de ideias (Moisés,
Buda, Jesus, Maomé, Darwin, Marx e Freud) e três da política (Augusto,
Hitler e Mao). Alguém pode alegar que Moisés e Maomé também foram
líderes políticos. Foram. Mas mudaram o mundo mais com suas ideias do
que com sua ação. Quer dizer: são as ideias que transformam. Ideias.
Pois bem. As listas geraram debates entre os leitores. Muitos
cometeram também suas listas e alguns, não poucos, reclamaram: por que
não há mulheres citadas? Concordei com eles. Inúmeras mulheres poderiam
ser relacionadas, porque muito do que o mundo já mudou foi por causa
delas.
Que mulheres poderiam ser lembradas como motores de mudanças da
Humanidade? Vou relacionar algumas, rapidamente, até chegar numa certa
mulher do século 21:
1. Cleópatra
Sem dúvida, Cleo mudou o mundo. Por amor a ela, César e Marco
Antônio se perderam, e quem ganhou foi Otávio, depois transformado em
Augusto. Como disse Pascal, a história do mundo seria diferente, se o
nariz de Cleópatra fosse menor.
2. Teodora, a imperatriz de Bizâncio
Teodora era cortesã. O imperador Justiniano regalou-se tanto com ela
que a promoveu a imperatriz. A partir de então, tornou-se casta. Uma
senhora respeitável. E uma leoa na luta pelo poder. Durante uma revolta
popular, Justiniano queria fugir pusilanimemente. Teodora fez com que
ele permanecesse no palácio, ele permaneceu e a revolta foi sufocada.
Teodora salvou o império.
3. Catarina de Médici
Era florentina num tempo em que Florença era a cidade mais culta e
sofisticada do mundo. Casou-se com o rei francês e levou sua cultura e
sofisticação para Paris. Ensinou aos franceses a se portar como
franceses, inclusive a comer com talheres. E, mais importante, inventou a
calcinha. A civilização deve muito a Catarina.
4. Mary Wollstonecraft
O pai dessa inglesa era um homem muito brabo. Vivia batendo na
mulher e nos filhos. Mary cresceu traumatizada, virou professora e,
depois de conhecer alguns escritores libertários, tornou-se ela própria
libertária. Foi pioneira na defesa dos direitos das mulheres. E foi a
mãe de outra Mary, Mary Shelley, que escreveu Frankenstein.
5. Agar
Era escrava de Sara, mulher de Abraão. Como Sara não podia ter
filhos, cedeu Agar para Abraão. Abraão agradeceu e cumpriu sua
obrigação. Fez um filho em Sara, chamado Ismael. Mas, depois, o Senhor
recuperou a fertilidade de Sara e ela acabou tendo um filho, Isaac. Aí
quem se deu mal foi Agar. Sara não aceitou a concorrência e obrigou
Abraão a expulsar Agar e Ismael para o deserto, tendo só uma bolsa
d’água para beber e uma côdea de pão para comer. Agar e Ismael penaram,
mas sobreviveram, e deles nasceu todo um povo, os ismaelitas, ou seja,
os povos árabes.
Não haveria jornal suficiente para falar de todas as mulheres
importantes do mundo. Tenho aqui em minhas mãos um cartapácio de 1400
páginas, o “Dicionário Mundial de Mulheres Notáveis”, editado em 1967
por Lello & Irmão, da cidade do Porto. Mil e quatrocentas páginas de
mulheres notáveis. Vou reproduzir o que o dicionário diz de uma só
delas, e depois revelarei que mulher, hoje, se destaca no planeta. Aí
vai:
ALMEIDA, Brites de (Sécs XIV-XV). Mulher virago portuguesa que se
tornou célebre sob a designação de Padeira de Aljubarrota. Segundo
parece, teria nascido em Faro, de pais pobres e de condição humilde, os
quais tinham, ali, uma modesta taberna. Refere a lenda que, desde
pequena, Brites se revelou uma rapariga corpulenta, ossuda, feia; nariz
adunco, boca muito rasgada e cabelos crespos. Uma rapariga, portanto,
destemida, valente, desordeira.
Além disso, tinha seis dedos em cada mão, fato que teria alegrado os
pais, convencidos de que tinham em casa uma mulher para o trabalho. No
entanto, tal não aconteceu. (...) Brites começou a adestrar-se no manejo
das armas e na esgrima, criando à sua volta uma reputação de valentaça.
Apesar disso, houve um soldado alentejano que, atraído pela fama de
Brites, a procurou, propondo-lhe casamento. Brites, que não era dada a
sentimentalismos, quis, antes de casar, brigar com ele, e tal foi a
briga que o soldado foi vencido e morto.
Não é um texto sensacional? A começar pelo eufemismo da “mulher
virago”. O dicionário segue contando a história de Brites, que depois
trabalhou como almocreve, que é tocadora de mulas, e se envolveu em
muitas aventuras militares.
Que belo personagem. Mas a mulher que eu destacaria no século 21
ainda não virou verbete nem ganhou o mundo; ganhará. É aquela moreninha
da novela das 9, Maria Casadevall. Veja a foto dela, e me diga se não é
por mulheres assim que a Humanidade muda.
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