Lançamento ocorre hoje durante comemorações do Dia da Consciência Negra, em São Paulo
Anunciada em outubro passado, medida gerou polêmica entre artistas e estudiosos; parte diz que ela fomenta racismo
Anunciados há quase um mês pela ministra da Cultura, Marta Suplicy, os editais dividiram opiniões entre acadêmicos e artistas brasileiros.
Enquanto parte defende a medida como política de ação afirmativa (a fim de corrigir distorções), outros a consideram preconceituosa (veja abaixo artigos sobre o tema).
Os editais serão lançados na manhã de hoje durante cerimônia no museu Afro Brasil, no Ibirapuera, em São Paulo, e distribuirão ao menos R$ 4,9 milhões.
No mês passado, Marta participou de um debate em São Paulo sobre inclusão digital. No evento, a ministra ouviu de um produtor cultural afrodescendente que a cultura negra é apoiada pela pasta, mas nem sempre é realizada por negros.
Segundo ele, produtores culturais negros que buscam recursos na pasta são segregados na Fundação Cultural Palmares, ligada à pasta para promover e preservar a cultura afro-brasileira.
A partir daí, Marta pediu que a Fundação Biblioteca Nacional, a Funarte (Fundação Nacional de Artes) e a Secretaria do Audiovisual preparassem editais para negros.
Todos têm como base o Estatuto da Igualdade Racial e a decisão do Supremo Tribunal Federal, em abril deste ano, a favor das cotas na Universidade de Brasília.
Os objetivos do ministério incluem a formação de novos escritores, o aumento do número de pesquisadores negros, o incentivo à produção audiovisual de jovens negros e a ocupação de palcos, teatros e galerias de arte por artistas e produtores negros (veja arte acima).
Em paralelo ao lançamento dos editais, haverá, a partir das 10h, uma celebração do Dia da Consciência Negra no Ibirapuera com atrações e shows -entre os quais o do rapper Emicida e o do sambista Martinho da Vila.
REPERCUSSÃO
O anúncio do lançamento de editais exclusivos para criadores e produtores culturais negros, no mês passado, dividiu opiniões entre artistas e acadêmicos.
Para a atriz e cantora Thalma de Freitas, a medida é necessária e tem "o mesmo valor das cotas raciais".
Segundo o compositor e escritor Nei Lopes, Estado é obrigado a oferecer esse tipo de edital porque "há uma grande 'invisibilização' da produção do povo negro nos circuitos da ação cultural".
Já a apresentadora de TV Glória Maria, que se disse chocada ao tomar conhecimento da medida, comparou os editais ao regime de apartheid da África do Sul. " É discriminação", disse.
Segundo a ministra, os editais "não fomentam o racismo", mas servem para que os negros sejam prestigiados na criação e não apenas na temática da produção cultural.
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