Os problemas do futebol
O comitê seleto de cultura, mídia e esportes da Câmara dos Comuns do Parlamento britânico divulgou um relatório fortemente crítico sobre a situação da bilionária indústria do futebol na Inglaterra.O comitê criticou a Football Association (FA), a Premier League e a Football League pelo que define como "resposta muito decepcionante" a um relatório publicado em 2011, resultado de um extenso inquérito sobre a governança do esporte na Inglaterra depois de uma série de controvérsias -entre as quais, a falência do Portsmouth, o envolvimento do Liverpool em uma complicada batalha judicial, os protestos de torcedores contra as dívidas que os proprietários norte-americanos do Manchester United vêm acumulando em nome do time, o desempenho atroz da Inglaterra na Copa de 2010 e o fracasso da campanha do país para sediar a Copa de 2018.
O comitê quer que a FA, que completou 150 anos, reestruture seu conselho supervisor a fim de reafirmar a independência do organismo, que reestruture seu conselho eletivo a fim de torná-lo mais representativo, que introduza novas regras para regulamentar o futebol e que amplie a influência dos torcedores sobre a gestão dos times. O problema é que há poucos sinais de que esses objetivos virão a ser atingidos.
O comitê seleto argumenta que a FA deveria servir como agência regulatória superior do futebol inglês, mas a Premier League, formada pelos 20 clubes da primeira divisão, quase todos controlados por estrangeiros, argumenta ser uma "associação de interesses", que representa as opiniões de seus "acionistas". O comitê seleto acredita que a FA esteja sob influência excessiva da Premier League, que antecipa receber 5 bilhões de libras por seu próximo contrato de direitos televisivos.
O comitê seleto também quer uma reforma no conselho eletivo da FA, formado, no momento, por 118 integrantes, muitos dos quais em seus postos há mais de 20 anos e dois terços dos quais com idade superior a 64 anos. A Football Supporters Federation e a Supporters Direct, organizações dos torcedores, recebem verbas mínimas da Premier League, que, de toda forma, não confia em seus objetivos.
Os resultados sobre a Premier League são evidentes. No Arsenal, só 31% dos jogadores são ingleses, enquanto 23% são francófonos. No Newcastle, 40% são ingleses e 42% falam francês. No Chelsea, 35% são ingleses e 19% falam português. No Manchester City, há 31% de ingleses e 19% falam francês. Apenas o Norwich tem 90% de jogadores ingleses.
Lastimavelmente, sob as condições atuais, há pouco incentivo para que os clubes da Premier League promovam o desenvolvimento de uma nova geração de jogadores ingleses.
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