segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Musical saúda vida e obra de Michael Jackson


Folha de São Paulo
Elogiado pelo pai do cantor, "Forever King of Pop" chega ao Brasil para 14 apresentações no primeiro semestre de 2013
Reconstituição de coreografias e cacoetes do cantor impressionou Joe Jackson; montagem foi vista por 1 milhão
Fotos Divulgação
Cena de "Forever King of Pop", musical em que três atores encarnam Michael Jackson
Cena de "Forever King of Pop", musical em que três atores encarnam Michael Jackson
RODRIGO LEVINOEDITOR-ASSISTENTE DA “ILUSTRADA”
Não há nada relacionado ao disco "Thriller", de Michael Jackson (1958-2009), lançado em novembro de 1982, que não seja superlativo.
Alçado por músicas que se tornaram clássicos pop instantâneos, como a que lhe dá título, "Beat It", "Billie Jean", "Human Nature" e "Wanna Be Startin' Something", o trabalho produzido por Quincy Jones vendeu, segundo estimativas do mercado, cerca de 100 milhões de cópias ao redor do mundo, tornando-se o maior arrasa-quarteirão fonográfico da história.
Nos EUA, não arredou pé da lista dos dez mais tocados nas rádios durante cinco anos. Por gravidade, afinal de contas trata-se de um disco feito quase exclusivamente de hits, é "Thriller" que embala os segmentos mais pulsantes do musical "Forever King of Pop".
O espetáculo dirigido pelo espanhol Carlos López, que já foi visto por quase 1 milhão de pessoas em três continentes (segue agora para uma excursão na China), terá 14 apresentações no Brasil no primeiro semestre de 2013 -ainda sem data definida.
Ao longo de quase duas horas, mais de 20 faixas do cancioneiro de Jackson costuram cenas marcantes da biografia do artista. A família dele chancelou a produção depois de o pai do cantor, Joe, assistir a uma sessão na Espanha e se impressionar com o esmero na mimese de coreografias, timbre e cacoetes vocais do cantor.
Depois de comover o patriarca dos Jacksons, López foi a Indiana conhecer o resto do clã.
PENEIRA
"O processo de seleção foi longo e extenuante", descreve o diretor em entrevista àFolha, falando dos 30 atores e bailarinos que atuam na montagem.
Escolhido o elenco, partiu-se para outra série de ensaios e afinamentos tão puxada quanto a peneira inicial. No palco, o esforço ainda é hercúleo. Não é fácil ser Michael Jackson, interpretado por três atores em "King of Pop".
"Tivemos de acrescentar um fisioterapeuta à nossa equipe, pois os bailarinos terminam o espetáculo extremamente cansados", conta ele, sobre a dificuldade de reproduzir com exatidão (e à exaustão) a sequência de coreografias que se tornaram emblemas do cantor, compositor e dançarino.
As dificuldades físicas só não foram menores do que as vocais. Todas as músicas são cantadas ao vivo e em seus tons originais. Os proverbiais agudos e modulações vocais de Jackson são milimetricamente repetidos.
A intenção de Lopez não é apenas o tributo. "Queremos fazer com que o público se sinta em um show do cantor", diz. O aparato tecnológico ajuda a criar essa sensação.
Ao todo, são oito toneladas de figurino e equipamentos de som e luz que buscam reproduzir com fidelidade lances cenográficos das principais turnês de Jackson, como as dos discos "Off the Wall" e "Bad", que em 2012 completou 25 anos de lançamento.
JACKSON NO BRASIL
Para López, a vinda ao Brasil é, de certa forma, um reencontro do país com a obra do cantor, que esteve pela primeira vez aqui em 1974, ainda como membro do Jackson Five, com os irmãos.
Em 1993, Jackson voltou ao país, onde gravou o clipe da canção "They Don't Care about Us" no Rio e em Salvador. "Pretendemos fazer audições e incorporar ao elenco artistas brasileiros", adianta o diretor.
Não deixa de ser também um olhar desejoso sobre um mercado emergente de musicais. O gênero experimenta um "boom" recente no Brasil, principalmente no Rio e em São Paulo. Vem mais um colosso por aí, agora com trilha de música black.

    Artista revolucionou a música e o marketing com seus videoclipes
    ANDRÉ BARCINSKICRÍTICO DA FOLHA
    Em 30 de novembro, "Thriller", o sexto álbum de Michael Jackson, completou 30 anos. O disco não foi só um marco musical, mas também um fenômeno de vendas que mudou para sempre a indústria da música. Até hoje, cerca de 100 milhões de cópias foram vendidas em todo o mundo. Um recorde.
    "Thriller" foi o disco que mostrou para as gravadoras que, em casos especiais, valia investir em "blitzkriege" publicitárias sem precedentes, tratando o LP como um "evento". O álbum de Jackson mudou a forma como discos eram comercializados e divulgados.
    O lançamento coincidiu com a popularização da recém-inaugurada MTV. Foi a partir da exibição dos clipes de Michael Jackson que a emissora se tornou um fenômeno global.
    Jackson foi um dos primeiros artistas a entender a importância dos videoclipes. Tanto que, quando a rede CBS se recusou a pagar os US$ 150 mil para fazer o videoclipe de "Beat It", o cantor tirou dinheiro do próprio bolso.
    Apesar de toda a sua qualidade de produção, a verdade é que "Thriller" foi gravado e mixado às pressas.
    A gravação durou três meses. O perfeccionismo de Jackson e de seu produtor, Quincy Jones, quase impediu o disco de chegar às lojas para o Natal de 1982.
    Michael ficou tão deprimido com a primeira versão da mixagem de "Thriller" que, segundo relatos, teve crises de choro no estúdio. Exigiu da CBS mais um mês para entregar o disco, que foi prensado a toque de caixa.
    "MOONWALK"
    Além da qualidade da música, outros fatores colaboraram para o sucesso do disco: em março de 1983, Jackson dublou "Beat It" numa cerimônia televisiva em homenagem aos 25 anos da gravadora Motown.
    Nesse show estreou seu famoso "moonwalk", passo de dança que deixou o público embasbacado.
    No fim de 1983, um ano depois do lançamento do disco, Jackson realizou sua jogada de mestre: lançou o videoclipe de "Thriller", megaprodução de quase 14 minutos de duração e orçamento de US$ 500 mil, dirigida por John Landis.
    A MTV norte-americana exibiu o clipe duas vezes por hora, o que tomou metade de sua programação. A fita VHS do clipe vendeu 9 milhões de cópias e foi, por um bom tempo, a mais vendida da história.
    Jackson revolucionou não só a música pop mas também seu marketing.

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