Folha de São Paulo
Elogiado pelo pai do cantor, "Forever King of Pop" chega ao Brasil para 14 apresentações no primeiro semestre de 2013
Reconstituição de coreografias e cacoetes do cantor impressionou Joe Jackson; montagem foi vista por 1 milhão
Fotos Divulgação |
Cena de "Forever King of Pop", musical em que três atores encarnam Michael Jackson |
Não há nada relacionado ao disco "Thriller", de Michael Jackson (1958-2009), lançado em novembro de 1982, que não seja superlativo.
Alçado por músicas que se tornaram clássicos pop instantâneos, como a que lhe dá título, "Beat It", "Billie Jean", "Human Nature" e "Wanna Be Startin' Something", o trabalho produzido por Quincy Jones vendeu, segundo estimativas do mercado, cerca de 100 milhões de cópias ao redor do mundo, tornando-se o maior arrasa-quarteirão fonográfico da história.
Nos EUA, não arredou pé da lista dos dez mais tocados nas rádios durante cinco anos. Por gravidade, afinal de contas trata-se de um disco feito quase exclusivamente de hits, é "Thriller" que embala os segmentos mais pulsantes do musical "Forever King of Pop".
O espetáculo dirigido pelo espanhol Carlos López, que já foi visto por quase 1 milhão de pessoas em três continentes (segue agora para uma excursão na China), terá 14 apresentações no Brasil no primeiro semestre de 2013 -ainda sem data definida.
Ao longo de quase duas horas, mais de 20 faixas do cancioneiro de Jackson costuram cenas marcantes da biografia do artista. A família dele chancelou a produção depois de o pai do cantor, Joe, assistir a uma sessão na Espanha e se impressionar com o esmero na mimese de coreografias, timbre e cacoetes vocais do cantor.
Depois de comover o patriarca dos Jacksons, López foi a Indiana conhecer o resto do clã.
PENEIRA
"O processo de seleção foi longo e extenuante", descreve o diretor em entrevista àFolha, falando dos 30 atores e bailarinos que atuam na montagem.
Escolhido o elenco, partiu-se para outra série de ensaios e afinamentos tão puxada quanto a peneira inicial. No palco, o esforço ainda é hercúleo. Não é fácil ser Michael Jackson, interpretado por três atores em "King of Pop".
"Tivemos de acrescentar um fisioterapeuta à nossa equipe, pois os bailarinos terminam o espetáculo extremamente cansados", conta ele, sobre a dificuldade de reproduzir com exatidão (e à exaustão) a sequência de coreografias que se tornaram emblemas do cantor, compositor e dançarino.
As dificuldades físicas só não foram menores do que as vocais. Todas as músicas são cantadas ao vivo e em seus tons originais. Os proverbiais agudos e modulações vocais de Jackson são milimetricamente repetidos.
A intenção de Lopez não é apenas o tributo. "Queremos fazer com que o público se sinta em um show do cantor", diz. O aparato tecnológico ajuda a criar essa sensação.
Ao todo, são oito toneladas de figurino e equipamentos de som e luz que buscam reproduzir com fidelidade lances cenográficos das principais turnês de Jackson, como as dos discos "Off the Wall" e "Bad", que em 2012 completou 25 anos de lançamento.
JACKSON NO BRASIL
Para López, a vinda ao Brasil é, de certa forma, um reencontro do país com a obra do cantor, que esteve pela primeira vez aqui em 1974, ainda como membro do Jackson Five, com os irmãos.
Em 1993, Jackson voltou ao país, onde gravou o clipe da canção "They Don't Care about Us" no Rio e em Salvador. "Pretendemos fazer audições e incorporar ao elenco artistas brasileiros", adianta o diretor.
Não deixa de ser também um olhar desejoso sobre um mercado emergente de musicais. O gênero experimenta um "boom" recente no Brasil, principalmente no Rio e em São Paulo. Vem mais um colosso por aí, agora com trilha de música black.
Artista revolucionou a música e o marketing com seus videoclipes
ANDRÉ BARCINSKICRÍTICO DA FOLHA
Em 30 de novembro, "Thriller", o sexto álbum de Michael Jackson, completou 30 anos. O disco não foi só um marco musical, mas também um fenômeno de vendas que mudou para sempre a indústria da música. Até hoje, cerca de 100 milhões de cópias foram vendidas em todo o mundo. Um recorde.
"Thriller" foi o disco que mostrou para as gravadoras que, em casos especiais, valia investir em "blitzkriege" publicitárias sem precedentes, tratando o LP como um "evento". O álbum de Jackson mudou a forma como discos eram comercializados e divulgados.
O lançamento coincidiu com a popularização da recém-inaugurada MTV. Foi a partir da exibição dos clipes de Michael Jackson que a emissora se tornou um fenômeno global.
Jackson foi um dos primeiros artistas a entender a importância dos videoclipes. Tanto que, quando a rede CBS se recusou a pagar os US$ 150 mil para fazer o videoclipe de "Beat It", o cantor tirou dinheiro do próprio bolso.
Apesar de toda a sua qualidade de produção, a verdade é que "Thriller" foi gravado e mixado às pressas.
A gravação durou três meses. O perfeccionismo de Jackson e de seu produtor, Quincy Jones, quase impediu o disco de chegar às lojas para o Natal de 1982.
Michael ficou tão deprimido com a primeira versão da mixagem de "Thriller" que, segundo relatos, teve crises de choro no estúdio. Exigiu da CBS mais um mês para entregar o disco, que foi prensado a toque de caixa.
"MOONWALK"
Além da qualidade da música, outros fatores colaboraram para o sucesso do disco: em março de 1983, Jackson dublou "Beat It" numa cerimônia televisiva em homenagem aos 25 anos da gravadora Motown.
Nesse show estreou seu famoso "moonwalk", passo de dança que deixou o público embasbacado.
No fim de 1983, um ano depois do lançamento do disco, Jackson realizou sua jogada de mestre: lançou o videoclipe de "Thriller", megaprodução de quase 14 minutos de duração e orçamento de US$ 500 mil, dirigida por John Landis.
A MTV norte-americana exibiu o clipe duas vezes por hora, o que tomou metade de sua programação. A fita VHS do clipe vendeu 9 milhões de cópias e foi, por um bom tempo, a mais vendida da história.
Jackson revolucionou não só a música pop mas também seu marketing.
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