Carolina Lenoir
Estado de Minas: 25/12/2012
As principais mudanças durante a adolescência ocorrem no cérebro, principalmente na área responsável pelo planejamento a longo prazo, pela linguagem, pelo controle das emoções e pelo relacionamento social. As transformações trazem tanto excitamento quanto angústia e as experiências de cada um variam de acordo com as características de cada geração, do ambiente, da cultura e das relações. Nesse processo, um tema que é essencial, mas permanece difícil de ser tratado com naturalidade em família, é a sexualidade. Para evitar informações equivocadas e experiências malsucedidas, uma conversa franca e sem neuras sobre sexo entre pais e filhos faz toda a diferença.
Cynthia Dias Pinto Coelho, psicóloga clínica com formação em sexologia, explica que existe uma demanda individual sobre quando e como falar sobre sexo, mas é possível perceber alguns sinais que indicam que o momento está próximo, sejam mudanças corporais características da entrada na puberdade ou comportamentos diferentes do usual. Porém, falta aos pais, por dificuldades pessoais ou mesmo a correria do dia a dia, entender o que os filhos estão vivendo. “É preciso construir uma intimidade que não é brusca, e sim conquistada na rotina, para que os filhos sintam liberdade para tirar dúvidas e ter experiências menos angustiantes e traumáticas.”
De acordo com a psicóloga, o objetivo de ter conversas naturais sobre a sexualidade é o de formar pessoas que tenham mais respeito com o próprio corpo e se relacionem de forma mais segura e amorosa. Uma boa opção pode ser introduzir o assunto com delicadeza, para que os jovens se sintam mais à vontade para fazer perguntas. “É preciso, porém, responder às dúvidas que forem aparecendo gradativamente, ou seja, dar informações que atendam às questões que surgiram naquele momento, dentro daquilo que foi perguntado”, afirma Cynthia.
Se, por outro lado, são os pais que se sentem desconfortáveis com a conversa, a especialista acredita que adquirir livros que falem sobre o tema, de acordo com a idade dos filhos, é uma estratégia interessante. Além disso, é fundamental procurar ajuda com profissionais da área. “Não só ginecologistas e urologistas, mas psicólogos mesmo. Na maior parte das consultas com especialistas, são abordadas questões médicas, mas é importar falar sobre a parte afetiva do sexo.”
Desde o fim da década de 1970, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) reconhece a adolescência como uma área específica da especialidade e tem proposto abordagens como a da pubericultura (termo que significa “cultivar o jovem”), em que os médicos se concentram no cuidado orientado e específico do adulto em formação. Além dos papéis do pediatra clínico e do hebiatra, focado no atendimento do adolescente, outros especialistas são imprescindíveis nessa fase.
Karine Ferreira Santos, presidente do comitê de ginecologia e obstetrícia infanto-puberal da Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais (Sogimig), explica que é muito comum pais aparecerem com a filha no consultório desesperados, pedido que o ginecologista explique tudo sobre sexo e mudanças no corpo. “Na verdade, essa conversa tem que existir desde a infância, com esclarecimentos de perguntas que partem das crianças, sejam meninos ou meninas. Quando isso não foi feito, é importante pelo menos conversar com o pré-adolescente, por volta dos 10 anos, antes de aparecerem as primeiras modificações no corpo”, sugere.
PRIMEIRA CONSULTA Enquanto as meninas têm, além do pediatra, o ginecologista como uma referência médica, os meninos podem contar com o urologista ou, pelo menos, com um clínico médico, apesar de isso ainda não fazer parte da cultura brasileira de modo ampliado. No caso masculino, as principais dúvidas giram em torno da ejaculação precoce, do tamanho do pênis e das doenças sexualmente transmissíveis. De acordo com Karine, a primeira consulta com o especialista não tem uma idade definida, mas quanto antes melhor – e com uma frequência anual. “Apesar de existir na literatura uma recomendação por volta dos 14 anos, é preciso particularizar muito os casos. Pensando em prevenção, o ideal é que a consulta ocorra antes da primeira menstruação, no caso das meninas, e do início da atividade sexual, em ambos os casos. Se o adolescente tem um pediatra com o qual faz acompanhamento, como crescimento de pelos pubianos e desenvolvimento dos órgãos genitais, essa primeira abordagem pode ser feita com ele.”
