quarta-feira, 31 de outubro de 2012

"É amor e cobrança", afirma presidente da Petrobras, Graça Foster


"É amor e cobrança", afirma presidente da Petrobras, Graça Foster


PEDRO SOARES

DO RIO

A fama de exigente e durona não impediu a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, 59, de revelar, a uma plateia composta em sua maioria por mulheres, que chora tanto de alegria como de tristeza e que beija e abraça colegas de trabalho.

"Eu choro de alegria, de tristeza. Preciso me controlar para não chorar. Mas dificilmente chorei pelo trabalho. Choro pela felicidade [de realizar uma tarefa]", disse a executiva em um bate-papo no seminário Mulheres que Transformam.

Graça disse que é dura e cobra resultados, mas também abraça e beija pessoas próximas no trabalho. "Adoro beijar. Adoro abraçar, mas eu cobro muito. Cobro pelo bem da Petrobras. É amor e cobrança."

Tamanho nível de exigência tem como origem não o poder, mas, sim, o senso de responsabilidade que a função exige, segundo a executiva. Graça reconhece que nem sempre as cobranças são das mais amistosas. "Nem sempre falo nesse tom", disse, arrancando risos da plateia.

A mesma exigência, porém, ela aplica a si própria. "Acordo às 3h, às 4h e já pego o lápis e começo a traçar uma estratégia, uma solução."

O gosto por definir estratégias fez a executiva apreciar o futebol, esporte no qual vê uma analogia com gestão ainda outros valores corporativos como trabalho em equipe e motivação.

Botafoguense, Graça prefere ver os jogos sozinha no estádio, onde analisa estratégias e faz anotações.

Mãe de dois filhos e com uma neta, Graça Foster revelou ainda gostar de Beatles e Amy Winehouse.

Ouve música --outra atividade que prefere fazer só-- durante o breve almoço no escritório, enquanto come "um sanduíche ou uma salada".

Durante sua fala, a executiva só se mostrou saudosa de sua infância, passada no Complexo do Alemão, zona norte do Rio. "Tinha muitas privações, mas era muito feliz."

Também em um setor amplamente masculino, Siham Hassan, diretora de Gerenciamento de Informação da Anglo American nas Américas, diz que os maiores desafios "são o reconhecimento profissional quanto à capacidade de entregar projetos e à manutenção dos sistemas ou infraestrutura".

"Também vejo como desafio a compreensão e flexibilidade para o equilíbrio entre as tarefas de mãe, esposa e a carreira. Mas a cultura empresarial, muitas vezes, auxilia na quebra dessas barreiras quando existem políticas de RH e incentivos que proporcionem mais oportunidades", disse.

Apesar das dificuldades, a executiva afirmou não ter sofrido preconceito.

"Assim como em qualquer posição de gestão, é importante sempre entender o lado do outro com quem estamos nos relacionando, entender a cultura com a qual estamos lidando, de forma a saber como nos posicionar da melhor forma, independentemente do sexo."
Editoria de Arte/Folhapress

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