Segundo Datafolha, 60% acreditam que Haddad governará para todos; para 67%, Kassab prioriza minoria
Paulistanos citam temas locais como razões do voto; 46% dizem que mensalão teve muita ou alguma influência
GUSTAVO PATU
DE SÃO PAULO
Dois terços dos eleitores paulistanos acham que a cidade é administrada segundo o interesse de poucos; 60% acreditam que o prefeito eleito, Fernando Haddad (PT), governará em benefício de toda a população.
Em pesquisa inédita do Datafolha destinada a investigar as motivações do voto na capital, os números mais eloquentes indicam a consolidação de uma imagem elitista associada à atual gestão -e a expectativa de mudança com a vitória oposicionista.
Dos 1.265 entrevistados no dia seguinte ao 2º turno do pleito, 64% afirmaram que o prefeito Gilberto Kassab (PSD) "respeita mais os ricos". Trata-se do percentual mais alto de respostas para as 22 questões apresentadas sobre seu perfil, já considerada a margem de erro de três pontos percentuais.
Mesmo entre os eleitores do tucano José Serra, prevalece a percepção de que Kassab privilegia uma minoria e respeita menos os pobres. Apenas um terço dos serristas creem que o prefeito governa para toda a população; para 42%, Haddad o fará.
Os paulistanos relacionam os temas locais a sua opção eleitoral. A metade do eleitorado cita as condições da cidade entre os fatores que tiveram muita influência em seu voto, e 47% mencionam as propostas dos candidatos -entre os eleitores de Haddad, são 55%.
Mas não foi desprezível o impacto do tema nacional mais abordado na campanha: o julgamento do mensalão pesou na decisão de quase a metade dos eleitores de Serra e de um terço dos que não votaram em ninguém. No total, 46% disseram que o caso mais grave de corrupção no governo Lula teve muita ou alguma influência no voto.
Outros motivos de disputa e controvérsia no pleito paulistano -a influência da Igreja, das pesquisas eleitorais, das alianças partidárias, do horário gratuito e da idade do candidato- foram descartados pela ampla maioria.
Haddad assumirá sob expectativas favoráveis de 62% dos entrevistados, um percentual semelhante aos de seus antecessores Kassab e Serra. Entre os que votaram na situação, apenas 17% acreditam que o petista fará um governo péssimo ou ruim.
Trata-se de percentuais superiores aos dos que esperam melhora da situação econômica do país -45% no total e apenas 30% dos serristas.
O otimismo tradicional no período pós-votação é menos evidente quando se aborda a redução dos tributos, um dos temas mais vistosos da campanha vitoriosa -que prometeu acabar com a taxa de inspeção veicular.
Apenas 28% acham que os impostos vão diminuir, num empate técnico com os 26% que apostam em um aumento. Mesmo entre os eleitores do petista, os que creem no alívio tributário são minoria. Para três quartos dos serristas, os impostos vão aumentar ou ficarão como estão.
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