A ginecologista ressalta que geralmente há receio sobre os exames a serem feitos nas consultas especializadas. “O que fazemos é tirar dúvidas, discutir métodos anticoncepcionais, refletir sobre a atividade sexual e acompanhar o desenvolvimento, ou seja, um cuidado global.
Experiência começa com álcool e cigarro
Cynthia Dias Pinto Coelho, psicóloga clínica com formação em sexologia, explica que existe uma demanda individual sobre quando e como falar sobre sexo, mas é possível perceber alguns sinais que indicam que o momento está próximo, sejam mudanças corporais características da entrada na puberdade ou comportamentos diferentes do usual. Porém, falta aos pais, por dificuldades pessoais ou mesmo a correria do dia a dia, entender o que os filhos estão vivendo. “É preciso construir uma intimidade que não é brusca, e sim conquistada na rotina, para que os filhos sintam liberdade para tirar dúvidas e ter experiências menos angustiantes e traumáticas.”
De acordo com a psicóloga, o objetivo de ter conversas naturais sobre a sexualidade é o de formar pessoas que tenham mais respeito com o próprio corpo e se relacionem de forma mais segura e amorosa. Uma boa opção pode ser introduzir o assunto com delicadeza, para que os jovens se sintam mais à vontade para fazer perguntas. “É preciso, porém, responder às dúvidas que forem aparecendo gradativamente, ou seja, dar informações que atendam às questões que surgiram naquele momento, dentro daquilo que foi perguntado”, afirma Cynthia.
Se, por outro lado, são os pais que se sentem desconfortáveis com a conversa, a especialista acredita que adquirir livros que falem sobre o tema, de acordo com a idade dos filhos, é uma estratégia interessante. Além disso, é fundamental procurar ajuda com profissionais da área. “Não só ginecologistas e urologistas, mas psicólogos mesmo. Na maior parte das consultas com especialistas, são abordadas questões médicas, mas é importar falar sobre a parte afetiva do sexo.”
Desde o fim da década de 1970, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) reconhece a adolescência como uma área específica da especialidade e tem proposto abordagens como a da pubericultura (termo que significa “cultivar o jovem”), em que os médicos se concentram no cuidado orientado e específico do adulto em formação. Além dos papéis do pediatra clínico e do hebiatra, focado no atendimento do adolescente, outros especialistas são imprescindíveis nessa fase.
Karine Ferreira Santos, presidente do comitê de ginecologia e obstetrícia infanto-puberal da Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais (Sogimig), explica que é muito comum pais aparecerem com a filha no consultório desesperados, pedido que o ginecologista explique tudo sobre sexo e mudanças no corpo. “Na verdade, essa conversa tem que existir desde a infância, com esclarecimentos de perguntas que partem das crianças, sejam meninos ou meninas. Quando isso não foi feito, é importante pelo menos conversar com o pré-adolescente, por volta dos 10 anos, antes de aparecerem as primeiras modificações no corpo”, sugere.
PRIMEIRA CONSULTA Enquanto as meninas têm, além do pediatra, o ginecologista como uma referência médica, os meninos podem contar com o urologista ou, pelo menos, com um clínico médico, apesar de isso ainda não fazer parte da cultura brasileira de modo ampliado. No caso masculino, as principais dúvidas giram em torno da ejaculação precoce, do tamanho do pênis e das doenças sexualmente transmissíveis. De acordo com Karine, a primeira consulta com o especialista não tem uma idade definida, mas quanto antes melhor – e com uma frequência anual. “Apesar de existir na literatura uma recomendação por volta dos 14 anos, é preciso particularizar muito os casos. Pensando em prevenção, o ideal é que a consulta ocorra antes da primeira menstruação, no caso das meninas, e do início da atividade sexual, em ambos os casos. Se o adolescente tem um pediatra com o qual faz acompanhamento, como crescimento de pelos pubianos e desenvolvimento dos órgãos genitais, essa primeira abordagem pode ser feita com ele.”
