Isso não é "cultura popular", como alguns
idiotas escrevem na imprensa, é banditismo: %u201CMata PM, degola PM,
castra PM, fura PM, PM é verme
Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 02/08/2013
Só tem no Google e
são escassas 53 entradas para imaginâncias, que merece curso em nosso
idioma como parceira de imaginações. Peço ao leitor que imagine a
seguinte situação: você é médico aplicado, trabalha feito um desesperado
e ganha pouco. Você é engenheiro civil aplicado, trabalha feito um
desesperado e ganha pouco. E assim em todas as profissões até policial
militar, em que você é aplicado, trabalha feito um desesperado, corre
risco diário de (perder a) vida, só é chamado quando há pepinos para
resolver e ganha miseravelmente.
Aí, surgem cidadãos do país em
que você mora e trabalha, que fazem shows para milhares de pessoas e se
apresentam com apelidos precedidos das letras MC, que não representam a
McDonalds Brasil. Na Wikipédia você aprende que MC é aquele que canta
com vontade, que rima suas músicas e deixa todas elas na boca do povo. M
de music, C de common. Significado: música comum.
Aprende ainda
que as origens do MC no cenário atual vem dos DJs da música jamaicana,
não confundir com o DJ da música hip hop. Num país grande e bobo surgem
centenas ou milhares de MCs – MC Bombom, MC Docunha, MC Doeste, MC
Zarolho – é MC que não acaba mais, todos eles ou quase todos eles
fazendo apologia da matança de policiais militares com todos os efes e
erres. Podiam apologizar a matança de médicos, engenheiros civis,
advogados, padres, pastores, jornalistas, mas têm especial entusiasmo
pelo fuzilamento de brasileiros que trabalham fardados a serviço da
sociedade.
Isto não é “cultura popular”, como alguns idiotas
escrevem na imprensa, é banditismo: “Mata PM, degola PM, castra PM, fura
PM, PM é verme” – aos berros, com microfone, em português inteligível
pelos frequentadores daquele tipo de espetáculo. A partir daí, começam a
morrer, abatidos a tiros, os funkeiros MC Bombom, MC Doeste, MC Docunha
e outros MCs. Fosse juiz de direito, você, caro e preclaro leitor,
condenaria o brasileiro que mata o artista (sic) que vive recomendando,
com guitarra, bateria e microfone, a morte do atirador? É pergunta que
faço ao magistrado e só a ele, porque não nasci ontem nem anteontem e me
lembro de que no Código Penal de 1940 havia o art. 287 cominando pena
de detenção aos que fizessem, publicamente, apologia de fato criminoso
ou de autor de crime.
Bizu
Tanto pode ser
substantivo masculino quanto adjetivo de dois gêneros e deve ter
entrado em nosso idioma circa 1970. Houaiss diz que é de origem obscura;
Aurélio e Aulete/digital não dicionarizaram, mas o Google tem mais que
dois milhões de entradas para bizu e a seguinte explicação: “Essa gíria
teve seguramente sua origem nos quartéis. Os militares mais antigos
sussurravam dicas nos ouvidos dos recrutas sobre como proceder para se
dar bem lá dentro. Os comandantes observavam os atos, mas, de longe, só
podiam ouvir a onomatopeia característica dos cochichos ‘... bzbzbzu’,
dando origem ao termo bizu; ‘Atenção, tropa! Não quero ouvir nenhum bizu
aqui dentro’”.
Etimologia meio capenga, mas foi a melhor que
encontrei para explicar o bizu de certas senhoras, não necessariamente
as mais bonitas, inteligentes ou ricas de um determinado estamento
social. Tenho visto casos espantosos pela qualidade dos companheiros
envolvidos, que só posso contar pessoalmente em off “offíssimo”.
Profissionais
liberais da melhor qualidade, bem-parecidos, bem-nados e bem pagos,
professores doutores de universidades federais, titulares de escritórios
vitoriosos, meus amigos de velha e longa data – e uma só mulher, com
breve período de sobreposição de companheiros. Só pode ser bizu. Por
fim, pergunto ao perplexo leitor: por que bem-nado (nascido) e
bem-parecido (apessoado) têm hífen e não consigo encontrar “bem pago”?
O mundo é uma bola
Em
2 de agosto de 338 a. C. Filipe, da Macedônia, dizima as forças de
Atenas e Tebas na Batalha de Queroneia. Em 216 a. C., na Batalha de
Canas, considerada obra-prima de tática, Aníbal destrói os exércitos
romanos comandados por Lúcio Emílio Paulo e Caio Terêncio Varrão. Em
1655, a Inglaterra ataca navios mercantes holandeses na Batalha de
Vägen. Em 1990, o Iraque invade o Kuwait acendendo o estopim da Guerra
do Golfo. Por aí dá para o leitor perceber como é feroz o Homo sapiens.
Se a gente quiser, é fácil preencher O mundo é uma bola só com batalhas.
As
opções também são perigosas. Em 2 de agosto de 1934, Adolf Hitler se
tornou o führer da Alemanha e em 1945 terminou a Conferência de Potsdam,
em que as potências aliadas decidiram o que fazer com a Alemanha
derrotada na Segunda Guerra Mundial. Em 1905 nasceu Myrna Loy, atriz
norte-americana, que foi a óbito em 1993. Batizada Myrna Adelle
Williams, era filha de fazendeiro. Casou-se quatro vezes.
Em 257
morreu o papa Estêvão I. Em 640, foi a óbito o papa Severino. Em 686 o
papa João V esticou as canelas. Como se vê, o segundo dia do mês de
agosto é um perigo para os papas. Em 1100 o rei Guilherme II, da
Inglaterra, bateu o pacau atingido por uma flecha enquanto caçava em New
Forest. Ninguém foi acusado de regicídio.
Ruminanças
“Escritores, meditai muito e corrigi pouco. Fazei as vossas rasuras em vosso cérebro” (Victor Hugo, 1802-1882).
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