Estado de MInas: 26/02/2013
Deflagrado
prematuramente o processo eleitoral de 2014, até agora não está claro o
que ganharão com isso Dilma Rousseff e Aécio Neves, e mesmo Eduardo
Campos, que se antecipa fingindo condenar a antecipação alheia. Afora
outros efeitos nefastos para o país, a madrugada eleitoral no plano
nacional está expondo também muito cedo, nos estados, as contradições
internas de cada partido e de cada coligação na montagem dos palanques.
Com mais tempo, elas poderiam ser mais bem administradas. O caso do Rio
de Janeiro foi o que mais reverberou nas últimas horas, mas não é o
único no âmbito da aliança PT-PMDB. No PSB, vieram à tona a dissidência
do ex-ministro Ciro Gomes em relação à candidatura de Campos e a dupla
fissura na seção mineira. O conflito interno no PSDB está silenciado
pelo mergulho do ex-governador José Serra em águas insondáveis, e já
surgem problemas na eventual aliança com o DEM. Na Bahia, por exemplo, o
prefeito ACM Neto tende a apoiar o peemedebista Geddel Vieira Lima e
não o tucano Antônio Imbassahy.
Agora entraram para valer na agenda de Dilma os conflitos PT-PMDB. O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, que desde o início de seu segundo mandato cultiva e divulga a candidatura de seu vice, Luiz Fernando Pezão, foi avisado há pelo menos três meses de que o PT lançaria a candidatura do senador Lindbergh Farias ao governo estadual. Cabral inicialmente disse compreender, considerando legítima a pretensão do PT, que o apoiou em duas eleições. Talvez acreditasse que, na hora H, o senador fosse demovido. Mas tudo mudou de figura diante das evidências de que Lindbergh tem o apoio da cúpula petista, da presidente Dilma e do ex-presidente Lula, que foi o grande cabo eleitoral de Cabral em 2006 e em 2010. Sinal inequívoco, o fato de João Santana, marqueteiro oficial do poder petista, ter se encarregado da produção dos comerciais de TV que lançaram a candidatura Lindbergh na semana passada.
O PMDB do Rio tem mesmo razões para se preocupar. Primeiro, porque Pezão não é Cabral, que vinha de uma longa trajetória política. Tem déficit de conhecimento no estado. É um candidato quase poste, que precisará de guindastes, e o mais potente deles, Lula, estará do outro lado. E, com isso, Cabral perde ainda o discurso da “parceria estratégica com o governo federal”, que o ajudou nas campanhas e nas duas gestões.
Os cardeais peemedebistas guardam cópia de um documento assinado pelos presidentes do PMDB e do PT em 2010, no início da campanha de Dilma, estabelecendo que, nos estados onde os dois partidos tivessem palanques distintos, ela iria a comícios dos dois candidatos ou não iria a nenhum. Mas, no fim, ela acabou indo apenas a eventos dos candidatos petistas. Então, a paúra peemedebista não é despropositada. Cabral, que inicialmente pensava num vice petista, já se fixou no nome de seu secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, que é bem-visto por ter reduzido a violência mas nunca pisou num palanque.
Conflitos semelhantes ao do Rio começam a pipocar no Rio Grande do Sul, no Paraná, em Mato Grosso e outros estados. E, para completar, diz um cardeal, existe o desequilíbrio entre as duas siglas no governo federal. O PT tem 14 pastas, o PMDB apenas cinco, nenhuma delas com poder efetivo para executar políticas públicas de grande impacto. Tudo isso vai desaguar na convenção do fim de semana. É claro que o PMDB, mesmo estrilando, não vai largar a garupa de um cavalo com pinta de vencedor. Mas Dilma e Lula vão ter que saltitar. Quem mandou antecipar?
Ministro mineiro
Dilma já foi convencida de que precisa aumentar a representação do PMDB no governo, para além da pasta prometida a Gabriel Chalita, em retribuição ao apoio dado a Fernando Haddad na disputa municipal do ano passado em São Paulo. Já concordou com a entrega de uma pasta à seção mineira, que o governador tucano Antonio Anastasia tenta atrair oferecendo gordas secretarias estaduais. O ministro deve ser Antônio (Toninho) Andrade, presidente regional do partido. A pasta deve ser Transportes. E com isso Dilma se livra de ter que devolvê-la ao PR, o que faria parecer que sua faxina foi de mentirinha.
