Estado de Minas - 31/10/2012
O flamboaiã da Vera, que é minha prima querida, está deslumbrante. Pedindo para ser contemplado com os olhos sensíveis de quem passa ou visita a casa aberta e amiga de Brasília. O outono e o inverno estiveram muito secos e descoloridos, sem graça. Apreensivos, os amigos passavam o tempo procurando pela conversa ampla, mesa farta e alegria imensa da mulher solidária. Tempos de preocupação e demonstração de afeto.
O mundo correndo solto com seus amores e tragédias diários. E nós todos chupando dedo à espera de tempos mais brilhantes. Mas eis que a chuva e a primavera chegam e junto delas a mensagem prazenteira voa pelos meios eletrônicos e invade os nossos corações: “Meu flamboaiã já está enfeitado para comemorar algo. Não podemos perder ambiente tão lindo! Tomarei providências. Beijos, Vera”.
Estão de volta a beleza, a música e a alegria. No alto de sua magnitude, o deus vegetal anuncia proteção e deslumbramento. E é em torno dele que voltaremos a nos sentar, ouvindo, tocando e cantando música de qualidade. Ele não aceitaria menos do que o que há de excelente em nosso cancioneiro.
As vozes e os ouvidos da amizade se brindarão naquele chão brasileiro construído por nossa Vera para os que ela recebe em seu lar diamantino e brasiliense. Os quadros nas paredes e as esculturas, presentes dos admiradores da vida inteira, se enfeitarão para realçar a excelência das obras dos artistas que velam pela estética da casa.
O pau-rosa, flor-do-paraíso, com seus quase 15 metros, realça a noite e o dia. É comovente em seu esplendor, seja em Madagascar ou em Brasília. Ali, brevemente – ela mandou apenas um primeiro recado, um aceno –, a multidão de gente que adora a dona da casa vai se reunir.
Do alto de minha cidade montanhosa, esfrego as mãos em agradável expectativa. As águas finalmente desceram sobre nós, refrescando nossos dias. Árvores e flores deitam suas cores sobre as metrópoles antes secas e calorentas. Vontade de sair dançando e cantando na chuva, assobiando mil melodias pelas ruas, como se louco fosse. De certa forma, devo ser mesmo, pois a prima Vera sempre diz que todo Brant é meio doido.
Sei que os ombros estão pesando menos e a possibilidade de festa à vista no horizonte próximo. Por enquanto, deito meu olhar sobre a majestade do flamboaiã. E antegozo o dia em que a comemoração anunciada se realize. Viva.
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