Se na TV a
festa não empolgou, na internet os espectadores animaram a entrega das
estatuetas com comentários divertidos sobre a noite de gala do cinema.
Carolina Braga
Estado de Minas: 26/02/2013
Glamour ainda é ponto forte da cerimônia de entrega do Oscar. O
encantamento é que já não é mais o mesmo no show organizado pela
Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood. Nem a
surpresa. E humor? Parece estar em falta lá pelas bandas de Hollywood.
Mas isso na versão oficial da coisa. Na era em que cada fã de cinema –
independentemente de onde esteja – veste a carapuça de comentarista, a
cerimônia fica muito mais interessante no entorno virtual daquilo que se
passa dentro do Teatro Dolby. Assistir ao Oscar só pela televisão está
virando, ao que parece, coisa do passado.
A edição de número 85
não fugiu à regra da previsibilidade nos resultados. Argo, o suspense
bem-humorado e politizado dirigido por Ben Affleck confirmou seu
favoritismo ao receber o prêmio de melhor filme. A diferença em relação
aos anos anteriores é que pela primeira vez na história a famosa frase
“and the Oscar goes to...” foi pronunciada diretamente da Casa Branca
pela primeira-dama Michelle Obama. Fora isso, tudo foi praticamente
igual.
Correndo por fora da lista dos possíveis vencedores, As
aventuras de Pi sagrou-se o grande campeão da noite. Foram quatro
prêmios – efeitos visuais, fotografia, trilha sonora original e direção,
para Ang Lee. Fora isso, as estatuetas foram pulverizadas. Lincoln, de
Steven Spielberg, levou para casa só dois dos 12 prêmios aos quais
estava indicado: direção de arte e ator, para Daniel Day-Lewis,
disparado o mais espirituoso da noite. Ao receber a estatueta das mãos
da sempre elegante Meryl Streep, o astro fez piada com a onipresença
dela na cobiçada noite da Academia
Ainda que a torcida pela
vitória de Emmanuelle Riva como melhor atriz fosse forte, deu Jennifer
Lawrence, por O lado bom da vida. A jovem de 22 anos se esborrachou
antes de subir a escada para receber o prêmio das mãos do francês Jean
Dujardin. Nem isso descontraiu a festa. Até Quentin Tarantino foi
comportado demais ao receber o Oscar de melhor roteiro original por
Django Livre.
Se há um quesito que os americanos não deixam
dúvidas sobre sua competência são números especiais. A homenagem aos
musicais acertou com a lembrança de Chicago – com a maravilhosa
Catherine Zeta-Jones – e o destaque para o concorrente Os miseráveis. Já
a presença da agora magra Jennifer Hudson, de Dreamgirls, é que ficou
meio forçada no bloco dedicado ao gênero. Por outro lado, a participação
das veteranas Shirley Bassey, na retrospectiva 007, e Barbra Streisand,
na homenagem ao compositor Marvin Hamlisch, ficou na medida.
Com
a difícil tarefa de renovar a graça do show – que inclusive tem
enfrentado sérios problemas de audiência nos últimos anos –, o estreante
Seth MacFarlane bem que tentou descontrair o público. Mas tudo era
esperado demais. Até as piadas de mau gosto que fazem parte de seu
estilo. A brincadeira com as atrizes que mostraram os seios na telona,
por exemplo, parece não ter colado. Bastou uma rápida percorrida da
câmera pela plateia para flagar os semblantes de vergonha alheia.
Mídias sociais
Mas, se pela televisão a cada instante renovava-se um saudosismo do que
a festa do Oscar já foi, pela internet o cenário era bem diferente. “O
Oscar nas redes sociais foi quase tão glamouroso quanto o evento em si.
Certamente, mais divertido. Nos Estados Unidos, foram 8,9 milhões de
tweets durante o evento”, comenta a professora de jornalismo e
pesquisadora em transmídia Lorena Tárcia. No Brasil, #oscar2013 entrou
rapidamente para o trend topic da rede social.
A originalidade
ajudou a quebrar o tom disfarçadamente protocolar da cerimônia. A cada
celebridade que subia ao palco, cada prêmio entregue, os comentários
pipocavam na rede. E de todo tipo. Houve quem seguiu o tom protocolar e
fez timidamente as apostas. As torcidas também eram fortes, quase
organizadas. Mas a maioria soltou o verbo. Se suspiros ante cada galã em
cena não foram poupados, que dirá das divagações sobre trajes
espalhafatosos ou elegantes. Até mesmo o peso das estrelas entrou no
repertório. Adele, por exemplo, foi alvo de palmas e vaias pelo tamanho
plus size.
“Por um lado, foi muito bacana ficar por dentro dessa
ala de tanto valor hollywoodiano. Saber também quem ainda faz tanto
sucesso e quem é um desastre cômico (rsrs)!! Acompanhar o Oscar pela
rede social foi beeeem mais emocionante do que pela TV. Dei muitas
risadas, cada post melhor que o outro”, diz a geóloga Rafaela
Martinelli.
Na avaliação de Lorena Tárcia, a participação cidadã
em torno de um evento globalizado como o Oscar é a prova de que a
chamada TV social alcança um momento ímpar no Brasil e no mundo. Cada
vez mais as pessoas assistem ou acessam uma mídia, seja televisão,
jornal ou rádio, também de olho no computador, no celular ou no tablet.
“Uma das característica da TV social é o mix de opiniões, em que
experts, mídia, artistas, público, gente com todo tipo de formação e
idade compartilha o mesmo espaço em tempo real”, completa Lorena.
E
há também as brincadeiras quase instantâneas. Vencedora do Oscar de
atriz coadjuvante, Anne Hattaway não foi poupada. O traje discreto da
moça virou chacota no tumblr Anne Palmitoway
(http://annepalmito.tumblr.com/). A imagem da atriz aparece em várias
montagens, inclusive como um palmito. O tombo de Jennifer Lawrence
também virou gif animado. O que circula na rede é um remix quase
instantâneo
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