A ginecologista ressalta que geralmente há receio sobre os exames a serem feitos nas consultas especializadas. “O que fazemos é tirar dúvidas, discutir métodos anticoncepcionais, refletir sobre a atividade sexual e acompanhar o desenvolvimento, ou seja, um cuidado global.
Experiência começa com álcool e cigarro
De acordo com ele, a cada 10 adolescentes que experimentam entorpecentes, um se torna dependente. “O uso de álcool e drogas atinge mais precocemente as pessoas. A maioria vai passar pela primeira experiência, chamada de batismo, e provavelmente não vai se tornar dependente, mas não se sabe quais os fatores tornam uma pessoa mais vulnerável que a outra. Portanto, em termos médicos, o melhor a ser feito é não arriscar.”
Guerra explica que as drogas consideradas de entrada são as lícitas – inicialmente o tabaco e, em seguida, o álcool. Os que abusam dessas têm mais chance de acessar as drogas ilícitas, com maior poder de dependência, como maconha, cocaína e crack. “Na adolescência, o cérebro ainda está em formação. Esse crescimento permite que o indivíduo tenha padrões de comportamento distintos, juízos de valor, ética, moral. O uso de drogas nesse momento de expansão de forma alguma vai ajudar nisso, pelo contrário. Vai inibir o crescimento e, com o avançar da idade, a pessoa vai ter um comportamento mais infantil, pronto para realizar atos inconsequentes e adotar posturas inadequadas.”
A conversa sobre as consequências do uso de drogas entre pais e filhos deve ser feita antes dos primeiros sinais de mudança de comportamento. “É a hora de os pais estarem atentos, se instrumentalizarem com informações e ter tempo para conversar, sem que isso seja temperado pelo álcool ou pela droga, ou seja, as duas partes têm que estar sóbrias. O papel dos pais é cuidar da saúde e da educação dos filhos. Acho complicado pais que têm comportamento liberal, aceitam que os filhos bebam, ou até mesmo bebam junto, fumem maconha com eles. Sob o ponto de vista médico, isso passa informações muito equivocadas.”
O QUE O ADOLESCENTE PRECISA SABER SOBRE
Publicação: 25/12/2012 04:00
MUDANÇAS NO CORPO » O corpo “espicha”, começando pelas mãos e os pés. Depois vem o aumento da altura. Tudo isso faz parte do que chamamos de puberdade, fase inicial da adolescência.
» Meninas – Estímulo hormonal faz surgir o broto mamário e pelos na genitália e nas axilas. Além disso, ocorre a primeira menstruação e o aumento da transpiração e odores, principalmente nas axilas e nos pés.
» Meninos – Têm a primeira ejaculação, que é a eliminação de sêmen pelo pênis. Pode haver aumento das mamas, que regridem em um ou dois anos.
ESPINHAS
» Elas surgem pelo amadurecimento hormonal do corpo e pela oleosidade da pele. Nunca devem ser espremidas para não deixar cicatrizes. Se elas incomodarem muito, deve-se procurar
um dermatologista.
SEXUALIDADE
» Sexualidade vai além do sexo em si: envolve desejos e práticas relacionados à satisfação, à afetividade e ao prazer. É nessa fase que se inicia o interesse pelas relações afetivas e sexuais. Por isso, é normal que os jovens manipulem o próprio corpo (masturbação) em busca de sensações prazerosas.
» Informar-se sobre como se proteger de doenças sexualmente transmissíveis e da gravidez é fundamental, especialmente sobre a dupla proteção: uso da camisinha masculina ou feminina associado à adoção de um método contraceptivo, como pílulas, injeções e DIU.
DROGAS
» Faz parte da natureza do adolescente querer testar limites, confrontar, experimentar. Porém, estudos recentes mostram que, quanto mais precoce for o contato com as drogas, mais vulnerável à dependência estará. Isso ocorre porque a substância provoca alterações neuroquímicas que interferem no processo de formação do cérebro do adolescente.
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