Pela primeira vez
Os que moram em Brasília desde os primeiros tempos sabem porque viveram. As empresas de transporte coletivo da capital sempre vivem no paraíso do capitalismo selvagem: serviços péssimos, tarifas altas e fiscalização ausente. Algumas das atuais já estavam aqui na inauguração ou descendem das pioneiras. De lucro, nunca puderam se queixar. Tanto que uma delas é “mãe” da segunda maior companhia aérea do país. A intervenção em três empresas de um mesmo grupo, decretada ontem pelo governador Agnelo Queiroz, constitui ato inédito e corajoso em favor dos usuários que sacolejam entre o Plano Piloto e as cidades do Distrito Federal. As empresas tiveram chances de melhorar o serviço, assinaram termos de ajuste de conduta e não cumpriram. A TCB, empresa estatal do GDF, assumiu as linhas, mas essa solução tem que ser provisória. O Estado deve regular e fiscalizar, mas a prestação desse tipo de serviço não é seu forte. Isso também já foi vivido.
Agora entraram para valer na agenda de Dilma os conflitos PT-PMDB. O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, que desde o início de seu segundo mandato cultiva e divulga a candidatura de seu vice, Luiz Fernando Pezão, foi avisado há pelo menos três meses de que o PT lançaria a candidatura do senador Lindbergh Farias ao governo estadual. Cabral inicialmente disse compreender, considerando legítima a pretensão do PT, que o apoiou em duas eleições. Talvez acreditasse que, na hora H, o senador fosse demovido. Mas tudo mudou de figura diante das evidências de que Lindbergh tem o apoio da cúpula petista, da presidente Dilma e do ex-presidente Lula, que foi o grande cabo eleitoral de Cabral em 2006 e em 2010. Sinal inequívoco, o fato de João Santana, marqueteiro oficial do poder petista, ter se encarregado da produção dos comerciais de TV que lançaram a candidatura Lindbergh na semana passada.
O PMDB do Rio tem mesmo razões para se preocupar. Primeiro, porque Pezão não é Cabral, que vinha de uma longa trajetória política. Tem déficit de conhecimento no estado. É um candidato quase poste, que precisará de guindastes, e o mais potente deles, Lula, estará do outro lado. E, com isso, Cabral perde ainda o discurso da “parceria estratégica com o governo federal”, que o ajudou nas campanhas e nas duas gestões.
Os cardeais peemedebistas guardam cópia de um documento assinado pelos presidentes do PMDB e do PT em 2010, no início da campanha de Dilma, estabelecendo que, nos estados onde os dois partidos tivessem palanques distintos, ela iria a comícios dos dois candidatos ou não iria a nenhum. Mas, no fim, ela acabou indo apenas a eventos dos candidatos petistas. Então, a paúra peemedebista não é despropositada. Cabral, que inicialmente pensava num vice petista, já se fixou no nome de seu secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, que é bem-visto por ter reduzido a violência mas nunca pisou num palanque.
Conflitos semelhantes ao do Rio começam a pipocar no Rio Grande do Sul, no Paraná, em Mato Grosso e outros estados. E, para completar, diz um cardeal, existe o desequilíbrio entre as duas siglas no governo federal. O PT tem 14 pastas, o PMDB apenas cinco, nenhuma delas com poder efetivo para executar políticas públicas de grande impacto. Tudo isso vai desaguar na convenção do fim de semana. É claro que o PMDB, mesmo estrilando, não vai largar a garupa de um cavalo com pinta de vencedor. Mas Dilma e Lula vão ter que saltitar. Quem mandou antecipar?
Ministro mineiro
Dilma já foi convencida de que precisa aumentar a representação do PMDB no governo, para além da pasta prometida a Gabriel Chalita, em retribuição ao apoio dado a Fernando Haddad na disputa municipal do ano passado em São Paulo. Já concordou com a entrega de uma pasta à seção mineira, que o governador tucano Antonio Anastasia tenta atrair oferecendo gordas secretarias estaduais. O ministro deve ser Antônio (Toninho) Andrade, presidente regional do partido. A pasta deve ser Transportes. E com isso Dilma se livra de ter que devolvê-la ao PR, o que faria parecer que sua faxina foi de mentirinha.
Pela primeira vez
Os que moram em Brasília desde os primeiros tempos sabem porque viveram. As empresas de transporte coletivo da capital sempre vivem no paraíso do capitalismo selvagem: serviços péssimos, tarifas altas e fiscalização ausente. Algumas das atuais já estavam aqui na inauguração ou descendem das pioneiras. De lucro, nunca puderam se queixar. Tanto que uma delas é “mãe” da segunda maior companhia aérea do país. A intervenção em três empresas de um mesmo grupo, decretada ontem pelo governador Agnelo Queiroz, constitui ato inédito e corajoso em favor dos usuários que sacolejam entre o Plano Piloto e as cidades do Distrito Federal. As empresas tiveram chances de melhorar o serviço, assinaram termos de ajuste de conduta e não cumpriram. A TCB, empresa estatal do GDF, assumiu as linhas, mas essa solução tem que ser provisória. O Estado deve regular e fiscalizar, mas a prestação desse tipo de serviço não é seu forte. Isso também já foi vivido.
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