Maria Esther Maciel
Estado de Minas: 26/02/2013
1- Um minuto de
silêncio diante da triste história de Carlos Alexandre Azevedo. Ele se
suicidou no último dia 17, aos 39 anos, por não ter suportado o peso de
sua própria vida, marcada por um terrível trauma de infância. Explico
para quem não acompanhou o caso: em 1974, nos anos tenebrosos da
ditadura, Carlos Alexandre foi levado junto com a mãe para o Deops
paulista. Tinha apenas 1 ano e 8 meses. Seus pais, o cientista político
Dermi Azevedo e a pedagoga Darcy Andozia Azevedo, eram acusados de dar
guarida a integrantes da ala progressista da Igreja Católica. Na prisão,
a criança foi submetida a torturas atrozes, como choques elétricos e
espancamentos, chegando a ficar com o maxilar deslocado em decorrência
das agressões. Se, com a indenização recebida há poucos anos, ele
conseguiu reparar o dano físico no rosto, dos danos psicológicos jamais
se recuperou. Sua existência foi marcada por crises de depressão,
alucinações e fobia social. Não conseguiu se desvencilhar das sequelas
decorrentes de um dos atos mais cruéis da história da ditadura
brasileira: a tortura de um bebê. Sua morte foi o atestado radical dessa
crueldade. Um trágico desfecho, a longo prazo, do assassinato de um
inocente.
2 - Agora, um segundo minuto de silêncio diante das árvores doentes na Avenida Bernardo Monteiro, área hospitalar de Belo Horizonte. Cerca de 50 fícus centenários correm o risco de sumir da paisagem dessa avenida, à feição do que aconteceu 50 anos atrás com as árvores da então exuberante Avenida Afonso Pena, que infelizmente só conheci de fotografia. Quem estava acostumado com o verde consistente que dominava toda a extensão da Bernardo Monteiro e passa por lá hoje não acredita no cenário de mutilação que se instalou no lugar. Fala-se, inclusive, na extinção da Feira das Flores e da feira Tom Jobim, já tradicionais no Bairro Santa Efigênia. E muita gente teme pelo que poderá acontecer com as árvores daqui para frente. Para completar, não só os fícus dessa região estão ameaçados: os da Avenida Barbacena e os da praça da Igreja da Boa Viagem também foram infestados por uma praga e correm o mesmo risco. Sabemos que isso tem a ver com a falta de cuidados do poder público com o patrimônio ambiental, mas não é hora de apontar o dedo. É hora de tentar salvar o que pode ser salvo, sem que seja necessário fazer uso dos serrotes, das serras e tesouras.
3 - Por fim, um terceiro minuto de silêncio diante da situação deplorável do Rio São Francisco e seus afluentes. Como já mostrou a série de reportagens realizadas pelo Estado de Minas, o Velho Chico está morrendo aos poucos por causa da poluição e do desmatamento. Vítima do crescimento econômico desordenado, o rio sofre com o acúmulo de dejetos agropecuários, resíduos industriais e esgotos clandestinos lançados sobre suas águas. Não bastasse toda essa sujeira, a vegetação que protege suas margens tem sido removida, os peixes desaparecem a olhos vistos. O Velho Chico pede socorro. E com ele toda uma fauna, toda uma flora, todo um imaginário poético criado sob o seu influxo. Como já disse o estilista mineiro Ronaldo Fraga, que homenageou o rio numa coleção de roupas e numa exposição de arte, “o São Francisco é mais que um rio”. É um mundo.
2 - Agora, um segundo minuto de silêncio diante das árvores doentes na Avenida Bernardo Monteiro, área hospitalar de Belo Horizonte. Cerca de 50 fícus centenários correm o risco de sumir da paisagem dessa avenida, à feição do que aconteceu 50 anos atrás com as árvores da então exuberante Avenida Afonso Pena, que infelizmente só conheci de fotografia. Quem estava acostumado com o verde consistente que dominava toda a extensão da Bernardo Monteiro e passa por lá hoje não acredita no cenário de mutilação que se instalou no lugar. Fala-se, inclusive, na extinção da Feira das Flores e da feira Tom Jobim, já tradicionais no Bairro Santa Efigênia. E muita gente teme pelo que poderá acontecer com as árvores daqui para frente. Para completar, não só os fícus dessa região estão ameaçados: os da Avenida Barbacena e os da praça da Igreja da Boa Viagem também foram infestados por uma praga e correm o mesmo risco. Sabemos que isso tem a ver com a falta de cuidados do poder público com o patrimônio ambiental, mas não é hora de apontar o dedo. É hora de tentar salvar o que pode ser salvo, sem que seja necessário fazer uso dos serrotes, das serras e tesouras.
3 - Por fim, um terceiro minuto de silêncio diante da situação deplorável do Rio São Francisco e seus afluentes. Como já mostrou a série de reportagens realizadas pelo Estado de Minas, o Velho Chico está morrendo aos poucos por causa da poluição e do desmatamento. Vítima do crescimento econômico desordenado, o rio sofre com o acúmulo de dejetos agropecuários, resíduos industriais e esgotos clandestinos lançados sobre suas águas. Não bastasse toda essa sujeira, a vegetação que protege suas margens tem sido removida, os peixes desaparecem a olhos vistos. O Velho Chico pede socorro. E com ele toda uma fauna, toda uma flora, todo um imaginário poético criado sob o seu influxo. Como já disse o estilista mineiro Ronaldo Fraga, que homenageou o rio numa coleção de roupas e numa exposição de arte, “o São Francisco é mais que um rio”. É um mundo.
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