Leilões
O Prêmio Nobel de Economia de 2012, atribuído a dois brilhantes microeconomistas, Lloyd Shapley e Alvin Roth, tem um significado especial para a recuperação do prestígio da profissão, fortemente abalado pelo formidável fracasso de muitos "especialistas" na teoria monetária.
Estes envolveram-se na destruição da regulação do sistema financeiro construída -nos anos 30 do século passado- para prevenir as patifarias que aquele estatuto controlou por mais de quatro décadas.
Maria Antônia de Oliveira, brilhante economista brasileira, hoje professora da FEA-USP e colaboradora de Alvin Roth em vários trabalhos, deu uma definição de suas finalidades altamente relevantes para o momento atual da economia brasileira.
Afirmou ela (numa transcrição livre, conveniente para meu objetivo neste "suelto"), que um dos objetivos da teoria que tem sido matéria de estudo de muitos pesquisadores é o "desenho dos mercados".
A ideia é tentar entender mais detalhadamente as regras dos mercados para colaborar na sua organização, ou "consertálos" quando eles quebram...
Por que a relevância? Porque ela tangencia o mais importante problema que o governo brasileiro tem que enfrentar para poder utilizar o capital e a eficiência do setor privado para acelerar os investimentos em infraestrutura: a construção de leilões eficientes, capazes de obrigar os competidores a revelarem "tudo o que sabem" e, afinal, determinar o vencedor capaz de assegurar a prestação do melhor serviço presente e garantir os investimentos futuros para mantê-los (definidos pelo poder concedente) à menor taxa de retorno (aceita no leilão pelo concessionário).
Este é o momento para a administração pública socorrer-se do imenso progresso da teoria dos leilões.
Deveria ser evidente que, em muitos casos, o excesso de voluntarismo nos tem levado a políticas e concessões que não fecham, particularmente, por exemplo, no setor do petróleo, onde as oportunidades que nos oferece o pré-sal para acelerar o desenvolvimento econômico do país estão sendo dramaticamente retardadas.
Agora, com a grande decisão da presidente Dilma de reconstruir a empresa de logística entregue a um excelente profissional treinado no velho Geipot e a disposição de acelerar e ampliar as concessões de infraestrutura ao setor privado, é a oportunidade do governo de aproveitar o saber acumulado em nossa academia na constru-ção de leilões eficientes, em lugar de insistir na burocracia bem intencionada, mas amadora na teoria dos leilões.
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