Funk carioca na Barra Funda
Paulistanos, ainda pouco íntimos do funk, 'dançam até o chão' com Anitta eNaldo, no festival Rio 40 Graus
Vale tudo para entrar no clima? "Vale, lá dentro esquenta", garante uma das moças na fila.
Não é o que parece quando o show começa na noite do último domingo. No palco, MC Koringa canta para um público morno que está ali na verdade por dois motivos: Naldo e Anitta --principalmente esta. Pouco mais de um mês após o lançamento do disco, a moça já vendeu 120 mil cópias, segundo a gravadora.
Os dois fenômenos do funk melody são os que fazem a cabeça dos paulistanos que gastaram entre R$ 100 e R$ 240 para estar ali.
MC Koringa se apresenta para uma casa ainda longe dos 6.000 ingressos vendidos. "Dança Sensual" é o ponto alto do show, mas ainda é só o começo de uma noite repleta de "vai descendo até o chão".
A plateia nesse espaço reservado aos que desembolsaram o valor mais alto é bem diferente dos que vão se aglomerando no gargarejo. Muitos, na área vip, não dançam. Não há rapazes sem camisa, e tampouco clima de pegação. Estão se acotovelando para tirar um foto ou para gravar parte do show com seus celulares.
Claro também é que para muita gente show de funk é uma novidade. Num dos camarotes, toda de branco e com um modelito bem mais comportado do que a média, a designer de interiores Sílvia Italiano, 37, está ali por pura curiosidade e, claro, para ver Anitta.
Ao lado da amiga Renata Fiasco, 35, psicóloga, diz que não iria a um show com "letras que são pura baixaria." "Aqui é um estilo mais comercial", afirma. "Acho que você pode dizer que somos a elite do funk'", diz Renata, rindo.
Koringa sai do palco para dar lugar a Buchecha, que fazia dupla com Claudinho. A plateia canta algumas de suas músicas. Mas ainda não é suficiente para elevar a temperatura dos funkeiro.
ELOGIOS À MULHERADA
O clima só muda quando Naldo aparece. Correntona de ouro com um "N", visual e produção dignas de rappers americanos, ele faz até as mais recatadas moças do salão soltarem gritinhos histéricos.No meio do show, a música para. Naldo rasga elogios "à mulherada" de São Paulo e de repente cerca de 30 delas são chamadas ao palco. O publico masculino na fila do gargarejo vai ao delírio.
"As pessoas aqui sentem o astral, quem já foi ao Rio e pôde conferir sabe que isso se estendeu e hoje há lugares até mais quentes' do que lá", diz à Folha o cantor que faz hoje oito shows por mês, em média, no Estado de São Paulo.
Passam das 23h, quando "Prepara" --a palavra mais esperada da noite-- ecoa. De shortinho preto e botas longas, Anitta aparece. Dos mesmos lugares de onde há pouco se ouvia "lindo!", agora surgem gritos de "maravilhosa!".
"Vocês são foda!", ela retribui, em forma de elogio.
O que se segue são alguns covers, como "I Kissed a Girl", de Katy Perry, e "Tô Nem Aí", de Luka, e um singelo agradecimento despachado. "Obrigado a todos que vieram me ver e a quem não veio, mas também está vendo."
Paradoxalmente, o salão começa a esvaziar. É quase meia-noite e é preciso pegar o metrô. Quando Anitta resolve cantar "Cachorro Eu Tenho em Casa", com a seguinte estrofe "Eu tô querendo um homem/ cachorro eu tenho em casa" é a vez das mulheres irem ao delírio. Agora, o público está com calor.
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